Publicidade
Publicidade
21/09/2005
-
21h50
LÚCIA BAKOS
da Folha online
O advogado de defesa da área cível do ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf e de seu filho Flávio, Ricardo Tosto, afirmou nesta quarta-feira que, durante interrogatório na Justiça Federal, Maluf negou todas as acusações contra ele e ainda reafirmou que a conta Chanani, no Safra National Bank de Nova York (EUA), pertence ao doleiro Vivaldo Alves, o Birigüi --que teria operado para a família Maluf no exterior.
O ex-prefeito e seu filho Flávio foram interrogados hoje pelo juiz Paulo Alberto Sarno, substituto da juíza Silvia Maria Rocha, da 2ª Vara Criminal de São Paulo --que está de férias-- sobre as escutas telefônicas feitas pela PF (Polícia Federal), nas quais Flávio apareceria tentando induzir o depoimento do doleiro Birigüi a não revelar detalhes da operação à polícia.
Pai e filho estão detidos na sede da Superintendência da PF desde o último dia 10, acusados de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha. A prisão preventiva dos dois tem prazo indeterminado e foi aceita pela juíza Silvia Rocha.
A juíza entendeu que o ex-prefeito e seu filho Flávio, em liberdade, poderiam atrapalhar o andamento do processo --que corre em segredo de Justiça--, ocultar provas e coagir testemunhas. Silvia Maria também aceitou as denúncias do Ministério Público contra Maluf e Flávio, o doleiro Birigüi e o ex-diretor da construtora Mendes Júnior Simeão Damasceno de Oliveira, acusado de pagar propina para obter benefícios para a empresa.
Entretanto, para o doleiro, a Procuradoria pediu a delação premiada (redução da pena), porque ele ajudou a investigação (forneceu nomes, números e valores de contas). As informações de Birigüi foram confirmadas, com precisão de centavos, pelo banco Safra.
O doleiro disse ter movimentado pelo menos US$ 161 milhões por meio da conta Chanani, e afirmou que todo o dinheiro era de Maluf e de seu filho. Já Oliveira declarou que o dinheiro que abasteceu contas dos Maluf no exterior foi desviado de obras públicas durante a gestão dele na Prefeitura de São Paulo (1993-1996).
A construtora foi a responsável pela construção da avenida Água Espraiada --atual Jornalista Roberto Marinho--, que custou aos cofres públicos cerca de US$ 600 milhões. O Ministério Público acredita que a obra foi o meio utilizado para o dinheiro ter sido encaminhado às contas no exterior. Desde as primeiras denúncias, a construtora nega a participação no esquema de desvio de dinheiro na prefeitura de São Paulo.
Os interrogatórios de Birigüi e Oliveira na Justiça Federal estão marcados para às 15h30 de amanhã.
Inocente
Esta foi a primeira vez que Maluf e Flávio saíram da carceragem da PF. Os dois chegaram ao prédio do TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região, no bairro Cerqueira César, em carros separados, por volta das 13h20. O depoimento do ex-prefeito iniciou-se às 14h30 e durou quatro horas ininterruptas. O de Flávio começou logo em seguida e, até às 21h50 desta quarta-feira ainda prosseguia.
"O doutor Paulo se declarou inocente e negou todas as acusações", disse Tosto depois de informar que apareceram fatos novos no processo de seu cliente. O advogado afirmou que a defesa dos Maluf deverá entrar com um novo pedido de liberdade ao juiz, já que os interrogatórios do doleiro e do ex-diretor da construtora ocorrerão nesta quinta-feira.
"Já foi feita a instrução, eles [Maluf e Flávio] foram ouvidos, os pseudos alegam que o Paulo [Maluf] pudesse influir no depoimento, mas isso vai se extinguir amanhã ou depois. Acho que a defesa, os criminalistas, vão estudar e, se possível, nós vamos entrar com esse pedido sim".
Tosto ainda afirmou que Maluf, durante o depoimento, reafirmou que a conta Chanani, no Safra National Bank de Nova York (EUA) pertence a Birigüi. "Ele disse que a Chanani é do Birigüi. Existem mais algumas provas que unem o Birigüi ao caso, e fica bem claro que ele é o dono da conta. Não há nenhum tipo de participação na gestão. Ele [Maluf] negou veêmentemente isso no seu depoimento".
"Existem algumas coisas importantes que, hoje, acho que foram elucidadas no juízo", completou o advogado sem querer dizer quais seriam alegando que respeita o segredo de Justiça. "Se eu falar, estarei indo contra o meu princípio", concluiu.
Habeas corpus
Em relação aos pedidos de liminar de habeas corpus de seus clientes terem sido negados nesta quarta-feira pelo ministro Gilson Dipp, da 5ª Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça), em Brasília, Tosto disse que a defesa irá agora recorrer à Turma daquela segunda instância. "Houve a negação, só que agora vai para a Turma do STJ. Então, nós vamos trabalhar para ganhar lá".
Em sua decisão, Dipp alegou supressão de instâncias, já que o TRF (Tribunal Regional Federal) de São Paulo é primeira instância e ainda julga dois pedidos de habeas corpus de Maluf e Flávio, impetrados também por seus advogados de defesa.
Leia mais
STJ nega pedidos de habeas corpus dos Maluf
Entenda as acusações contra Paulo Maluf
Maluf se destacou na política com apelo para construção de obras viárias
Especial
Leia o que já foi publicado sobre Paulo Maluf
Leia o que já foi publicado sobre Flávio Maluf
Maluf nega todas as acusações em interrogatório na Justiça Federal
Publicidade
da Folha online
O advogado de defesa da área cível do ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf e de seu filho Flávio, Ricardo Tosto, afirmou nesta quarta-feira que, durante interrogatório na Justiça Federal, Maluf negou todas as acusações contra ele e ainda reafirmou que a conta Chanani, no Safra National Bank de Nova York (EUA), pertence ao doleiro Vivaldo Alves, o Birigüi --que teria operado para a família Maluf no exterior.
O ex-prefeito e seu filho Flávio foram interrogados hoje pelo juiz Paulo Alberto Sarno, substituto da juíza Silvia Maria Rocha, da 2ª Vara Criminal de São Paulo --que está de férias-- sobre as escutas telefônicas feitas pela PF (Polícia Federal), nas quais Flávio apareceria tentando induzir o depoimento do doleiro Birigüi a não revelar detalhes da operação à polícia.
Pai e filho estão detidos na sede da Superintendência da PF desde o último dia 10, acusados de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha. A prisão preventiva dos dois tem prazo indeterminado e foi aceita pela juíza Silvia Rocha.
A juíza entendeu que o ex-prefeito e seu filho Flávio, em liberdade, poderiam atrapalhar o andamento do processo --que corre em segredo de Justiça--, ocultar provas e coagir testemunhas. Silvia Maria também aceitou as denúncias do Ministério Público contra Maluf e Flávio, o doleiro Birigüi e o ex-diretor da construtora Mendes Júnior Simeão Damasceno de Oliveira, acusado de pagar propina para obter benefícios para a empresa.
Entretanto, para o doleiro, a Procuradoria pediu a delação premiada (redução da pena), porque ele ajudou a investigação (forneceu nomes, números e valores de contas). As informações de Birigüi foram confirmadas, com precisão de centavos, pelo banco Safra.
O doleiro disse ter movimentado pelo menos US$ 161 milhões por meio da conta Chanani, e afirmou que todo o dinheiro era de Maluf e de seu filho. Já Oliveira declarou que o dinheiro que abasteceu contas dos Maluf no exterior foi desviado de obras públicas durante a gestão dele na Prefeitura de São Paulo (1993-1996).
A construtora foi a responsável pela construção da avenida Água Espraiada --atual Jornalista Roberto Marinho--, que custou aos cofres públicos cerca de US$ 600 milhões. O Ministério Público acredita que a obra foi o meio utilizado para o dinheiro ter sido encaminhado às contas no exterior. Desde as primeiras denúncias, a construtora nega a participação no esquema de desvio de dinheiro na prefeitura de São Paulo.
Os interrogatórios de Birigüi e Oliveira na Justiça Federal estão marcados para às 15h30 de amanhã.
Inocente
Esta foi a primeira vez que Maluf e Flávio saíram da carceragem da PF. Os dois chegaram ao prédio do TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região, no bairro Cerqueira César, em carros separados, por volta das 13h20. O depoimento do ex-prefeito iniciou-se às 14h30 e durou quatro horas ininterruptas. O de Flávio começou logo em seguida e, até às 21h50 desta quarta-feira ainda prosseguia.
"O doutor Paulo se declarou inocente e negou todas as acusações", disse Tosto depois de informar que apareceram fatos novos no processo de seu cliente. O advogado afirmou que a defesa dos Maluf deverá entrar com um novo pedido de liberdade ao juiz, já que os interrogatórios do doleiro e do ex-diretor da construtora ocorrerão nesta quinta-feira.
"Já foi feita a instrução, eles [Maluf e Flávio] foram ouvidos, os pseudos alegam que o Paulo [Maluf] pudesse influir no depoimento, mas isso vai se extinguir amanhã ou depois. Acho que a defesa, os criminalistas, vão estudar e, se possível, nós vamos entrar com esse pedido sim".
Tosto ainda afirmou que Maluf, durante o depoimento, reafirmou que a conta Chanani, no Safra National Bank de Nova York (EUA) pertence a Birigüi. "Ele disse que a Chanani é do Birigüi. Existem mais algumas provas que unem o Birigüi ao caso, e fica bem claro que ele é o dono da conta. Não há nenhum tipo de participação na gestão. Ele [Maluf] negou veêmentemente isso no seu depoimento".
"Existem algumas coisas importantes que, hoje, acho que foram elucidadas no juízo", completou o advogado sem querer dizer quais seriam alegando que respeita o segredo de Justiça. "Se eu falar, estarei indo contra o meu princípio", concluiu.
Habeas corpus
Em relação aos pedidos de liminar de habeas corpus de seus clientes terem sido negados nesta quarta-feira pelo ministro Gilson Dipp, da 5ª Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça), em Brasília, Tosto disse que a defesa irá agora recorrer à Turma daquela segunda instância. "Houve a negação, só que agora vai para a Turma do STJ. Então, nós vamos trabalhar para ganhar lá".
Em sua decisão, Dipp alegou supressão de instâncias, já que o TRF (Tribunal Regional Federal) de São Paulo é primeira instância e ainda julga dois pedidos de habeas corpus de Maluf e Flávio, impetrados também por seus advogados de defesa.
Leia mais
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Nomeação de novo juiz do Supremo pode ter impacto sobre a Lava Jato
- Indicação de Alexandre de Moraes vai aprofundar racha dentro do PSDB
- Base no Senado exalta currículo de Moraes e elogia indicação
- Na USP, Moraes perdeu concursos e foi acusado de defender tortura
- Escolha de Moraes só possui semelhança com a de Nelson Jobim em 1997
+ Comentadas
- Manifestantes tentam impedir fala de Moro em palestra em Nova York
- Temer decide indicar Alexandre de Moraes para vaga de Teori no STF
+ EnviadasÍndice