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29/09/2005
-
11h17
RUBENS VALENTE
MARTA SALOMON
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Uma auditoria interna do Banco do Brasil apontou irregularidades em pelo menos 15 projetos de publicidade para o banco, no valor de R$ 60 milhões, realizados pela DNA Propaganda, do empresário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza, um dos operadores do esquema do caixa dois do PT.
A investigação, concluída em setembro de 2003, não impediu que a DNA assinasse novo contrato com o banco naquele mesmo mês e ano. As irregularidades se concentram no período de governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Uma cópia do levantamento, realizado por oito auditores e assinado pelo gerente de Auditoria, Luciano Silva Reis, chegou nesta semana à CPI dos Correios. Os técnicos apontaram indícios de fraude nos orçamentos das empresas subcontratadas, entregues pela DNA, e ausência de documentos que permitissem comprovar a entrega de pelo menos 855 mil folders e 300 mil camisetas, além de fragilidades e inconsistências no acompanhamento da execução dos serviços.
Pelo contrato global assinado entre o BB, a DNA e outras duas empresas que dividem a conta do banco, as agências de publicidade podem subcontratar serviços, mas desde que colham "no mercado" três propostas orçamentárias de empresas diferentes, para apreciação do BB.
Em pelo menos três campanhas, no entanto, os auditores do BB descobriram que as três propostas entregues pela DNA e aceitas pelo banco partiram de um mesmo aparelho de fax. Além disso, foram detectadas propostas de empresas diferentes que tinham os mesmos sócios ou relacionavam-se entre si.
Na campanha "Agronegócios", realizada pela DNA a um custo de R$ 988 mil, os auditores apontaram como "evidência" de irregularidade: "Acolhimento de orçamentos de empresas distintas, apresentado pela agência de propaganda e publicidade [DNA], com indícios de serem originados de uma mesma fonte e/ou com discrepâncias significativas entre o menor e o maior preço. Exemplos: estimativas de custos de 17/12/2002, fax com o mesmo número de origem e numeração seqüencial de páginas".
O mesmo procedimento voltou a ocorrer nas campanhas "Circuito Vôlei de Praia 2002", no valor de R$ 937 mil e "Investimentos BB", no valor de R$ 5,2 milhões.
Em relação ao evento de vôlei, a auditoria apontou também "acolhimento de planilhas de preços concentradas nas mesmas empresas, sendo sempre a mesma a apresentar o menor preço" e "acolhimento de planilhas de preços de empresas com nome e endereços idênticos".
A investigação interna do BB percorreu 66 processos administrativos, entre eventos publicitários, campanhas e patrocínios, num universo de R$ 319 milhões gastos pela instituição entre 2001 e abril de 2003.
Desse total, o banco localizou problemas em 43 iniciativas. Os alvos da auditoria incluem a DNA e outras agências de publicidade, além de empresas ligadas a eventos de vôlei e tênis. As irregularidades indicam um quadro de, no mínimo, descontrole nos gastos e fragilidade no sistema de checagem dos serviços.
Sobre a campanha publicitária "Fim de Ano 2001", realizada pela DNA a um custo de R$ 3,66 milhões do Banco do Brasil, os técnicos da auditoria não conseguiram localizar orçamentos que deveriam dar legalidade à confecção de 200 mil camisetas, no valor de R$ 877 mil, além de orçamentos sem assinaturas relativos à fabricação de outras 70 mil camisetas.
A auditoria identificou, na mesma campanha, a inexistência ou não apresentação de documentos que confirmassem o recebimento de 300 mil camisetas no valor de R$ 1,3 milhão.
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MARTA SALOMON
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Uma auditoria interna do Banco do Brasil apontou irregularidades em pelo menos 15 projetos de publicidade para o banco, no valor de R$ 60 milhões, realizados pela DNA Propaganda, do empresário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza, um dos operadores do esquema do caixa dois do PT.
A investigação, concluída em setembro de 2003, não impediu que a DNA assinasse novo contrato com o banco naquele mesmo mês e ano. As irregularidades se concentram no período de governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Uma cópia do levantamento, realizado por oito auditores e assinado pelo gerente de Auditoria, Luciano Silva Reis, chegou nesta semana à CPI dos Correios. Os técnicos apontaram indícios de fraude nos orçamentos das empresas subcontratadas, entregues pela DNA, e ausência de documentos que permitissem comprovar a entrega de pelo menos 855 mil folders e 300 mil camisetas, além de fragilidades e inconsistências no acompanhamento da execução dos serviços.
Pelo contrato global assinado entre o BB, a DNA e outras duas empresas que dividem a conta do banco, as agências de publicidade podem subcontratar serviços, mas desde que colham "no mercado" três propostas orçamentárias de empresas diferentes, para apreciação do BB.
Em pelo menos três campanhas, no entanto, os auditores do BB descobriram que as três propostas entregues pela DNA e aceitas pelo banco partiram de um mesmo aparelho de fax. Além disso, foram detectadas propostas de empresas diferentes que tinham os mesmos sócios ou relacionavam-se entre si.
Na campanha "Agronegócios", realizada pela DNA a um custo de R$ 988 mil, os auditores apontaram como "evidência" de irregularidade: "Acolhimento de orçamentos de empresas distintas, apresentado pela agência de propaganda e publicidade [DNA], com indícios de serem originados de uma mesma fonte e/ou com discrepâncias significativas entre o menor e o maior preço. Exemplos: estimativas de custos de 17/12/2002, fax com o mesmo número de origem e numeração seqüencial de páginas".
O mesmo procedimento voltou a ocorrer nas campanhas "Circuito Vôlei de Praia 2002", no valor de R$ 937 mil e "Investimentos BB", no valor de R$ 5,2 milhões.
Em relação ao evento de vôlei, a auditoria apontou também "acolhimento de planilhas de preços concentradas nas mesmas empresas, sendo sempre a mesma a apresentar o menor preço" e "acolhimento de planilhas de preços de empresas com nome e endereços idênticos".
A investigação interna do BB percorreu 66 processos administrativos, entre eventos publicitários, campanhas e patrocínios, num universo de R$ 319 milhões gastos pela instituição entre 2001 e abril de 2003.
Desse total, o banco localizou problemas em 43 iniciativas. Os alvos da auditoria incluem a DNA e outras agências de publicidade, além de empresas ligadas a eventos de vôlei e tênis. As irregularidades indicam um quadro de, no mínimo, descontrole nos gastos e fragilidade no sistema de checagem dos serviços.
Sobre a campanha publicitária "Fim de Ano 2001", realizada pela DNA a um custo de R$ 3,66 milhões do Banco do Brasil, os técnicos da auditoria não conseguiram localizar orçamentos que deveriam dar legalidade à confecção de 200 mil camisetas, no valor de R$ 877 mil, além de orçamentos sem assinaturas relativos à fabricação de outras 70 mil camisetas.
A auditoria identificou, na mesma campanha, a inexistência ou não apresentação de documentos que confirmassem o recebimento de 300 mil camisetas no valor de R$ 1,3 milhão.
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