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22/10/2005 - 09h35

Delúbio não evita julgamento e desiste de pedir desfiliação

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CONRADO CORSALETTE
da Folha de S.Paulo

O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares prometeu ontem entregar sua carta de desfiliação do partido para atender a um pedido do Planalto, recuou após tomar conhecimento de uma manobra do presidente interino da legenda, Tarso Genro, e deve enfrentar hoje, em reunião do Diretório Nacional, o julgamento sobre sua conduta no comando das finanças petistas.

Delúbio ligou no final da tarde de ontem para a presidência do PT, em São Paulo, e comunicou que iria entregar sua carta de desfiliação. Com isso, atenderia a um desejo do Palácio do Planalto e de dirigentes petistas, que viam em seu processo de expulsão mais um fator de desgaste para o partido e o governo. Mas mudou de idéia, momentos depois, ao saber que, mesmo com seu desligamento, Tarso iria propor que o diretório votasse simbolicamente sua expulsão. A interlocutores, Delúbio disse que irá hoje à sede do PT para acompanhar seu julgamento pelos dirigentes.

Seletividade

A votação do relatório da Comissão de Ética do partido, que pede a expulsão de Delúbio de seus quadros, será o primeiro processo de punição interna do PT desde que, há quase cinco meses, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) deflagrou a pior crise do governo Luiz Inácio Lula da Silva ao denunciar o suposto esquema do "mensalão", do qual o ex-tesoureiro seria o operador.

Os deputados petistas acusados de integrar o suposto esquema por terem sacado dinheiro das contas do publicitário Marcos Valério de Souza, porém, devem ficar livres de responsabilidade.

O Campo Majoritário, grupo que detém maior poder dentro do partido, trabalha para que a apuração interna que tem como alvo os parlamentares seja arquivada pelo Diretório hoje. Uma comissão de sindicância analisa se esses petistas devem ou não ser submetidos a uma Comissão de Ética, instância partidária responsável por pedidos de expulsão.

O caso dos deputados que receberam o dinheiro do esquema deve ser encerrado, se depender da cúpula do partido. Mas ainda havia dúvidas ontem se a comissão de sindicância entregaria ou não um relatório para apreciação do diretório. "Se depender de mim, não haverá Comissão de Ética [para os parlamentares]", afirmou Francisco Rocha, coordenador do Campo Majoritário. "Um deputado que solicita dinheiro à direção nacional e recebe não pode ser responsabilizado. Temos de aguardar as investigações no Congresso", disse Gleber Naime, secretário de Organização do PT.

Explicações

Na tarde de ontem, os petistas que receberam dinheiro das contas de Marcos Valério negaram saber que o dinheiro era de caixa dois. "A fonte conhecida era a tesouraria do Diretório Nacional", afirmou o deputado João Paulo Cunha (SP), um dos sacadores.

O ex-deputado Paulo Rocha (PA), que renunciou para não perder direitos políticos por conta da cassação de seu mandato, disse que recorreu à direção do PT para pagar dívidas do partido em seu Estado. Disse que sabia se tratar de dinheiro "não-contabilizado", mas alegou que tentaria regularizar a situação na Justiça Eleitoral.

Membros da Executiva do PT negaram saber de financiamento paralelo de campanhas, numa reação às afirmações de Delúbio em sua defesa entregue à Comissão de Ética --o ex-tesoureiro alegou que a responsabilidade pelo caixa dois tem de ser compartilhada pela direção petista.

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