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23/07/2005 - 12h51

Após chantagear PT, Valério combina tese do "caixa 2" com Delúbio, diz revista

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da Folha Online

A alta cúpula do PT foi envolvida em mais um escândalo político, segundo a revista "Veja", que chega neste sábado às bancas de jornais. Desta vez, os petistas são acusados de terem combinado com o publicitário Marcos Valério a tese da existência do caixa dois --dinheiro não contabilizado para a Justiça Eleitoral-- para financiar campanhas eleitorais. Com isso, eles encobririam um problema maior: o suposto "mensalão" pago pelo PT para parlamentares da base aliada. Valério é acusado de ser o operador do mensalão --o dinheiro saiu de contas de suas agências publicitárias no Banco Rural.

De acordo com a reportagem de "Veja", a combinação foi feita depois de Valério chantagear vários petistas. Sentindo-se pressionado, Valério teria telefonado para o ex-presidente da Câmara, o petista João Paulo Cunha (SP) e dito que "iria estourar tudo". Teria dito ainda que os petistas "iriam se ferrar", pois ele recorria à Procuradoria Geral da República para propor a delação premiada --mecanismo pelo qual um réu diz o que sabe em troca de um alívio na pena.

"Avisa ao barbudo que tenho bala contra ele", teria dito Valério numa referência ao presidente Lula.

Nessa ligação, ele teria exigido de João Paulo Cunha garantias de que não seria preso e chance de obter dinheiro para assegurar seu futuro e o da família.

Segundo a revista, o ex-presidente da Câmara avisou o ex-ministro José Dirceu e o ex-tesoureiro Delúbio Soares das ameaças de Valério. O publicitário teria dito que se não fosse atendido iria disparar contra dois ministros recém-empossados: Saraiva Felipe, da Saúde, e Hélio Costa, das Comunicações, ambos do PMDB mineiro.

O telefonema para João Paulo ocorreu num sábado. Já na segunda-feira seguinte, o advogado de Delúbio Soares, Arnaldo Malheiros, conversou por telefone com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Nesse mesmo dia, Malheiros e Delúbio foram a Belo Horizonte, onde combinaram com Valério e seu advogado, Marcelo Leonardo, a tese do caixa dois, ou seja, crime eleitoral.

Segundo "Veja", a versão de crime eleitoral teria sido escolhida por não envolver, em tese, corrupção ou pagamento do mensalão. A punição para esse tipo de crime é de no máximo três anos de prisão. Como Delúbio e Valério são réus primários, uma eventual prisão poderia ser substituída pela prestação de serviços à comunidade.

A matéria diz ainda que essa operação teria sido apresentada antecipadamente a Lula numa reunião em seu gabinete, em Brasília. A conversa teria sido testemunhada pelos ministros Antonio Palocci (Fazenda) e Jaques Wagner (Coordenação Política) e Márcio Thomaz Bastos (Justiça). A revista diz que Lula não foi orientado a endossar a tese do crime eleitoral nem incentivado a dar entrevista sobre o assunto.

A revista diz que nessa reunião Thomas Bastos foi quem mais falou, e que Palocci e Wagner mais ouviram do que opinaram.

De acordo com "Veja", Thomaz Bastos teria dito que a situação poderia se complicar para o PT e que a crise poderia chegar ao governo Lula. Ele teria ainda sutilmente defendido a tese do crime eleitoral, que tinha a vantagem de circunscrever o problema ao Congresso e ao PT, isolando o governo.

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Apesar de Lula não ter sido incentivado a falar sobre o assunto, a revista diz que o presidente recebeu orientações do marqueteiro Duda Mendonça sobre como tratar do assunto diante dos jornalistas. Duda teria aconselhado Lula a se dirigir às classes mais baixas, que ainda confiam no presidente.

Segundo a revista "Veja", as orientações de Duda podem explicar a entrevista dada em Paris na última semana e veiculada no "Fantástico" no último domingo. Na entrevista, Lula disse que "o que o PT fez do ponto de vista eleitoral é o que é feito no Brasil sistematicamente" --referindo-se ao caixa dois.

Coincidentemente, Valério e Delúbio também deram entrevistas para o "Jornal Nacional" admitindo a existência do "dinheiro não contabilizado" das campanhas eleitorais.

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