Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
29/03/2010 - 15h41

Orientado por advogados, Arruda fica calado em depoimento à PF

Publicidade

MÁRCIO FALCÃO
da Folha Online, em Brasília

Acusado de chefiar um esquema de arrecadação e pagamento de propina, o ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), chegou a ensaiar nesta segunda-feira a responder perguntas dos delegados durante depoimento na Polícia Federal. Mas foi orientado por seus advogados a permanecer em silêncio.

Essa foi a primeira oportunidade para Arruda falar sobre as denúncias de corrupção.

Segundo o advogado de Arruda, Nélio Machado, o ex-governador tinha a intenção de falar, mas foi orientado pela defesa a ficar em silêncio. Machado afirmou que sua decisão teve respaldo em uma petição entregue no início da tarde de hoje ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) explicando os motivos do silêncio do cliente.

"Eu apresentei uma petição assinada pelo governador onde apresentávamos os motivos para ele não depor. Na medida em que duas denúncias foram apresentadas sem que ele fosse ouvido, se ele falar ou não falar ou não falar não interfere na acusação. O governador fez questão de declinar. Ele gostaria de falar, chegou a falar algumas coisas, mas eu reiterei a minha orientação firme, absolutamente sem transigência que não abro mão da legalidade. É como se um médico submetesse alguém a uma cirurgia sem os exames", disse.

Machado disse que Arruda só vai falar se tiver acesso a todo o inquérito que investiga o esquema de corrupção. "O Ministério Público sabe tudo, mas eu só vou permitir que o governador se manifeste quando eu tiver acesso irrestrito à apuração feita até agora. Não tivemos acesso às perícias", afirmou.

Na avaliação da defesa, Arruda poderia ser prejudicado com o depoimento. "Eu não quero uma investigação para constar. Eu quero que a investigação busque a verdade e meu cliente vai falar quando efetivamente se fizer com o propósito não de prejulgamento e sim de buscar responsabilidade de quem possa ter culpa", disse.

A orientação dos advogados de Arruda também foi repetida pela defesa do ex-secretário de Comunicação, Weligton Morais. Interrogado no Complexo Penitenciário da Papuda -- onde ele e mais quatro aliados do ex-governador, estão preso pela suposta tentativa de suborno de uma das testemunhas do esquema de corrupção, assim como Arruda -- ele ficou calado.

Segundo o advogado de Morais, Marcelo Bessa, ainda há uma dúvida sobre as acusações que pesam sobre o ex-secretário "Ele se reservou ao direito de permanecer calado. Enquanto nós não conhecermos quais são as acusações, nós não vamos nos pronunciar", disse.

A estratégia de Morais e Arruda deve se repetir ao longo do dia. O empresário Marcelo Carvalho, braço direito do ex-vice-governador Paulo Octávio (sem partido), também deve ficar em silêncio, segundo seus advogados. Na semana passada, o ex-vice-governador se apresentou espontaneamente e também se reservou ao direito de não prestar esclarecimentos.

O advogado José Safe, que defende Gibrail Gebrim, ex-assessor da Secretaria de Educação, chegou na Superintendência da Polícia Federal nesta segunda-feira informando que seu cliente também não vai falar sobre o esquema de corrupção.

A expectativa em relação ao depoimento do ex-presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal Leonardo Prudente (sem partido) --que também foi marcado para hoje-- é de que ele sustente a versão de que o dinheiro de suposta propina que aparece guardando nas meias é de caixa dois, doação da campanha de 2006 que não foi declarada à Justiça Eleitoral.

Foram convocados ainda pela Polícia Federal José Luiz Valente (Educação), Geraldo Maciel (Casa Civil), Omézio Pontes (assessor de imprensa) e Luiz França (subsecretário de Justiça e Cidadania). A situação mais delicada é de Pontes, que aparece em dois vídeos recebendo dinheiro.

A Polícia Federal também espera os esclarecimentos dos empresários José Abdon, da AB Produções e Alcyr Colaço, do Jornal Tribuna do Brasil, que aparece colocando dinheiro na cueca.

A polícia espera ouvir até quinta-feira 42 pessoas para concluir na próxima semana primeira fase do inquérito da Caixa de Pandora, deixando Arruda mais perto de reconquistar a liberdade.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página