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26/09/2005 - 09h01

Temer e baixo clero tentam definir candidatura única

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FÁBIO ZANINI
ADRIANO CEOLIN
FERNANDO RODRIGUES
da Folha de S.Paulo

Uma candidatura única dos que se situam entre o governo e a oposição, com forte apoio no estratégico "baixo clero" da Câmara, está sendo articulada por quatro dos postulantes à presidência da Casa. Até terça, Ciro Nogueira (PP-PI), Luiz Antônio Fleury (PTB-SP), João Caldas (PL-AL) e Michel Temer (PMDB-SP) esperam fechar um acordo para uma candidatura que consideram "imbatível". Seriam uma opção ao oposicionista José Thomaz Nonô (PFL-AL) e ao candidato do governo, Aldo Rebelo (PC do B-SP).

Francisco Dornelles (PP-RJ), outro pré-candidato, poderia unir-se ao grupo. No papel, os quatro partidos somam 231 deputados, mas admite-se que pelo menos 40 peemedebistas devem apoiar o governista Aldo Rebelo. Para se eleger, o candidato precisa ter mais da metade dos votos válidos dos presentes, com um quórum mínimo de 257 deputados.

Hoje, os nomes mais fortes para o acordo são os de Ciro, herdeiro do espólio de Severino Cavalcanti (PP-PE), e Temer. O peemedebista, no entanto, insiste em um acordo que contemple sua própria candidatura.

Oficialmente, todos juram que seguem até o fim. Mas já passam a admitir um entendimento. Ciro e Caldas, ambos da atual Mesa Diretora, têm trânsito fácil em vários partidos e são pupilos de Severino. Os dois têm um entendimento de apoio mútuo ainda antes do primeiro turno, segundo a Folha apurou. Ontem juntou-se a eles Fleury, que conversou longamente com o candidato do PP. Ficaram de se encontrar novamente na terça para uma avaliação final.

Caldas diz que pode apoiar outro nome para efetivar um acordo. "Quem tiver mais apoio recebe o apoio dos outros."

O raciocínio do chamado "novo centrão" é simples. Unidos, estariam assegurados no segundo turno e poderiam ampliar a base de apoio no segundo.

"O presidente da Câmara, em razão do momento político que vivemos, deve ser um nome neutro, nem vinculado ao governo, nem à oposição", afirma Ciro.

O acordo conseguiria a façanha de reunir três partidos protagonistas da crise do "mensalão": PTB, PP e PL --embora um dos pivôs do escândalo, o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares, tenha afirmado que integrantes do PT, PMDB e PC do B também receberam dinheiro de caixa dois.

O fato é que a imagem de "partido do mensalão" colou com mais força em PTB, PP e PL. Há menos de quatro meses, o então presidente nacional petebista, Roberto Jefferson, acusou os demais de receber dinheiro por meio de um esquema ilegal patrocinado pelo governo. Jefferson já foi cassado. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, renunciou ao mandato para fugir de uma punição maior. O líder do PP na Câmara, José Janene (PR), e o presidente do PP, Pedro Corrêa, estão ameaçados de cassação.

Janene não enxerga problemas na imagem de sua sigla. Fala como se as desavenças com o PTB nunca tivessem ocorrido. "O que tem uma coisa a ver com a outra?", disse, com irritação, ao ser questionado pela Folha.

Aldo ontem esteve reunido na Câmara cabalando votos com os líderes do PT, Henrique Fontana (RS), e do PC do B, Renildo Calheiros (PE). "O balanço é otimista, se bem que o candidato é um ser otimista por natureza."

Temer e Nonô

Os candidatos do PMDB e do PFL já iniciaram negociações para um acordo no segundo turno da eleição. O primeiro passo foi dado por Nonô, que ontem encontrou-se com Temer na presidência do PMDB. O candidato pefelista aposta no fato de já ter pertencido ao PMDB e, sobretudo, por Temer estar magoado com presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Na semana passada, Renan afirmou assegurar apoio a Temer para, horas depois, tornar-se um dos principais defensores do nome de Aldo.
"Com o Nonô, eu tive a oportunidade de conversar sobre uma possibilidade de apoio no segundo turno. Seja ele ou eu [o vitorioso], a Câmara estará bem representada", disse Temer.

Diferentemente do presidente do PMDB, Nonô preferiu ser comedido sobre o acordo. "Ainda é muito cedo para discutir o segundo turno, mas é claro que ele [Temer] pode me apoiar. Eu já fui vice-líder dele", disse.

Além de apostar na mágoa de Temer e no descontentamento de congressistas da base com o governo, Nonô deve explorar como trunfo seu posto de primeiro vice-presidente. "Quem cobiça a vice tem que ser meu eleitor.

Só vai existir a vaga se eu for eleito presidente da Câmara", disse.
O candidato pefelista adiantou ontem que as negociações sobre o cargo devem se dar depois do segundo turno. "E isso será feito em comum acordo com todos os partidos que me apoiarem no primeiro turno", disse Nonô. Hoje ele já tem fechados os apoios de PSDB e PFL. Até terça-feira, espera conquistar a adesão de PPS, PDT, PV e Prona.

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