23/09/2005 - 12h26

Ideli Salvatti diz desconfiar ser vítima de "arapongagem"

FELIPE RECONDO
da Folha Online, em Brasília

A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) disse nesta sexta-feira desconfiar ser vítima de uma "arapongagem" e pediu à polícia do Senado um rastreamento na tentativa de identificar aparelhos de escuta em seu gabinete.

Ontem, ela recebeu em seu gabinete o empresário Edson Maurício Brockveld com uma denúncia datada de 1999 sobre uma licitação dos Correios. Ele levou um contrato de gaveta de R$ 90 milhões, firmado com duas empresas que concorreriam a um contrato com a estatal.

Quem garantisse o contrato compraria equipamentos, como esteiras rolantes, da empresa de Brockveld. Concluída a licitação, a empresa vencedora não cumpriu o acerto. Seria, portanto, essa a motivação da denúncia feita à senadora.

Ideli desqualificou a denúncia e disse que por essa avaliação decidiu manter o caso em sigilo. "Esse contrato é um indício forte [de irregularidade], mas não são provas. Dizer que é um dossiê é uma irresponsabilidade", afirmou.

Apesar da decisão da senadora, o caso foi divulgado pela internet no mesmo momento em que acontecia a reunião entre Ideli e Brockveld. "Isso pode ser uma armação, pode ter sido divulgado pelo próprio empresário, uma arapongagem ou uma mistura disso tudo", disse a senadora.

Ideli não apontou um suspeito, mas sugeriu coincidência entre a possível espionagem e o depoimento do banqueiro Daniel Dantas, do grupo Opportunity, às CPIs dos Correios e do Mensalão. "É uma estranha coincidência", afirmou.

A Brasil Telecom, empresa controlada pelo Opportunity, foi responsabilizada pela contratação da empresa de espionagem Kroll, que grampeou telefones do governo e investigou, por exemplo, o chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos, Luiz Gushiken, e o ex-presidente do Banco do Brasil Cássio Casseb. O principal alvo, no entanto, era a Telecom Itália. No depoimento às comissões parlamentares, Dantas negou envolvimento na contratação da Kroll.

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