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03/11/2005 - 09h00

Palocci e Bastos articulam "missão de paz" junto a dirigentes do PSDB

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KENNEDY ALENCAR
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Os ministros Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e Antonio Palocci (Fazenda) articulam rodada de conversas com os tucanos Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República, José Serra, prefeito de São Paulo, e Geraldo Alckmin, governador paulista.

Segundo a Folha apurou, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou a articulação. As conversas deverão ocorrer no prazo de uma a duas semanas. Há emissários de ambos os lados preparando o terreno.

A intenção do governo é realizar uma "missão de paz" com ameaça implícita de "guerra total" se os tucanos optarem por "ir na garganta do Lula", para usar expressões de um auxiliar direto do presidente. Por "ir na garganta", leia-se: insistir em trazer familiares de Lula para as CPIs e pedir o seu impeachment.

Setores da oposição gostariam de convocar o filho de Lula Fábio Luiz Lula da Silva a explicar aporte de R$ 5 milhões da Telemar (concessionária pública) numa empresa em que é sócio, bem com levar o irmão do presidente Genival, o Vavá, para falar de lobbies no governo.

Em resposta, o PT levantaria suspeitas sobre filhos de tucanos. No caso, o filho de FHC, Paulo Henrique Cardoso, e a filha de Serra, Verônica.

Lula, Palocci e Thomaz Bastos avaliam que há chance de as conversas chegarem a um acordo de cavalheiros. Os tucanos também teriam interesse em encontrar um "limite para a luta política", como propõe o articulador político do governo, o ministro Jaques Wagner (Relações Institucionais).

Será usado o argumento de que uma guerra de aniquilação favorecerá os partidos conservadores que estão na órbita do PT e do PSDB quando o assunto é 2006, ano em que haverá eleições para presidente, governos estaduais, um terço das 81 vagas do Senado, Câmara dos Deputados, as Assembléias estaduais e o Legislativo do Distrito Federal.

Reação comedida

Após uma primeira reação dura à acusação de que a campanha presidencial do PT em 2002 recebeu dinheiro de Cuba, os tucanos adotaram uma atitude "dentro do jogo", de acordo com as palavras de um ministro à Folha.

Ou seja, pediram apuração do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e vão ouvir nas CPIs do Congresso os dois ex-auxiliares de Palocci que deram entrevista à revista "Veja", veículo que publicou em sua última edição o caso Cuba.

Também foi registrada por Lula e auxiliares a reação ponderada de Serra e Alckmin à nova tentativa de membros do PSDB e do PFL de ressuscitar a tese de impeachment do petista. Na avaliação do governo, interessa também aos dois adiar a briga com o PT, pois travam entre si um duelo pela candidatura do PSDB ao Palácio do Planalto.

Palocci e Thomaz Bastos tiveram no dia 24 de outubro um encontro com os senadores Tasso Jereissati (CE), que assumirá a presidência do PSDB a partir do dia 18, e Arthur Virgílio (AM), líder tucano no Senado. Queriam melhorar o clima no Congresso e evitar a convocação de parentes de Lula para CPIs.

Evitar uma escalada

No entanto, surgiram o caso Cuba e a acusação de Virgílio de que sua família teria sido ameaçada por alguém ligado ao governo. Os emissários de Lula querem evitar uma escalada, pois avalia-se que será impossível que cessem os ataques dos dois lados. Na última segunda-feira, Lula instruiu pessoalmente Ricardo Berzoini, presidente do PT, a fazer a "luta política". O próprio presidente deverá continuar a fazer discursos em resposta a críticas.

O ministro Wagner, que procurará Tasso após ele assumir a presidência do PSDB, deu resposta aos parlamentares que ameaçaram dar uma "surra" física em Lula. Ele afirma que "ataques abaixo da linha da cintura não dignificam o Congresso".

Arthur Virgílio, a senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) e o deputado federal ACM Neto (PFL-BA) falaram em "surra". "Todos nós temos uma referência na vida a seguir. Pena que o deputado ACM Neto não tenha como referência o tio, mas esteja seguindo o avô", disse Wagner. Adversário do PFL baiano, liderado pelo senador Antonio Carlos Magalhães, Wagner tinha boa relação com o deputado federal Luís Eduardo Magalhães, tio de ACM Neto que morreu em 21 de abril de 1998.

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