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09/11/2005 - 09h10

Palocci negocia para depor sobre caso Cuba sem ir à CPI

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FERNANDA KRAKOVICS
KENNEDY ALENCAR
da Folha de S.Paulo

Líderes governistas negociam com a oposição a ida do ministro Antonio Palocci (Fazenda) ao Congresso para dar explicações sobre seu suposto envolvimento na remessa de dinheiro de Cuba para a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A estratégia é negociar um pedido para que Palocci seja ouvido na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado, e não em uma das CPIs em funcionamento no Congresso. Como ministro, se for convocado pelas CPIs ou pelas comissões, ele é obrigado a comparecer.

Os recados foram mandados por meio do líder do governo Aloizio Mercadante (PT-SP), que se reuniu ontem e anteontem com Palocci para tratar da medida provisória que cria a Super-Receita. A idéia era marcar uma audiência pública na próxima semana mas, por causa do feriado, deve ficar para a seguinte.

Nesse cenário, o ministro evitaria o desgaste de uma convocação para uma CPI e responderia a perguntas sobre o caso Cuba numa situação mais confortável por estar na CAE, ou seja, não seria ouvido na condição de investigado.

Caso a oposição insista em convocá-lo, Palocci avalia que talvez não seja suficiente falar numa comissão temática do Congresso. Aí, seria melhor partir logo para um depoimento numa CPI.

Na opinião do ministro, uma eventual turbulência econômica por sua ida a uma CPI seria debitada na conta da oposição.

"Se eu fosse ele, eu viria de peito aberto. A economia vai bem e não é justo que ele tenha sua cabeça colocada em praça pública para ser cortada", disse o senador Tião Viana (PT-AC), que é vice-líder do governo e tem bom trânsito com a oposição.

O PSDB e o PFL têm poupado o ministro desde o início da crise, temendo uma contaminação da economia. Eles avaliam, no entanto, que Palocci está sendo arrastado naturalmente para o centro das investigações e seria positivo se ele comparecesse espontaneamente ao Congresso.

"Ninguém tem a intenção de degolá-lo", disse o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que assumirá a presidência do partido no dia 18. "Talvez não seja necessário ele vir ou talvez a CAE não seja suficiente. Tudo vai depender dos fatos", afirmou o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM).

Após as denúncias de caixa dois na Prefeitura de Ribeirão Preto (SP) durante a gestão de Palocci, o ministro voltou a ser foco das investigações depois que a revista "Veja" revelou suposto envio de US$ 1,4 milhão a US$ 3 milhões de Cuba para a campanha de Lula. Todos os citados na operação são ex-assessores de Palocci.

A situação do ministro ficou mais complicada com depoimento sigiloso colhido anteontem pela CPI do Bingos. Uma testemunha ligada ao PT apontou o empresário Roberto Carlos Kurzweil como o responsável pela captação de parte dos recursos da campanha de Lula, em nome de Palocci. Ele teria conseguido R$ 1 milhão de dois empresários angolanos, donos de bingos em São Paulo.

Oportunidade

"Todos os ministros estão sempre dispostos a vir ao Congresso dar explicações. É uma excelente oportunidade para discutir toda e qualquer matéria", afirmou Mercadante. Para o senador, não seria bom que o ministro da Fazenda fosse convocado por uma CPI.

Segundo a Folha apurou, os senadores Tasso Jereissati e Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) sinalizaram que acham boa a proposta de Palocci ser ouvido na CAE. A decisão final deve ser tomada após o depoimento de ex-assessores do ministro na CPI dos Bingos --Rogério Buratti e Vladimir Poleto, citados no caso Cuba, devem ser ouvidos amanhã.

"Nós não estamos segurando os ataques ao Palocci e a vinda dele aqui. Agora, a imprensa publica reportagens que criam fatos ruins para ele. Não é culpa da oposição", diz Tasso. Para o senador, poderá ser "inevitável" a presença de Palocci em uma CPI, seja convocado ou por iniciativa própria.

O presidente do PT, deputado federal Ricardo Berzoini (SP), disse ontem que a oposição poderá "criar uma crise na economia" se insistir em chamar Palocci a uma CPI. "Os fundamentos e os resultados da economia são positivos e sólidos, mas não se deve brincar com uma área sensível", afirmou Berzoini.

Especial
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