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16/11/2005 - 09h08

Polícia deve indiciar 5 por fraude em Ribeirão

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ROGÉRIO PAGNAN
da Folha de S.Paulo

Cinco ex-integrantes da cúpula da Prefeitura de Ribeirão Preto ligados ao PT e ao ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) devem ser indiciados pela Polícia Civil no inquérito que apura o suposto esquema de fraudes em serviço de limpeza pública e o pagamento de propina a agentes políticos entre 2001 e 2004.

O indiciamento deve atingir Juscelino Antonio Dourado (ex-chefe de gabinete de Palocci no ministério), Donizeti Rosa (ex-secretário de Governo em Ribeirão), Isabel Bordini (responsável pelo órgão que gerenciava os contratos de lixo), o ex-prefeito Gilberto Maggioni (vice de Palocci) e Nelson Colela (ex-secretário de Governo de Maggioni).

Dourado deixou a chefia do gabinete de Palocci no ministério em setembro, após o advogado Rogério Buratti, também ex-secretário de Palocci em Ribeirão Preto, denunciar o suposto esquema de pagamento de propina a quatro prefeitos de São Paulo, entre eles o ministro. O inquérito também foi instaurado com base na denúncia, segundo a qual Palocci e seu sucessor, Maggioni, receberiam R$ 50 mil mensais da empreiteira Leão Leão para manter os pagamentos em dia --R$ 2,2 milhões por mês. Em outras prefeituras (Sertãozinho, Matão e Monte Alto), as propinas eram proporcionais, de 12% a 15% do contrato.

Donizeti Rosa, que presidiu o PT em Ribeirão Preto e hoje é diretor do Serpro (Serviço Federal de Processamentos de Dados), é marido de Isabel Bordini, que foi superintendente do Daerp (Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto) entre 2001 e 2004.

Esse é o período, segundo o delegado seccional Benedito Antonio Valencise, em que está "100% comprovada" a fraude nos pagamentos à Leão. Documentos e depoimentos de funcionários do departamento, responsável pela limpeza urbana, apontam o superfaturamento dos preços pagos à empreiteira. A suspeita é que dinheiro pago a mais pela prefeitura tenha voltado ao o prefeito, que o destinaria a um caixa dois do PT.

Dois funcionários do Daerp ouvidos pela polícia disseram ter recebido ordens de Bordini para fraudar números dos serviços em benefício da empreiteira, que nega a acusação.

Bordini também eleva a suspeita do Ministério Público Estadual de que o pagamento de propina era de R$ 300 mil mensais e não R$ 50 mil, como disse Buratti. Um dos indícios é uma conversa de Bordini com um funcionário da Leão em que ela fala de um acordo com Wilney Barquete, irmão do ex-assessor de Palocci Ralf Barquete, de um repasse mensal de "R$ 300". Os promotores acreditam que pode ser R$ 300 mil.

Bordini, Donizeti, Dourado e o ex-secretário da Fazenda Ralf Barquete (morto em 2004) eram considerados o "núcleo duro" de Palocci. Todos, com exceção de Bordini, foram para Brasília, onde ocupar cargos ligados ao governo. Outros dois indiciados são o ex-prefeito Maggioni e seu ex-secretário de Governo, Nelson Colela, que supostamente mantiveram o recebimento de propina após a saída de Palocci.

Um dos documentos encontrados no computador de Wilney Barquete, ex-presidente da Leão Ambiental, aponta a existência de caixa dois --pagamento mensal de R$ 50 mil para o "Dr.". Para os promotores, que ainda não têm provas para indiciar Palocci, a sigla pode ter sido usada para ocultar o nome do prefeito.

Por e-mail, Bordini e Donizeti Rosa, dizem que os atos travados pelo Daerp com a Leão Leão estariam regularmente escriturados na contabilidade e que não se lembram de manter contato telefônico com Fernando Fischer [sobre o acordo para repassar "R$ 300"]. Disseram ainda que não vão se manifestar sobre as provas porque são secretas. Colela disse que está à disposição da Justiça para as explicações necessárias.

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