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10/10/2005 - 11h12

Baixa votação no PT prejudica Berzoini

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da Folha de S.Paulo
da Agência Folha, em Porto Alegre

A queda acentuada do quórum no segundo turno da eleição para presidência do PT, principalmente em São Paulo, prejudicou o governista Ricardo Berzoini, do Campo Majoritário, e deve levar a uma disputa mais apertada do que se previa contra o "radical" Raul Pont, da Democracia Socialista, segundo avaliavam os organizadores da votação, realizada ontem em todo o país. Apesar da empolgação dos apoiadores de Pont, Berzoini mantinha o favoritismo, ainda que reduzido.

As primeiras parciais da apuração saem hoje à tarde, mas o vencedor só deve ser conhecido no fim da semana. Votaram ontem, segundo os dirigentes, "mais de 150 mil petistas", praticamente metade dos 314 mil que compareceram às urnas no primeiro turno, há três semanas. Na ocasião, o alto comparecimento (40% dos filiados), foi apontado como prova de que o partido começava a dar a volta por cima após o maior escândalo de sua história.

Nem a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que votou em Brasília, contribuiu para evitar a apatia. Lula, que foi criticado dentro do partido por não ter votado no primeiro turno, não falou com a imprensa, mas a expectativa é que tenha escolhido Ricardo Berzoini, seu ex-ministro do Trabalho e da Previdência.

O problema para o candidato do Campo Majoritário é a geografia do desânimo da militância. As quedas mais expressivas no comparecimento ocorreram em alguns de seus maiores redutos.

Na cidade de São Paulo, a máquina eleitoral da família Tatto, forte na zona sul, que deveria ter despejado votos no ex-ministro do Trabalho e da Previdência, não funcionou. Foram às urnas apenas 10 mil petistas na capital paulista, contra os 21 mil do primeiro turno.

No Estado, 30 mil votaram, na estimativa dos dirigentes, menos da metade dos 70 mil de 18 de setembro. No Rio, outro reduto do Campo Majoritário, ala de Berzoini, o comparecimento caiu 40%.

A apatia do eleitorado petista foi debitada na conta da falta de disputas regionais e municipais, a maioria das quais resolvida no primeiro turno da eleição interna.

Este voto paroquial atrai a militância "flutuante", que não participa do dia-a-dia do partido e tende a votar em Berzoini. Somente em oito Estados houve segundo turno para o diretório regional.

"Para uma disputa de segundo turno, sem eleições locais, é um quórum satisfatório", disse Francisco Campos, coordenador do processo eleitoral do partido.

Bastaram os números do comparecimento serem divulgados para a Democracia Socialista, corrente de Pont, comemorar. "A queda no quórum em São Paulo nos beneficia. Os filiados mais politizados é que votaram agora e isso beneficia o Pont", disse o secretário de Formação Política do PT, Joaquim Soriano, um dos coordenadores da campanha do candidato da Democracia Socialista.

"O quórum baixo deixa a disputa parelha. Se fosse mais alto, favoreceria Berzoini", afirmou o secretário de Relações Internacionais do PT, Paulo Ferreira.

Berzoini obteve 42% dos votos no primeiro turno e por isso é ainda considerado favorito, mesmo com o baixo quórum. Seu adversário teve 14,7% e contava com o apoio dos demais candidatos da "esquerda" petista, mas foi prejudicado com a saída do partido de seus aliados, há duas semanas.

Coordenador do Campo Majoritário, Francisco Rocha, o Rochinha, admitiu preocupação, mas disse que o quórum baixo teria prejudicado também Pont. "É evidente que o quórum maior em São Paulo nos ajudaria, mas não sei se prejudica o resultado final. Houve queda de quórum também para eles", disse Rochinha.

Ruptura ou continuísmo

Berzoini votou às 9h30 num colégio na Cidade Ademar, zona sul de São Paulo, e afirmou que, confirmada a vitória, vai convidar Pont para compor a Executiva.

Apesar de ter assinado o documento pela "refundação do PT", o candidato da situação evitou o discurso de "ruptura", do qual o presidente interino, Tarso Genro, é um dos maiores entusiastas.

"Se é verdade que nem sempre continuísmo é bom, também haver uma ruptura com um projeto que durante 25 anos deu vez e voz a classes populares e à política partidária seria um grande equívoco", afirmou o candidato. "Não podemos ter uma visão nem de continuísmo nem de ruptura com um projeto como o do PT."

Pont votou pela manhã em Porto Alegre e projetou uma política de alianças uniforme nos Estados.

"Há falta de sintonia entre o que pensa o partido e muitas coisas que se realizam no governo. Isso não é um problema de ser contra ou a favor do governo. Esse tensionamento não pode estar entre nós no ano que vem. Temos de resolver isso como partido, como governo", afirmou o candidato.

Tentando se equilibrar entre Berzoini, a quem dá apoio, e Pont, que foi seu vice na prefeitura de Porto Alegre, Tarso projetou uma "refundação" do partido com a vitória de qualquer um dos dois.

"O partido não pode ser um ministério sem pasta. Seja Berzoini ou Raul, a autonomia do partido em relação ao governo está garantida", disse o presidente interino.

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