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17/08/2005 - 22h55

Lula diz estar com a "consciência limpa" em relação à crise

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FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Vitória

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje, em Vitória da Conquista (a 550 km de Salvador, BA), que está com a "consciência limpa", "tranqüilo" em relação à crise e "muito mais aberto do que coração de mãe".

Afirmou também que sabe dos "objetivos" dessa crise política e que tem conhecimento de que muitas pessoas querem envolvê-lo nas denúncias de corrupção.

Lula, porém, não citou nomes nem disse quais seriam as intenções desses supostos conspiradores. Declarou ainda que o cargo de presidente da República o impede de dizer tudo o que pensa.

"Eu sou um homem tranqüilo. Tranqüilo porque tenho a minha consciência limpa", declarou. "E não são poucos os que querem jogar para dentro do palácio algum erro, algum processo de corrupção", disse.

Aplaudido pelas cerca de 3.000 pessoas que acompanhavam o discurso de improviso no assentamento Amaralina, a 7 km da cidade, o presidente afirmou: "Estou mais aberto do que coração de mãe. Muito mais aberto do que coração de mãe. Não tem nada mais maleável e mais sensível do que coração de mãe".

Ele admitiu, entretanto, que às vezes se irrita, mas que não pode se comportar como "qualquer cidadão", que "pode ficar nervoso, pode xingar".

Lula disse que a primeira-dama, Marisa, que estava ontem no palanque ao seu lado, é quem o recomenda a "contar até dez" quando está prestes a perder a calma. "Por mais que eu esteja irritado ou nervoso, não posso dizer tudo o que penso em função do cargo em que estou."

Outro motivo para não falar o que pensa, disse, é que "o povo não gosta de um presidente que fica gritando, que fica berrando". "O povo quer um presidente que converse com ele, com a tranqüilidade que uma mãe conversa com seu filho, que um pai conversa com seu filho."

Lula reafirmou em público sua crença em Deus e disse nunca teve a certeza de que seria fácil administrar o país e que não enfrentaria problemas no governo. "Eu sei que tem esses [problemas] e podem surgir muitos outros."

O presidente negou interferência nas investigações sobre as denúncias de corrupção e voltou a defender a punição dos culpados. Disse que não tem poder para punir os suspeitos e que "o máximo" que pode fazer é afastá-los de seus cargos públicos.

Lula afirmou também que vai continuar a "andar no meio do povo" durante suas viagens. E aproveitou para criticar seu antecessor, o tucano Fernando Henrique Cardoso: "Pode ter presidente que deixa a Presidência e vai morar em Paris [...]. Eu não tenho para onde ir, a não ser ao encontro desse povo extraordinário que há mais de 30 anos, junto comigo, constrói o que nós conquistamos hoje", afirmou.

Cerca de meia hora após o fim da cerimônia, o presidente quebrou o protocolo e foi até a cerca onde aproximadamente cem pessoas o chamavam. Ele distribuiu apertos de mão, deu autógrafos e ouviu reivindicações.

Em Vitória da Conquista, Lula liberou recursos para rodovias, inaugurou obras de eletrificação rural no assentamento --que tem 249 casas-- e comemorou o atendimento de 1,3 milhão de pessoas pelo programa federal "Luz para Todos".

Ao ligar simbolicamente o interruptor que acionava oito lâmpadas instaladas em frente ao palco, houve um momento de apreensão. Uma sirene tocou, mas as lâmpadas demoraram para acender. "Essa luz demorou para acender porque veio para ficar. A que acende rápido dura mil horas. Essa dura 13 mil horas", justificou o ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau.

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