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17/08/2005
-
22h17
MAURÍCIO SIMIONATO
da Agência Folha, em Indaiatuba
O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e arcebispo de Salvador (BA), d. Geraldo Majella Agnelo, 71, disse hoje que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda tem "muita coisa" a explicar à nação sobre as denúncias de corrupção que envolvem o governo. Ele disse não saber "se atingimos o fundo do poço ou se estamos na metade".
"Eu penso que ainda falta muita coisa [a explicar]. Não sei se nós já atingimos o fundo do poço ou se estamos só na metade. Então é importante que a gente saiba de tudo o que aconteceu e que se ponha à claro", disse.
A declaração foi feita no encerramento da Assembléia Geral da CNBB, em Indaiatuba (SP). Para d. Geraldo, o pronunciamento feito por Lula na sexta-feira passada é insuficiente. "Nós temos o desejo de que ele [Lula] faça uma verdadeira apresentação da situação do país e também sobre a crise política. Que ele faça outras intervenções diretas para explicar ao nosso povo. O povo quer saber e ele, como primeiro mandatário, deve responder."
Nesta quarta-feira, a CNBB apresentou a declaração central que reúne os temas debatidos pelos bispos durante os oito dias da Assembléia Geral. Entre os temas abordados estão o papel da Igreja Católica na inclusão social, o posicionamento da CNBB diante de questões sobre bioética e sobre a conjuntura política atual do país.
O tema central da assembléia deste ano foi "Evangelização e Profetismo: Missão da Igreja diante dos desafios atuais". O documento termina com uma mensagem de "esperança" à nação.
Na declaração oficial sobre a crise política no país, divulgada na sexta-feira à noite, a CNBB afirma que a situação atual "está levando o povo ao descrédito da ação política" e provoca em todos uma "indignação ética". Os bispos dizem ainda ser "urgente uma radical e profunda reforma do sistema político-eleitoral brasileiro".
Na abertura da assembléia, a CNBB recebeu uma carta do presidente Lula, na qual ele afirmou ter "plena noção da gravidade" da crise política pela qual passa o país.
Expulsão
O presidente da CNBB defendeu a expulsão partidária de membros do PT e de outras siglas envolvidas em denúncias de corrupção. "Devem ser mesmo expulsas e eliminadas do partido [PT]. E, assim, que todos os outros partidos façam o mesmo, porque o PT não é o único [partido] que está sendo investigado."
D. Geraldo disse estar decepcionado com a ação "desastrosa" de alguns petistas. "Nós temos uma decepção, sobretudo, com aqueles que estavam falando e agindo desastrosamente em nome do partido. Mas sabemos que existem deputados, senadores e gente de bem que trabalham para o bem do país".
O arcebispo afirmou que a CNBB apoia o governo, mas cobrou uma ampla investigação das denúncias e pediu a devolução do dinheiro desviado. "Queremos todos os problemas de uso do dinheiro público sejam investigados e aquele que desviou deve repor integralmente. Não basta prisão, tem de devolver", disse.
Para d. Geraldo, um eventual impeachment do presidente traria mais problemas ao país. "É importante que a população não queira apelar para nenhuma reação extrema", disse. Mas ele cobrou maior participação do povo em manifestações públicas. "Está faltando participação e organização do nosso povo, não só para sair às ruas e fazer manifestações públicas, mas se organizar em vários níveis para manifestar o que pensa."
Questionado se ele acha que Lula sabia de esquemas de corrupção no governo o arcebispo respondeu: "Se ele não tem conhecimento, que ele obtenha o conhecimento necessário".
Especial
Leia o que já foi publicado sobre a crise no governo Lula
Leia o que já foi publicado sobre a CNBB
Presidente da CNBB diz que Lula ainda tem "muita coisa" a explicar
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da Agência Folha, em Indaiatuba
O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e arcebispo de Salvador (BA), d. Geraldo Majella Agnelo, 71, disse hoje que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda tem "muita coisa" a explicar à nação sobre as denúncias de corrupção que envolvem o governo. Ele disse não saber "se atingimos o fundo do poço ou se estamos na metade".
"Eu penso que ainda falta muita coisa [a explicar]. Não sei se nós já atingimos o fundo do poço ou se estamos só na metade. Então é importante que a gente saiba de tudo o que aconteceu e que se ponha à claro", disse.
A declaração foi feita no encerramento da Assembléia Geral da CNBB, em Indaiatuba (SP). Para d. Geraldo, o pronunciamento feito por Lula na sexta-feira passada é insuficiente. "Nós temos o desejo de que ele [Lula] faça uma verdadeira apresentação da situação do país e também sobre a crise política. Que ele faça outras intervenções diretas para explicar ao nosso povo. O povo quer saber e ele, como primeiro mandatário, deve responder."
Nesta quarta-feira, a CNBB apresentou a declaração central que reúne os temas debatidos pelos bispos durante os oito dias da Assembléia Geral. Entre os temas abordados estão o papel da Igreja Católica na inclusão social, o posicionamento da CNBB diante de questões sobre bioética e sobre a conjuntura política atual do país.
O tema central da assembléia deste ano foi "Evangelização e Profetismo: Missão da Igreja diante dos desafios atuais". O documento termina com uma mensagem de "esperança" à nação.
Na declaração oficial sobre a crise política no país, divulgada na sexta-feira à noite, a CNBB afirma que a situação atual "está levando o povo ao descrédito da ação política" e provoca em todos uma "indignação ética". Os bispos dizem ainda ser "urgente uma radical e profunda reforma do sistema político-eleitoral brasileiro".
Na abertura da assembléia, a CNBB recebeu uma carta do presidente Lula, na qual ele afirmou ter "plena noção da gravidade" da crise política pela qual passa o país.
Expulsão
O presidente da CNBB defendeu a expulsão partidária de membros do PT e de outras siglas envolvidas em denúncias de corrupção. "Devem ser mesmo expulsas e eliminadas do partido [PT]. E, assim, que todos os outros partidos façam o mesmo, porque o PT não é o único [partido] que está sendo investigado."
D. Geraldo disse estar decepcionado com a ação "desastrosa" de alguns petistas. "Nós temos uma decepção, sobretudo, com aqueles que estavam falando e agindo desastrosamente em nome do partido. Mas sabemos que existem deputados, senadores e gente de bem que trabalham para o bem do país".
O arcebispo afirmou que a CNBB apoia o governo, mas cobrou uma ampla investigação das denúncias e pediu a devolução do dinheiro desviado. "Queremos todos os problemas de uso do dinheiro público sejam investigados e aquele que desviou deve repor integralmente. Não basta prisão, tem de devolver", disse.
Para d. Geraldo, um eventual impeachment do presidente traria mais problemas ao país. "É importante que a população não queira apelar para nenhuma reação extrema", disse. Mas ele cobrou maior participação do povo em manifestações públicas. "Está faltando participação e organização do nosso povo, não só para sair às ruas e fazer manifestações públicas, mas se organizar em vários níveis para manifestar o que pensa."
Questionado se ele acha que Lula sabia de esquemas de corrupção no governo o arcebispo respondeu: "Se ele não tem conhecimento, que ele obtenha o conhecimento necessário".
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