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02/09/2005 - 22h50

Serraglio diz que não processar Lula foi uma opção política do Congresso

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MARI TORTATO
da Agência Folha, em Curitiba

O relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), disse que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, só escapou enfrentar um processo de cassação do mandato até agora porque, se fosse iniciado, sua conclusão poderia coincidir com a campanha eleitoral do próximo ano.

''Se o Congresso fosse partir para o julgamento político do presidente, demoraria até quase o tempo das eleições. Então, por que uma ruptura anormal [do poder], quando é possível uma alteração normal? Não atropelar o impeachment agora é uma opção política'', afirmou.

A declaração foi feita no aeroporto Afonso Pena, entre um vôo vindo de Brasília e outro que seguia a Maringá (PR), na região de Umuarama, onde mora o relator. ''Não quero dizer que ele [Lula] perca [em 2006, caso se candidate à reeleição], mas ninguém melhor que a população para dar rumo político [ao presidente].''

Antes de fazer esta análise, o relator ressalvou que não estava dizendo que o presidente Lula tenha envolvimento direto no escândalo que atinge o PT, partidos aliados e o governo, mas que a falta de provas não o exime do risco de ser cassado. ''Ainda que ele tivesse envolvimento direto, não há clima para o impeachment na opinião pública. Se houver o clima, ele pode ser cassado''.

Serraglio explicou que um eventual impedimento do presidente parte de um "juízo [de valor] político e não se firma na prova material". Para o relator, só o descrédito do presidente já seria razão para o Congresso "tomar uma conduta mais drástica" para garantir a estabilidade da instituição governo.

O relator ainda disse que a cassação do mandato de Lula interessa apenas à oposição, mas que ela tem consciência de que, se conseguisse destituir o presidente, não ascenderia ao poder, que "continuaria na situação". Em caso de impedimento de Lula, o vice José Alencar (PL) e o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), substitutos na ordem direta, são aliados do PT no poder.

O relator voltou a ser duro nas referências ao presidente da Câmara, que defendeu punições brandas aos 18 deputados que Serraglio relacionou como passíveis de cassação por evidências de se beneficiar ou agenciar o valerioduto.

"Há ameaças no ar e quem tem rabo preso tem que se cuidar. E a gente não sabe quem tem rabo preso. Aí aparece alguém dizendo que o Janene [deputado federal José Janene, do PR, líder do PP] vai abrir a caixa preta; que o Roberto Jefferson [presidente do PTB, que denunciou o suposto esquema de compra dos deputados] vai abrir a caixa preta. Aí você não sabe se o Severino está ou não cativo a isso."

Serraglio ainda observou que no depoimento de Jefferson à CPI dos Correios, "muito de leve, ele insinuou que a eleição de Severino [para presidente da Câmara] foi uma conseqüência do mensalão".

Serraglio também reagiu à queixa do ex-ministro José Dirceu de que o relator faltou com decoro parlamentar e que o pré-julgou. "O que eu fiz para ter faltado com o decoro? Ele não diz."

Disse também que as novas revelações que Jefferson ameaça fazer no plenário da Câmara, quando da votação de sua cassação, não alteram o relatório que produziu sozinho, mas assinou junto com o relator da CPI do Mensalão, Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG).

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