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27/09/2005 - 09h01

Planalto pressiona Câmara e prefere 2º turno contra Nonô

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da Folha de S.Paulo

O governo ligou ontem o rolo compressor sobre o Congresso para tentar emplacar Aldo Rebelo (PC do B-SP) na presidência da Câmara. Ministros passaram o dia ligando para deputados, e, no final, calculavam ter, no máximo, 160 votos a favor do ex-ministro.

Em público, governistas dizem que Aldo já tem contabilizados cerca de 180 votos. A Câmara, que tem 513 cadeiras, realiza amanhã a eleição para a sucessão de Severino Cavalcanti (PP-PE), que renunciou na semana passada. O vencedor da eleição vai cumprir o restante do mandato de Severino, devendo ficar no cargo até o final da legislatura de 2006.

Logo cedo, o Palácio do Planalto se transformou num comitê informal do candidato preferido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No comando, os ministros Jaques Wagner (Relações Institucionais) e Dilma Rousseff (Casa Civil). Ambos passaram o dia falando com possíveis apoiadores de Aldo. O objetivo --até agora frustrado-- era criar algum fato político, como a renúncia, a favor do nome oficial, de algum dos até agora oito outros candidatos.

Um dos argumentos usados pelo governo tem sido, segundo a Folha ouviu de congressistas, a liberação de verbas para as emendas dos parlamentares. Na semana passada, o Planalto autorizou o pagamento de R$ 500 milhões. O problema é que o pagamento dessas emendas não será realizado até amanhã, dia da eleição. Assim, o convencimento de deputados a votar em Aldo fica mais difícil.

"O governo peca por liberar essas emendas só nos momentos críticos. Aí fica parecendo que estamos negociando votos", disse o líder de uma das bancadas, que pediu para não ser identificado.

Como será possivelmente uma eleição com vários candidatos, é necessário ter perto de 180 votos para se garantir num eventual segundo turno. Por enquanto, o governo acha que conseguirá disputar esse turno final contra José Thomaz Nonô (PFL-AL).

Para o Planalto, num segundo turno entre Aldo e Nonô, a maioria optaria pelo governo. "Aí precisaremos de mais uns 60 votos. Se não conseguirmos 60 em 300, podemos ir embora para casa", disse o deputado e ex-ministro Eduardo Campos (PSB-PE).

Os 180

A coalizão a favor de Aldo (PC do B, PT e PSB) chegou a 180 a partir da conta: 75 votos do PT (bancada de 88, que pode cair para 84), 40 do PMDB (passará de 87 para 90), 20 do PSB (25), 9 do PC do B (9) e 36 apoios pontuais nos outros partidos. O governo aplicou um "índice de traição" para considerar 160 mais realista.

Ressalte-se que, em fevereiro, quando Severino derrotou o petista Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), a expectativa de votos do governo não se confirmou.

Já a oposição aposta num descontentamento com o governo e na oferta da vice-presidência, cargo de Nonô, para arregimentar apoios no segundo turno. Nonô disse que esperaria até hoje para oficializar sua candidatura, sustentada por PFL e PSDB, com o aval de pelo menos mais três partidos, PPS, PDT e PV. Ele também conta com os dois votos do Prona. Se todos esses votarem nele, teria quase 150 a seu favor. No bastidor, oposicionistas diziam que 130 é um número mais realista.

"Gostaria de exibir a minha candidatura com os seis partidos [PFL, PSDB, PV, PDT, PPS e Prona]. Por isso vou esperar até a tarde de amanhã [hoje] para fazer o registro", disse.

As negociações entre os demais candidatos avançou mais, o que contraria o desejo do governo de que, fracassadas as articulações para que alguns nomes desistissem em favor de Aldo, seja mantido o cenário com vários postulantes. Os registrados eram nove até as 21h de ontem. O prazo para inscrições termina às 18h de hoje.

Consenso

Três dos principais candidatos que transitam fora da órbita "governo e oposição" fecharam acordo para um deles ser o candidato de consenso hoje: Ciro Nogueira (PP-PI), João Caldas (PL-AL) e Luiz Antonio Fleury Filho (PTB-SP). Ciro deverá ser o escolhido.

Se isso se confirmar, Aldo e Nonô poderão correr o risco de ficar fora do segundo turno. O governo teme que Ciro, herdeiro direto de Severino, surpreenda amanhã. Ciro diz ter mais de 160 votos.

Outro fato relevante atende pelo nome de Michel Temer (SP), presidente do PMDB. Apesar de traído pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Temer dedicou o dia de ontem a um corpo-a-corpo e diz que mantém a candidatura, apesar de afirmar que pode compor com o trio Nogueira-Caldas-Fleury.

Ontem, em reunião da bancada do PT, Aldo conseguiu manter o apoio a seu nome, apesar das intervenções segundo as quais a vitória seria mais fácil com Arlindo Chinaglia (PT-SP), que abriu mão em favor do comunista.

O líder do PL, Sandro Mabel (GO), disse ontem que o primeiro-secretário, deputado Inocêncio Oliveira (PL-PE), registra hoje sua candidatura.

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