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25/10/2005 - 10h11

Cúpula do PSDB cogita tirar Azeredo da presidência do partido

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FERNANDA KRAKOVICS
da Folha de S.Paulo, em Brasília

O PSDB discute antecipar a saída do senador Eduardo Azeredo (MG) da presidência do partido na tentativa de se descolar das denúncias de caixa dois contra ele e de seu envolvimento com o empresário Marcos Valério de Souza, principal personagem da crise política que assola o governo e o PT. A decisão dos tucanos deve sair no máximo em três dias.

O partido tem uma convenção marcada para o próximo dia 18, quando o senador Tasso Jereissati (CE) assumirá a presidência. A avaliação das lideranças tucanas, no entanto, é que esse período é longo demais para ficar rebatendo as acusações contra Azeredo, que estão vindo a conta-gotas.

A solução defendida por alguns líderes do PSDB é que o prefeito de São Paulo, José Serra, presidente licenciado do partido, reassuma o posto e depois o transmita a Tasso. Serra, porém, não estaria muito disposto, temendo ser contaminado pelas denúncias, o que prejudicaria uma possível campanha à Presidência em 2006. Outra hipótese é que assuma um dos vice-presidentes, mas o mais provável é que, mesmo a contragosto, Serra volte ao cargo que deixou ao assumir a prefeitura --Azeredo era um dos vice-presidentes.

No sábado, após saber de reportagem da revista "IstoÉ" que ligava Azeredo a Valério, conversaram por telefone Serra, Tasso, o líder do partido no Senado, Arthur Virgílio (AM), o líder na Câmara dos Deputados, Alberto Goldman (SP), e os deputados Eduardo Paes (RJ) e Gustavo Fruet (PR).

A revista publicou a cópia de um cheque de Valério, no valor de R$ 700 mil, usado em 2002 para pagar uma dívida de Azeredo com Cláudio Mourão, tesoureiro da campanha à reeleição do tucano ao governo de Minas, em 1998.

O senador confirma o auxílio do empresário mineiro e diz que devolveu dinheiro a ele, graças a um empréstimo de R$ 500 mil tomado no Banco Rural pelo atual ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia (PTB-MG).

Azeredo já havia admitido à CPI dos Correios a existência de caixa dois em sua campanha à reeleição ao governo de Minas, mas jogou a responsabilidade para Mourão, assim como o PT fez com o ex-tesoureiro Delúbio Soares. A fonte dos recursos do tucano seriam empresas de Marcos Valério, repetindo os petistas mais uma vez.

"Eduardo deve explicações e o partido está incomodado com isso, constrangido", afirmou Virgílio, que, apesar disso, continua defendendo Azeredo.

O problema com o caso Azeredo é que os tucanos perderam o discurso contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, centrado no argumento de que não seria possível ele ignorar supostas irregularidades em seu governo, como o "mensalão". A alegação de Azeredo é exatamente essa: o caixa dois foi feito sem o seu conhecimento.

Isso não impede os tucanos de continuar no ataque. "O que tem hoje é um fenômeno amplíssimo de corrupção, que começou com o Waldomiro Diniz, com o Buratti, o Pizzolato, a questão dos Correios, do IRB. Há um fenômeno muito mais amplo e que vai muito além daquele que o PT agora tenta caracterizar, como disse o Delúbio, como algo que no futuro seria encarado como uma piada de salão, o que é uma verdadeira agressão a todos os brasileiros", disse Serra anteontem ao responder sobre o caso Azeredo.

A reação do PSDB, porém, não tem o mesmo vigor da semana passada, quando Mourão prestou depoimento à CPI dos Correios. Em retaliação, tucanos pediram a convocação de 12 tesoureiros estaduais do PT e a marcação do depoimento do presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, que disse ter pago um empréstimo de R$ 29,4 mil concedido pelo PT a Lula. Os tucanos também ameaçaram convocar Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão do presidente, que é acusado de tráfico de influência.

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