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30/09/2005 - 09h57

Lula impede Renan de participar de reunião com presidente da Câmara

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KENNEDY ALENCAR
da Folha de S.Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou ontem a presença do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na audiência em que recebeu pela primeira vez Aldo Rebelo (PC do B-SP) na condição de presidente da Câmara.

Lula disse a auxiliares que Renan desejava aparecer como pai da vitória de anteontem na Câmara, versão que julgou prejudicial a Aldo e ao governo. "O Aldo não pode ser um suplente do Renan. Ninguém vai respeitá-lo na Câmara assim", afirmou à Folha um auxiliar direto de Lula.

Renan telefonou anteontem para o gabinete de Lula pedindo que ele e o senador José Sarney (PMDB-AP) estivessem presentes no encontro. Lula mandou dizer que preferia receber Aldo sozinho e que Renan e Sarney poderiam vir em outra hora ou dia. Renan ficou contrariado e disse a peemedebistas que se sente injustiçado, pois considera ter sido fundamental para eleger Aldo.

De fato, Renan bombardeou um tentativa de acordo entre Lula e o presidente do PMDB, o oposicionista Michel Temer (SP), atuando a favor de Aldo. No entanto, não entregou a Lula os votos que prometeu. Renan, da ala governista do PMDB, disse que daria 60 votos da sigla a Aldo.

Com o empate entre Aldo e José Thomaz Nonô (PFL-AL), no qual ambos obtiveram 182 votos, ficou evidente que a ala oposicionista do PMDB transferiu a maior parte dos votos do partido ao pefelista. O governo contava com votação entre 200 e 220 depois de ter fechado o apoio do PL e de parte do PTB a Aldo, numa operação na qual recorreu a emendas e cargos para arregimentar votos.

No segundo turno, o governo esperava uma vitória por cerca de 50 votos sobre Nonô. Esse prognóstico foi dado à Folha às 19h de anteontem, quando os deputados ainda votavam. Ao final, Aldo ganhou por 15 votos (258 a 243), vitória apertada que se deveu a um forte trabalho de última hora do ministro Jaques Wagner (Relações Institucionais) com o PDT, o resto do PTB e parte do PP.

Ontem, auxiliares do presidente ouviram dele que Renan não tem no PMDB o cacife que propala. Lula avaliou que Aldo precisa demonstrar independência em relação a Renan e ao governo, ao qual serviu como ministro da extinta pasta de Coordenação Política.

O presidente do Senado gostaria de ser vice de Lula em 2006, mas sempre diz ao petista que crê ser difícil o partido apoiá-lo, o que leva o presidente da República a achar que precisa vitaminar Renan para ter apoio do PMDB.

Na eleição da Câmara, Wagner reabriu canais com a ala oposicionista. Apesar disso, a divisão interna no PMDB deverá se acirrar, com os oposicionistas tentando evitar o apoio a Lula em 2006.

Os oposicionistas se sentem traídos por Renan e Sarney, articulador da candidatura Aldo que se manteve mais discreto e foi poupado de críticas públicas.

Representação

O governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), disse a membros da cúpula do partido que prepara uma representação contra Renan. Quer enviar à Executiva do PMDB um pedido para que o presidente do Senado seja punido com expulsão. Dificilmente Renan será expulso, mas o pedido de Silveira deve ser avaliado na Comissão de Ética, pois os oposicionistas são maioria na Executiva.

O deputado Geddel Vieira Lima (BA), articulador da candidatura Temer, só se refere a Renan como "senador Silvério", alusão a Joaquim Silvério dos Reis, conspirador da Inconfidência Mineira (1789) que delatou colegas a Portugal. Para Renan, Temer não se viabilizou e o culpa injustamente.

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