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22/08/2005 - 09h05

Lula elogia Palocci e deve seguir seu exemplo

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KENNEDY ALENCAR
da Folha de S.Paulo

Depois de considerar "uma beleza" e "firme" a entrevista na qual o ministro da Fazenda refutou as acusações contra ele e sua administração, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá seguir a mesma linha de Antonio Palocci Filho. Sua intenção é voltar a dar explicações públicas sobre seu papel na crise política.

Na avaliação dos principais ministros de Lula, com os quais se reuniria ontem à noite na Granja do Torto, a entrevista de Palocci gerou o primeiro fato positivo para o governo em semanas de seguidas notícias ruins e que agravavam ainda mais a crise.

Esses auxiliares crêem que Lula deveria aproveitar o momento para uma ofensiva política de verdade. Dar entrevista. Fazer novo pronunciamento de rádio e TV ao país. Elogiar e reforçar o cacife do ministro Palocci de público. E convidar os chefes dos demais poderes da República para uma reunião na qual mostraria sua preocupação com o que considera "leviandades e abusos".

Após a reunião com os chefes dos poderes Legislativo e Judiciário, Lula gostaria de divulgar nota conjunta na qual defenderiam o esclarecimento de todas as acusações de corrupção contra o governo, o PT e seus aliados, mas afirmariam que devem ser feitas dentro dos limites legais.

Promotores paulistas

O governo acha que os promotores paulistas, que divulgaram a acusação do advogado Rogério Tadeu Buratti contra Palocci enquanto ele ainda prestava depoimento, cometeram abuso.

Outro excesso, na visão do Palácio do Planalto, seria a credibilidade dada por membros da CPI dos Correios e órgãos de imprensa às acusações do doleiro Antonio Claremunt, o "Toninho da Barcelona", contra petistas e membros do governo.

A entrevista de Palocci serviria de ponto de partida para a continuidade de uma reação organizada do governo à crise. O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse que Palocci falou como "estadista" e "esclareceu todas as dúvidas". Para Thomaz Bastos, suas palavras deverão "ter efeitos" positivos para o governo, como acalmar o mercado hoje.

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, avaliou que Palocci foi "muito bem" e que "respondeu em detalhes a muitos ataques infundados e sem cabimento". Bernardo achou que a entrevista ajudará o governo a "superar" a crise política.

"Fica quieto aí"

Segundo auxiliares de Lula, Palocci demonstrou "muita competência" para montar uma estratégia de defesa. A Folha apurou que os detalhes finais da reação de Palocci foram acertados em duas reuniões com auxiliares e em um telefonema de cerca de 10 minutos para Lula às 10h30 de ontem.

Nesse telefonema, Palocci colocou o cargo à disposição do presidente já sabendo que Lula refutara a idéia desde sexta-feira, dia em que foi divulgada a acusação de Rogério Buratti de que ele mandava repassar ao PT propina de R$ 50 mil mensais quando prefeito de Ribeirão Preto (SP).

Reunido com dois assessores, que lhe falaram que os jornalistas fatalmente perguntariam se ele permaneceria no cargo e que ele precisaria dar uma resposta, Palocci levantou-se da mesa e disse que ligaria para Lula. Quando propôs ao presidente analisar seu afastamento temporária ou definitivamente, ouviu a seguinte resposta em tom de brincadeira: "Quem manda em você sou eu. Fica quieto aí. Não existe essa possibilidade. Confio em você".

Palocci, então, concentrou-se nos detalhes para responder a revelações de órgãos da imprensa sobre contatos seus e de assessores com Buratti. "Quero responder objetivamente, sem bravatas", afirmou. Foi o que fez a partir do meio-dia, num tom sereno e que agradou ao presidente.

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