Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
11/09/2005 - 09h55

Cerco a Severino pode atrasar cassações

Publicidade

da Folha de S. Paulo
da Agência Folha

A resistência de Severino Cavalcanti (PP-PE) em se afastar da Presidência da Câmara pode retardar as cassações dos mandatos de deputados acusados de envolvimento no escândalo do "mensalão" e deve transformar esta semana em uma das mais conturbadas desde o início da crise política.

A oposição promete "derrubar" a principal sessão agendada, na quarta-feira, destinada a votar o parecer pela cassação do mandato de Roberto Jefferson (PTB-RJ), autor das denúncias do "mensalão".

Além disso, a reunião de terça-feira da Mesa da Câmara, em que se discutiriam os nomes de deputados contra os quais serão abertos processos de cassação, pode ser redirecionada para a polêmica envolvendo Severino.

"Estamos em compasso de espera, aguardando para ver o que o Severino vai fazer. Ele não tem mais autoridade moral para usar a cadeira de presidente", disse Alberto Goldman (SP), líder do PSDB na Câmara. "O deputado que tiver auto-estima deve sair do plenário assim que o Severino sentar na cadeira", reforçou Raul Jungmann (PPS-PE).

Semana congestionada

Líderes partidários apontam uma "desagradável coincidência": a semana que será dominada pelos passos do presidente da Câmara será também uma das mais congestionadas na Casa.

Além da votação do processo contra Jefferson, a semana no Congresso começa atribulada, com vários depoimentos no Conselho de Ética da Câmara e nas três CPIs em curso, relacionadas à atual crise.

Entre outros, comparecerão nas comissões o ex-ministro Luiz Gushiken (hoje chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos do governo), o ex-presidente do PT José Genoino e o assessor do PP João Cláudio Genu, um dos principais acusados de sacar recursos das contas de Marcos Valério Fernandes de Souza, o suposto operador do "mensalão".

Apesar do impasse sobre o futuro de Severino à frente da Câmara, governo e oposição já negociam, desde o fim de semana passado, um nome de consenso para sucedê-lo no posto. O PT tentou impor um nome, argumentando possuir a maior bancada da Casa, mas acabou recuando da idéia devido à pressão da oposição.

"Temos que ter a maturidade para compreender que precisamos passar dessa fase de condições políticas tão precárias. Vamos reivindicar sempre a necessidade de que a maior bancada indique o nome, mas não estamos colocando isso como condição", afirmou o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS).

"Chegamos ao consenso de que o único critério é que não pode haver pré-condição", declarou Goldman.

Candidatos

O vácuo na liderança da Câmara deve ter como conseqüência uma explosão de candidatos. Antes mesmo de Severino admitir deixar o cargo, três deputados --sem grandes chances-- já anunciaram que pretendem concorrer: Beto Albuquerque (PSB-RS), um dos vice-líderes do governo; Alceu Collares (PDT-RS) e Roberto Freire (PPS-PE), presidente nacional de seu partido.

"Esta Casa está desacreditada. Nós que lutamos contra a ditadura, ao lado de homens como Ulysses Guimarães [presidente da Assembléia Constituinte de 1988, morto em 1992], não podemos nos conformar com o que está acontecendo aqui. Severino Cavalcanti deve ser afastado da Presidência", disse Collares.

Outros nomes com mais força que vêm sendo discutidos são os dos petistas Sigmaringa Seixas (DF) e José Eduardo Cardozo (SP), além dos ex-ministros Eduardo Campos (PSB-PE) e Aldo Rebelo (PC do B-SP) e do ex-presidente da Câmara Inocêncio de Oliveira (PL-PE). O perfil desejado é o de um político que não seja submisso ao Palácio do Planalto, e que não represente dor de cabeça ao governo.

Caso Severino renuncie ou seja cassado, após processo de 90 dias no Conselho de Ética, abre-se prazo de até cinco sessões para a realização de novas eleições. Se ele somente se licenciar do posto, o pefelista José Thomaz Nonô (AL), primeiro vice-presidente e ferrenho opositor ao Palácio do Planalto, assume interinamente.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página