Lula diz que "esperança" motiva saída de Dilma do governo

Na despedida da ministra Dilma Rousseff da Casa Civil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira que a saída da pré-candidata do PT ao Palácio do Planalto ocorre numa perspectiva dela se tornar "muito mais do que chefe da Casa Civil".

Com múltiplos elogios a Dilma, Lula disse que a "esperança" motiva o seu afastamento do governo --demonstrando publicamente o desejo de que a petista se torne sua sucessora no final deste ano.

"Eu acho que a sua saída é um prejuízo para o país, mas a sua saída é dentro de uma perspectiva de que você seja mais do que chefe da Casa Civil. A esperança é a motivação da sua saída", afirmou.

Lula disse que o Brasil "deve muita coisa" à ministra, num recado para que a petista seja escolhida presidente da República em outubro. Principal cabo eleitoral de Dilma, Lula defendeu o estilo "durão" da ministra ao afirmar que ele se tornou o escudo da pré-candidata para exercer suas funções no governo.

"Muita gente acha que a Dilma é dura porque também nem todo mundo é obrigado a ficar se reganhando a todo mundo, todo dia. Tem história de que político tem que aparecer rindo mesmo quando falam de velório. A Dilma é assim. Mulher tem que saber ser mais serena, que tem muito preconceito contra mulher. Ser um pouco dura é uma das estacas que você utiliza para exercer sua função, seu poder", afirmou.

Segundo o presidente, Dilma deixa uma companheira "à sua altura" ao indicar a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, para substituí-la no governo. "Eu acho que a Erenice tem uma responsabilidade imensa pelo que vai acontecer daqui pra frente, na continuidade dos trabalhos que fizemos."

Lula também fez elogios a Miriam Belchior, subchefe da Casa Civil que vai assumir o controle do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) com a saída de Dilma. "Quem achava que a Dilma era dura, deixa sentar na frente da Miriam para ver o que vai acontecer na frente do PAC", ironizou Lula.

Candidatura

Dilma se despede hoje do governo para disputar a Presidência da República nas eleições de outubro. Pela legislação eleitoral, os candidatos que ocupam cargos no Executivo têm que desincompatibilizar de suas funções até o dia 3 de abril para que possam ingressar na disputa.

Além de Dilma, outros nove ministros deixaram hoje o primeiro escalão do governo porque serão candidatos em outubro. Ao dirigir-se aos novos ministros, Lula disse que vai cobrar empenho e trabalho da equipe até o final de seu governo.