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20/09/2005
-
06h30
da Folha Online
O doleiro Antonio Oliveira Claramunt, conhecido como Toninho da Barcelona, monopoliza nesta terça-feira a atenção das três principais comissões de investigação em atividade no Congresso.
A partir das 11h30, os integrantes das CPIs dos Correios, dos Bingos e do Mensalão questionam o doleiro, que acusa partidos políticos, entre eles o PT, de fazerem remessas ilegais de dinheiro para o exterior.
Claramunt está preso, condenado a 25 anos, e negocia o benefício da "delação premiada" para fazer revelações e obter redução da pena. Encarcerado desde agosto de 2004 em Avaré, no interior paulista, é acusado de enviar remessas de dinheiro para o exterior. Estima-se que tenha movimentado, em apenas uma de suas contas, mais de US$ 190 milhões.
Ele surgiu para a crônica política atual após reportagem da revista "Veja", com base nas cartas enviadas pelo doleiro da prisão. Nessas cartas, Claramunt relata supostas remessas do PT para o exterior. Também afirma que o volume de recursos cresceu durante a década de 90 e que o partido se utilizava de duas instituições, a Trade Link Bank, localizada nas Ilhas Cayman, e uma empresa offshore criada no Panamá, ambos paraísos fiscais.
Após essas revelações, o doleiro foi ouvido por integrantes da CPI dos Correios no dia 16 de agosto. Nesse depoimento, o doleiro afirmou que fazia negócios com petistas, que Márcio Thomaz Bastos remeteu dinheiro para o exterior e acusou o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, de operações ilegais. Ele não apresentou provas que comprovem suas acusações.
Toninho da Barcelona também citou a relação do deputado José Dirceu (PT-SP) com a corretora Bônus-Banval, além de dar a entender que poderia falar mais sobre o ex-tesoureiro Delúbio Soares, Meirelles e o deputado José Janene (PP-PR).
Pouco depois, Thomaz Bastos divulgou recibos para provar que fez remessas legais ao exterior, enquanto Meirelles e Dirceu negaram conhecer o doleiro ou ter feito operações ilegais.
Em depoimento à subcomissão da CPI dos Correios no final de agosto, o sócio da Bônus-Banval, Enivaldo Quadrado, contrariou a informação de Claramunt. Quadrado afirmou que nunca esteve com José Dirceu e que não operava investimentos para o deputado. "Ele está tentando desviar o foco da CPI. O Toninho da Barcelona está fazendo chantagem, chantagem mesmo, tentando jogar pessoas inocentes contra o PT e o José Dirceu", disse ele.
As acusações de Claramunt não se restringem ao PT. O deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) contou que o doleiro mencionou em seu depoimento reservado à CPI dos Correios que sabia de operações financeiras do ano de 1995 muito claramente, e que por isso temia por sua vida. "Ele sabe de informações ligadas ao governo de FHC [Fernando Henrique Cardoso], governo do Estado, governo municipal e do atual governo federal. Até o caso Pitta ele citou", disse.
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CPIs ouvem doleiro que acusa partidos de remessas ilegais para o exterior
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O doleiro Antonio Oliveira Claramunt, conhecido como Toninho da Barcelona, monopoliza nesta terça-feira a atenção das três principais comissões de investigação em atividade no Congresso.
A partir das 11h30, os integrantes das CPIs dos Correios, dos Bingos e do Mensalão questionam o doleiro, que acusa partidos políticos, entre eles o PT, de fazerem remessas ilegais de dinheiro para o exterior.
Claramunt está preso, condenado a 25 anos, e negocia o benefício da "delação premiada" para fazer revelações e obter redução da pena. Encarcerado desde agosto de 2004 em Avaré, no interior paulista, é acusado de enviar remessas de dinheiro para o exterior. Estima-se que tenha movimentado, em apenas uma de suas contas, mais de US$ 190 milhões.
Ele surgiu para a crônica política atual após reportagem da revista "Veja", com base nas cartas enviadas pelo doleiro da prisão. Nessas cartas, Claramunt relata supostas remessas do PT para o exterior. Também afirma que o volume de recursos cresceu durante a década de 90 e que o partido se utilizava de duas instituições, a Trade Link Bank, localizada nas Ilhas Cayman, e uma empresa offshore criada no Panamá, ambos paraísos fiscais.
Após essas revelações, o doleiro foi ouvido por integrantes da CPI dos Correios no dia 16 de agosto. Nesse depoimento, o doleiro afirmou que fazia negócios com petistas, que Márcio Thomaz Bastos remeteu dinheiro para o exterior e acusou o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, de operações ilegais. Ele não apresentou provas que comprovem suas acusações.
Toninho da Barcelona também citou a relação do deputado José Dirceu (PT-SP) com a corretora Bônus-Banval, além de dar a entender que poderia falar mais sobre o ex-tesoureiro Delúbio Soares, Meirelles e o deputado José Janene (PP-PR).
Pouco depois, Thomaz Bastos divulgou recibos para provar que fez remessas legais ao exterior, enquanto Meirelles e Dirceu negaram conhecer o doleiro ou ter feito operações ilegais.
Em depoimento à subcomissão da CPI dos Correios no final de agosto, o sócio da Bônus-Banval, Enivaldo Quadrado, contrariou a informação de Claramunt. Quadrado afirmou que nunca esteve com José Dirceu e que não operava investimentos para o deputado. "Ele está tentando desviar o foco da CPI. O Toninho da Barcelona está fazendo chantagem, chantagem mesmo, tentando jogar pessoas inocentes contra o PT e o José Dirceu", disse ele.
As acusações de Claramunt não se restringem ao PT. O deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) contou que o doleiro mencionou em seu depoimento reservado à CPI dos Correios que sabia de operações financeiras do ano de 1995 muito claramente, e que por isso temia por sua vida. "Ele sabe de informações ligadas ao governo de FHC [Fernando Henrique Cardoso], governo do Estado, governo municipal e do atual governo federal. Até o caso Pitta ele citou", disse.
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