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24/09/2005 - 09h11

Valério ligou 53 vezes para celular de Azeredo

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RUBENS VALENTE
MARTA SALOMON
da Folha de S.Paulo

Dados em poder da CPI dos Correios revelam 53 chamadas do telefone celular do publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza para o telefone celular do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e mais duas no sentido inverso entre 2001 e 2002.

Na campanha de Azeredo à reeleição do governo mineiro, em 1998, Valério havia contraído empréstimo bancário de R$ 8,35 milhões para financiar o caixa dois do PSDB, em moldes semelhantes ao do caixa dois do PT, sob investigação no Congresso. Azeredo negou, em discurso durante sessão da CPI no último dia 2 de agosto, ter tido conhecimento do esquema de 98.

Marcos Valério, ao contrário, afirmou duas vezes à CPI do Mensalão que Azeredo tinha conhecimento dos empréstimos que financiaram o caixa dois tucano em Minas.

Ontem, em entrevista à Folha, o senador reconheceu ter mantido contatos telefônicos com o publicitário ao longo de 2001 e 2002. Ele atribuiu as chamadas a "conversas" sobre "política", além de um trabalho experimental que Valério teria feito para a campanha de 2002, mas que acabou descartado.

Em 2002, Azeredo era diretor da empresa de informática Belgo Mineira Sistemas e candidato a senador pelo PSDB.

Apesar das denúncias de caixa dois de 98 operado por Valério, Azeredo foi excluído da lista preliminar de parlamentares sob risco de cassação, redigida em conjunto pelas relatorias das CPIs dos Correios e do Mensalão.

O relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), afirmou à época que deixou Azeredo de fora já que os fatos ocorreram em 98 durante uma campanha estadual, diferentemente dos outros casos. Segundo ele, a CPI ainda investigaria esse caso.

As ligações de Valério para Azeredo somaram 1h26min. A mais curta durou 50 segundos, e a mais longa, no dia 7 de maio de 2002, cinco minutos e 30 segundos. Os contatos ocorreram entre abril e outubro de 2002.

Azeredo telefonou de seu celular para o celular de Valério no dia 5 de dezembro de 2001 e no dia 3 de setembro de 2002.

Três anos antes da primeira chamada, Marcos Valério havia operado o caixa dois tucano em Minas com apoio do então tesoureiro de Azeredo, Cláudio Mourão. Segundo o ex-tesoureiro, Valério havia emprestado inicialmente para os tucanos R$ 2 milhões e "doado", no segundo turno da campanha, outros R$ 9 milhões. Azeredo acabou derrotado por Itamar Franco (PMDB).

Há ainda outras quatro chamadas registradas do telefone fixo do gabinete do senador, em Brasília, para a sede da agência de publicidade SMPB Comunicação, em Belo Horizonte (MG). Sempre curtas, elas ocorreram nos dias 14 de fevereiro e 9 de março de 2005.

Deputado e ministro

A quebra dos sigilos telefônicos dos principais investigados pela CPI dos Correios também identificou contatos em 2005 da empresa SMPB Comunicação para o telefone celular do deputado José Borba (PMDB-PR), ex-líder do partido e sob risco de cassação, e para o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia (PTB-MG), entre 2000 e 2002.

As chamadas para Mares Guia ocorreram entre 12 de dezembro de 2000 e 24 de agosto de 2002, quando ele ainda não exercia o cargo de ministro do Turismo.

O deputado José Borba recebeu seis telefonemas da agência de publicidade SMPB Comunicação para seu telefone celular entre os dias 25 de fevereiro e 14 de março de 2005. Segundo Marcos Valério, o ex-líder do PMDB teria recebido R$ 2,1 milhões do caixa dois do PT. Borba nega.

O deputado, um dos 18 incluídos no relatório de Serraglio, é um dos que ainda não apresentaram sua defesa à Corregedoria da Câmara, que, atendendo à liminar, decidiu ouvir os deputados citados antes de remeter seus processos ao Conselho de Ética. Ele ainda pode renunciar e manter os seus direitos políticos para se candidatar a deputado nas eleições do próximo ano.

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