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26/08/2005 - 20h50

Ex-tesoureiro assume caixa 2 tucano e apresenta contradições

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PAULO PEIXOTO
THIAGO GUIMARÃES
da Agência Folha, em Belo Horizonte

Ex-tesoureiro da campanha do hoje presidente nacional do PSDB Eduardo Azeredo ao governo de Minas Gerais em 1998, Cláudio Mourão assumiu a responsabilidade do caixa dois naquele pleito e isentou de envolvimento o senador Azeredo, que tentava se reeleger, e o candidato a vice, o empresário Clésio Andrade --na época filiado ao PFL e atualmente vice-governador de Minas, filiado agora ao PL.

Mas a versão de Mourão, dada à revista "Veja", que divulgou trechos no seu site na internet, tem muitas contradições, que poderão ser esclarecidas pela CPI dos Correios, que já o convocou. Mourão foi secretário de Administração e Recursos Humanos da gestão Azeredo (95-98).

"Eduardo Azeredo e Clésio Andrade não tiveram nenhuma responsabilidade na operação do esquema de caixa dois da campanha de 1998. Eu tinha total autonomia e fiz tudo da minha cabeça. Logo depois da campanha, prestei contas de tudo ao Eduardo Azeredo. Informei-lhe, inclusive, que a maior parte dos R$ 20 milhões gastos foram oriundos de caixa dois", disse Mourão.

O caixa dois tucano teve a participação do publicitário Marcos Valério de Souza, o operador do suposto "mensalão" do PT sob investigação. Segundo Mourão, Valério entrou no circuito porque o seu nome estava em uma lista de Clésio com nomes de empresários que poderiam pôr dinheiro na campanha. Mourão disse que Valério fez um empréstimo de R$ 2 milhões, pago logo depois, e no turno seguinte "doou" R$ 9 milhões.

"No segundo turno, voltei a procurar Marcos Valério e ele fez uma doação de R$ 9 milhões para a campanha. Depois que perdemos a eleição ele passou a dizer que foi empréstimo, mas na verdade o combinado foi uma doação", disse o ex-tesoureiro.

Outra versão

Valério divulgou nota contestando a declaração. Ele disse, por exemplo, que foi Clésio quem apresentou Mourão a ele e que "o pedido de empréstimo, no valor de R$ 9 milhões, para auxiliar na campanha da chapa Azeredo-Clésio ao governo de Minas, foi idéia do sr. Clésio Andrade" --o valor original desse empréstimo, conforme o contrato, é de R$ 8,35 milhões.

Valério também disse que "nunca fez doação" àquela campanha e disse que o pagamento ao publicitário Duda Mendonça, marqueteiro da campanha de Azeredo, foi feito por meio da conta bancária da SMPB --Mourão disse que foi ele quem pagou os R$ 4,5 milhões à sócia de Duda, Zilmar Fernandes.

As outras contradições são de atitudes do próprio Mourão. Em novembro do ano passado, ele moveu ação no STF (Supremo Tribunal Federal) contra Azeredo e Clésio para pedir indenização de R$ 3,5 milhões, sob a justificativa de que contraíra dívidas para cobrir gastos da campanha de 98, o que teria arruinado financeiramente sua família. Mas, no último dia 3, ele desistiu da ação por danos morais e materiais.

A desistência ocorreu um dia após Azeredo ter ido espontaneamente à CPI dos Correios para admitir que houve caixa dois na sua campanha, dizer que Mourão foi o único responsável e que ele não sabia do empréstimo que foi feito --Valério diz que avisou Azeredo pessoalmente.

Mourão disse ainda que depois de 1998 não teve mais relação comercial com Valério. Mas em 2001 Valério fez empréstimo de R$ 250 mil para o ex-tesoureiro, "que não pagou", disse Valério. De fato, esse empréstimo existiu e quem pagou (R$ 270 mil) foi o empreiteiro Bruno Bedinelli Filho, da Diedro Construções e Serviços, conforme o histórico da ação de execução movida pelo Banco Rural na Justiça.

Mourão não foi localizado ontem para explicar as contradições.

Especial
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  • Leia a cobertura completa sobre a CPI dos Correios
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