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10/10/2005 - 09h01

Assessor afirma que irmão de Lula o surpreendeu com visita

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ANDRÉA MICHAEL
da Folha de S.Paulo

O assessor especial da Presidência da República César Alvarez disse ter sido "surpreendido" com o fato de Genival Inácio da Silva, conhecido como Vavá, irmão mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ter comparecido ao Palácio do Planalto, para uma audiência, acompanhado por representantes da Federação Brasileira de Hospitais.

Alvarez afirma que, procurado por Vavá, recebeu-o, "como receberia qualquer cidadão brasileiro. E, se o pleito é justo, é encaminhado ao ministério [competente]", disse Alvarez, ao deixar a sede do PT do Distrito Federal, onde votou ontem à tarde no segundo turno das eleições que irão definir a nova cúpula do partido.

Questionado sobre ter ou não dado esclarecimentos ao presidente Lula sobre o ocorrido, Alvarez afirmou: "Nós, agentes públicos, temos a obrigação de esclarecer à opinião pública, ao Parlamento e ao presidente".

Em sua última edição, a revista "Veja" revelou que Vavá abriu um escritório em um prédio comercial de São Bernardo, no início do ano, para intermediar demandas que empresários teriam em prefeituras petistas, estatais e órgãos do governo federal.

Em nota divulgada anteontem pelo Planalto, a assessoria disse que o "presidente nunca teve conhecimento da existência de um suposto escritório do qual seu irmão participasse". A nota diz ainda que "nenhuma das possíveis gestões feitas pelo irmão do presidente junto ao governo federal teve qualquer aceitação por parte dos funcionários procurados."

Segundo a revista, Vavá foi ao Planalto, para a audiência com Alvarez, acompanhado do presidente da Federação Brasileira de Hospitais, Eduardo Oliveira. Alvarez disse ter recebido Vavá e seus acompanhantes no mezanino do Planalto.

"Não caracterizaria como reunião rápida. Eu me neguei a recebê-los por achar inoportuno", disse. "Fui surpreendido por aquelas pessoas acompanhando o Vavá. O advogado [presente ao encontro] foi até inconveniente, tanto que os presidentes das federações pediram desculpas."

Para o assessor especial da Presidência da República, o pleito da federação é legítimo. A União deve R$ 580 milhões à entidade, que representa 6.895 hospitais do país --a maior parte da rede privada. Em sentença judicial, foi reconhecido à federação o direito de receber a dívida, no prazo de dez anos.

A federação queria abrir canal com o governo para propor abatimento no valor, desde que a quitação da pendência fosse imediata. O canal, segundo a revista, foi Vavá. O encontro ocorreu em 14 de setembro. "No caso da federação dos hospitais, [foi] um pleito absolutamente legítimo, mas fui informado de que tinha um ofício [sobre o assunto] com o ministro Saraiva [Felipe, da Saúde]. É um assunto de vocês com a Saúde. Não têm que tratar comigo."

O presidente da federação disse à "Veja" que o encontro não produziu resultados práticos, mas que agradecia a Vavá.

Oposição

Senadores da oposição avaliaram ontem que as relações do irmão mais velho do presidente com setores do governo retrata mais um caso de tráfico de influência envolvendo pessoas próximas a Lula.

"Isso parece que é um hábito familiar. Depois do caso do filho, das suspeitas com o cartão de crédito da Presidência, agora o irmão. Vai passar para a sociedade a impressão de que essa história não acaba nunca", afirmou José Agripino (RN), líder da bancada do PFL, que defende apuração rigorosa do caso, "ou em estância judicial ou mesmo em uma CPI".

O tucano Arthur Virgílio (AM), líder da bancada no Senado, disse que Lula "mistura o público com o privado" há muito tempo.

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