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04/08/2005 - 09h04

Valério falou com Dirceu pouco antes de viajar a Portugal

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ELIANE CANTANHÊDE
Colunista da Folha

O empresário Marcos Valério de Souza teve uma audiência com o então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, no Palácio do Planalto, no dia 11 de janeiro deste ano, 13 dias antes de ir a Lisboa com o tesoureiro informal do PTB, Emerson Palmieri. Segundo o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), a viagem foi por orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para quitar dívidas de campanha do partido e do PT.

O detalhe que mais impressionou os integrantes da CPI dos Correios é que Marcos Valério --acusado de ser o operador da central de distribuição de dinheiro para políticos-- foi à audiência com Dirceu, às 17h, acompanhado pelo representante do banco português Espírito Santo no Brasil, Ricardo Espírito Santo.

O banco é acionista da Portugal Telecom e, na denúncia de Jefferson, essas seriam instituições envolvidas na operação para arrecadar recursos para PTB e PT no valor de R$ 100 milhões. Ricardo é primo do presidente do banco em Portugal, Ricardo do Espírito Santo Salgado --que, segundo membros da CPI, teria vindo ao Brasil no final do ano passado para jantar com o então tesoureiro do PT, Delúbio Soares.

Meia hora

A audiência de Dirceu com Marcos Valério e Ricardo Espírito Santo começou às 17h e durou 30 minutos, conforme ofício da atual chefia da Casa Civil, datado de 28 de julho último, e que foi encaminhado ontem para a CPI dos Correios. O ofício, classificado oficialmente como "aviso", tem o número 767 e foi assinado pela ministra Dilma Rousseff, sucessora de Dirceu no cargo.

O documento foi escrito em resposta a um requerimento de informações da CPI, via Primeira Secretaria da Câmara, sobre as audiências concedidas no Palácio do Planalto ao publicitário Marcos Valério e a dois outros envolvidos no escândalo do "mensalão", o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o ex-secretário geral do PT Silvio Pereira.

Na resposta à CPI, a ministra Dilma Rousseff disse que não dispõe de dados sobre as datas e os horários de entrada e de saída deles do Palácio do Planalto e anexa uma nota assinada por sua subchefe-adjunta, Paula Ravanelli Losada, com a relação das audiências envolvendo os três nomes e frisando que são "informações relativas a reuniões ou audiências realizadas com o então ministro de Estado chefe da Casa Civil da Presidência da República".

Usiminas

Oficialmente, Marcos Valério de Souza participou de três audiências com Dirceu. Silvio Pereira, de 16, e Delúbio, de 14, no período entre 8 de janeiro de 2003 (uma semana depois da posse de Lula) e 11 de maio deste ano.

Uma das audiências que mais chama a atenção é a de Dirceu com o presidente da Usiminas, Rinaldo Soares, na presença tanto de Marcos Valério quanto de Delúbio Soares. Ela ocorreu em 7 de agosto de 2003. A empresa é suspeita de ter usado caixa dois para financiamento de campanhas políticas, inclusive do deputado federal do PFL Roberto Brant (MG), usando o esquema Valério.

A terceira audiência com Dirceu foi com Katia Rabello e José Dumont, presidente e então vice-presidente do Banco Rural. Delúbio Soares estava presente.

Delúbio e Silvio Pereira, que depois caíram de seus cargos no PT, tinham um trânsito bastante desenvolto na Casa Civil de Dirceu. Delúbio, por exemplo, não tinha nenhuma posição no governo, mas participou de audiência do então ministro com o empreiteiro José Celso Gontijo, da JC Gontijo, no dia 22 de dezembro de 2003.

A cúpula do PT, aliás, teve reunião no dia 9 de fevereiro de 2004 com Dirceu, a própria Dilma, à época ministra de Minas e Energia, e o ex-senador petista José Eduardo Dutra, então presidente da Petrobras. Pelo partido, estavam o presidente nacional, José Genoino (que também caiu depois no meio da crise), Delúbio Soares e Silvio Pereira.

Especial
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