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03/08/2005 - 20h46

Com ódio ou sem ódio, vão ter que me engolir, diz Lula

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FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Garanhuns

Sobre um palanque armado em praça pública e em clima de comício eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje, em Garanhuns (a 235 km de Recife, PE), que, se for candidato à reeleição, seus opositores terão que engoli-lo outra vez.

"Se eu for [candidato], com ódio ou sem ódio, eles vão ter que me engolir outra vez, porque o povo brasileiro vai querer", afirmou Lula, sob gritos e aplausos. Foi uma referência à frase "vocês vão ter que me engolir", gritada em 1997 por Mário Jorge Lobo Zagallo, então técnico da seleção brasileira, depois da conquista da Copa América.

Lula reclamou seu direito de concorrer ao pleito e insinuou que seus adversários temem sua participação. "Eu ainda nem disse que sou candidato, mas tem gente que fala: 'é preciso fazer ele sangrar, para chegar fraco nas eleições'", declarou.

O presidente disse que não foi ele o responsável pela aprovação da proposta de reeleição e que, agora, não vê motivos para que não opte por essa alternativa. "Na Constituinte, votei para não ter reeleição, mas, agora, dizer que eu não posso concorrer com base em quê? Com medo de que eu possa provar que em quatro anos fiz mais do que eles durante oito anos?", questionou, referindo-se aos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Animado pelas cerca de 8.000 pessoas que, segundo a Polícia Militar, acompanhavam o discurso na praça Guadalajara, o presidente continuou a atacar seus opositores . Disse que aprendeu a ter "dignidade e vergonha na cara" e que respeita os outros para também ser respeitado.

"É isso o que eu faço com os outros e é isso o que eu quero que façam comigo", declarou. "Se querem respeito, me respeitem, porque eu não devo a minha eleição a favor de ninguém. Eu devo a minha eleição ao povo deste país, que acreditou e que votou. E é a ele que eu prestarei contas no momento certo", afirmou.

Acompanhado, entre outros, dos governadores de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB), e de Alagoas, Ronaldo Lessa (PDT), Lula também comentou a crise política. Disse que era um homem "calejado" e que já havia apanhado muito na vida.

"Eu nunca tive alguma coisa que não tivesse que lutar feito um desgraçado para conquistar", declarou. "Só espero que, quando terminar a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), os culpados sejam entregues num processo ao Ministério Público para serem processados", disse.

"Espero que o Ministério Público mova uma ação, e quem deve pagar, pague, seja do PT, seja católico ou evangélico, seja do PMDB. Não tem cor, não tem raça, não tem sexo, não tem ideologia", afirmou o presidente.

Lula reclamou ainda da imprensa e pediu para que, após as investigações, os meios de comunicação se desculpem com os eventuais inocentados. "Vamos ser duros com os culpados e ser justos com os inocentes. A única coisa que um presidente da República pode querer é que haja justiça. Para o bem e para o mal."

Falando na cidade onde nasceu, para um público formado por aliados, o presidente só teve dificuldades para conter as vaias contra o governador de Pernambuco. Jarbas foi vaiado dez vezes durante a cerimônia, apesar de não ter discursado no evento.

A platéia reagia cada vez que o nome do peemedebista era citado. Para evitar mais constrangimentos, Lula preferiu generalizar. Passou a se referir a Jarbas e Lessa como "governadores".

Protestos

Duas pequenas manifestações foram registradas durante o evento, destinado ao lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar. Um grupo formado por cerca de 30 estudantes protestou contra a reforma universitária, estendendo faixas e pintando os rostos de preto.

A outra manifestação foi um protesto solitário do produtor de eventos Genivaldo de Melo Costa. Ele se fantasiou de palhaço e fez uma performance na praça com um mala "cheia de dólares e reais". Seguranças foram acionados e retiraram Costa do local. Ele saiu tocando uma buzina.

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