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29/09/2000 - 04h03

Candidatos centram esforços na zona oeste do Rio

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da Folha de S.Paulo

A zona sul do Rio, com suas praias, é mais famosa, mas é na zona oeste que os principais candidatos à prefeitura da cidade apostaram suas fichas na reta final da campanha.

Ontem, último dia para reuniões e comícios, os quatro concorrentes que lideram as pesquisas de intenção de voto no Rio terminaram oficialmente suas campanhas com atividades na região, que concentra 26% da população carioca.

O ex-prefeito Cesar Maia (PTB) participou de um corpo-a-corpo. A vice-governadora Benedita da Silva (PT), o ex-governador Leonel Brizola (PDT) e o prefeito Luiz Paulo Conde fizeram carreatas na zona oeste.

Além disso, Brizola e Conde tinham showmícios agendados à noite na região. O primeiro em Bangu e o segundo em Campo Grande.

Maia tem concentrado esforços na zona oeste, onde esteve nos dois últimos finais de semana, na quinta-feira da semana passada e na última terça.

Brizola esteve em Jacarepaguá nos dois últimos domingos -mesmo local onde, na terça, fez uma carreata.

Análises

Mas o que faz com que essa área da cidade desperte maior interesse dos candidatos?

Para o cientista político Jairo Nicolau, do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro), a concentração e o alto grau de instabilidade dos eleitores são boas explicações.

Ele diz que, de uma forma geral, os moradores da zona oeste apresentam menor escolaridade, maior indecisão e uma adesão instável às candidaturas.

"É um voto mais volúvel", concorda Antonio Alkmin, professor de ciência política na PUC-Rio.

A região se caracterizou por ser reduto eleitoral de determinadas correntes em momentos diferentes nas últimas décadas.

Até os anos 60, o trabalhismo predominava na zona oeste. Com o regime militar e a extinção do PTB (bem como a cassação de seus líderes), o chaguismo do governador Chagas Freitas ocupou esse vácuo.

Brizolismo

No processo de redemocratização, o brizolismo virou a força majoritária.
"A zona oeste virou quase um símbolo do brizolismo", afirma o cientista político Nicolau.

Isso foi interrompido na eleição de 1992. E nenhuma liderança conseguiu mais ter a hegemonia política na região.

"É uma área de disputa", diz o professor Alkmin.
"A fragmentação da zona oeste é um dado novo", afirma o cientista político Américo Freire, do CPDOC (Centro de Pesquisa e Documentação da Fundação Getúlio Vargas).

"Não há mais predomínio de ninguém. Abriu a porteira", explica Freire, aludindo aos currais eleitorais.

"A cidade está mudando. As populações se transformam. E, embora existam certas tradições, elas não se mantêm estagnadas. O brizolismo se transformou também", afirma a antropóloga Karina Kuschnir, professora de ciência política na Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).
Na opinião de Nicolau, nos últimos anos o eleitorado da zona oeste respondeu às ações dos governantes.

"Foi assim com o Marcello Alencar (prefeito e governador), com o Cesar Maia (prefeito) e está sendo assim com o Luiz Paulo Conde (atual prefeito)".

No caso de Conde, Freire acredita que o prefeito construiu uma rede política entre as lideranças locais, para aumentar seu cacife eleitoral.
Para Alkmin, o "paroquialismo político" é maior na zona oeste do que no resto da cidade.

"Há muitas áreas rurais, as lideranças locais são mais fortes e há características de clientelismo", afirma o cientista político.

FRASE

As lideranças locais são mais fortes e há características de clientelismo
ANTONIO ALKMIN,
professor de ciência política na PUC-Rio

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