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05/11/2005 - 09h39

BB "repudia" conclusão da CPI dos Correios

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MARTA SALOMON
da Folha de S.Paulo, em Brasília

O verbo repudiar aparece duas vezes na nota divulgada no início da noite de ontem pelo Banco do Brasil contra a conclusão de que dinheiro público alimentou o caixa dois do PT, anunciada na véspera pelo relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). Desde o governo Fernando Henrique Cardoso, a DNA recebe pagamentos antecipados por serviços publicitários, e desvios, se houve, não chegaram a R$ 10 milhões, afirma o BB.

A nota do BB faz parte da forte reação deflagrada ontem pelo governo contra os resultados antecipados das investigações do Congresso.
Serraglio concluiu que pelo menos R$ 10 milhões da cota do BB no Fundo de Incentivo Visanet financiaram o "mensalão".

O dinheiro era destinado à divulgação dos cartões da bandeira Visa, de um total de R$ 73,8 milhões repassados à DNA Propaganda antecipadamente em 2003 e 2004. A DNA é uma das agências da qual Marcos Valério foi sócio.

"O Banco do Brasil repudia a tese, baseada unicamente em ilações, de que, premeditadamente, transferiu recursos do fundo para a agência DNA e que esses recursos, por uma operação de transferência bancária, teriam sido transferidos para outro banco e daí beneficiado quem quer que seja", diz o documento.

Minutos depois da divulgação da nota, Serraglio insistiu em que mantém a conclusão de que dinheiro público ajudou a financiar o "mensalão". "Essa conversa é inútil, vou manter a conclusão porque ela está documentada."

Ele insiste em que parte do dinheiro pago pelo BB à DNA foi transferido para o BMG. O valor da transferência foi de R$ 10 milhões, o mesmo valor do empréstimo concedido quatro dias depois à empresa de Rogério Tolentino, advogado sócio de Valério. O empréstimo, jamais pago, é apontado pelo publicitário como uma das fontes de financiamento do caixa dois do PT.

Argumentos

São dois os principais argumentos listados pelo Banco do Brasil contra as conclusões do relator:

1- do total de R$ 73,8 milhões transferidos à DNA para publicidade dos cartões Visa em 2003 e 2004, restariam pendentes de comprovação de gastos apenas R$ 9,1 milhões, dos quais R$ 4,1 milhões devem ser devolvidos porque nem sequer foram objeto de serviços autorizados.
Desde julho, uma auditoria do banco verifica se os pagamentos foram acompanhados da prestação de serviços. A auditoria só deve ficar pronta nas próximas semanas, mas o banco antecipa que não há hipótese de desvio superior a R$ 9,1 milhões. Já a DNA diz que nada deve ao banco. O contrato foi rompido em julho;

2- de acordo com o BB, a DNA já se favorecia de pagamentos antecipados de recursos para campanha dos cartões Visa desde 2001. Nos dois últimos anos de mandato de FHC, a DNA recebeu R$ 12,8 milhões e R$ 4,5 milhões, respectivamente. Os pagamentos antecipados só foram suspensos em setembro de 2004.

Quase ao mesmo tempo em que o BB reagia por meio de nota, o sub-relator da CPI dos Correios Carlos Abicalil (PT-MT) tentava desqualificar as conclusões de Serraglio com argumentos semelhantes aos usados pela estatal.

Segundo ele, na próxima terça documentos da DNA serão usados para explicar que o dinheiro pendente refere-se de fato a serviços prestados pela DNA ao Fundo Visanet. "Eu não estou dizendo que o relator mentiu. Eu só acho que ele foi imprudente e precipitado numa conclusão."

Colaborou ADRIANO CEOLIN, da Folha de S.Paulo, em Brasília.

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