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16/11/2005 - 09h39

Nova testemunha diz que Celso Daniel resistiu ao seqüestro

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da Folha de S.Paulo

De volta à cena do crime, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) encontrou ontem uma nova testemunha do seqüestro do prefeito Celso Daniel, morto em janeiro de 2002. Com vista para a rua em que o prefeito de Santo André foi seqüestrado, em Vila das Mercês, Y, 64, conta que, cercado por "oito a dez bandidos", Celso Daniel resistiu. "Ele falava alto. Não queria subir [a rua até o carro onde foi carregado]", disse.

Y e a irmã assistiram, da cozinha de sua casa, ao momento em que Celso Daniel era "empurrado" por dois homens, "segurando em seu braço, um de cada lado", ladeira acima. Informalmente ouvida por Suplicy, Y repetiu ontem que, em nenhum momento, viu o empresário Sérgio Gomes da Silva --o Sombra-- ser rendido pelos bandidos. Sombra dirigia o carro.

"Ele ficou sozinho lá embaixo. Não ficou ninguém lá. Os bandidos estavam todos com o prefeito. Ele ficou sozinho. Não tinha ninguém. Ele ficou fora do carro", lembrou ela, acrescentando que os seqüestradores entraram, rapidamente, em dois carros depois de empurrar Celso Daniel para dentro de um deles.

Diante do interesse dos repórteres que acompanhavam Suplicy, Y disse, porém, que não dava para garantir que Gomes da Silva estava sozinho no exato momento do seqüestro, porque só se deu conta da presença dele "imediatamente depois" de o prefeito ser levado. "Não sei se foi ao mesmo tempo."

A irmã de Y, que não quer falar, foi quem despertou sua atenção para o fato de Sombra ter ficado. "Minha irmã comentou 'engraçado que levaram só um. Por que será? Quem é?'."

Ainda de acordo com o relato de Y, "antes de a Polícia chegar, ele ficou sozinho lá embaixo, em frente ao carro batido [o jipe Pajero], falando no celular". Não dava para saber se ele aparentava tranqüilidade, "porque estava escuro". "Daí demorou uns 3, 4 minutos" e a polícia chegou.

Ela disse que as duas ouviram barulho de tiros, mas só foram à janela "quando acalmou". "Ele [Celso Daniel] já estava quase entrando no carro."

Y disse que não contou o que viu à polícia por temer pela segurança de sua família. Suplicy informou que pedirá sua convocação ao Ministério Público e à Polícia Civil. Y deverá depor, mantendo sua identidade sob sigilo.

Por intermédio da assessoria, a Secretaria de Segurança Pública afirmou que só poderá confirmar se interrogou Y após ser oficialmente informada de seu nome. Segundo a secretaria, "a polícia vai checar todas as informações que devem ser repassadas pelo Senador Suplicy e dará continuidade aos depoimentos".

Em sua ronda pela rua Antônio Bezerra, onde Celso Daniel foi seqüestrado, Suplicy ouviu de uma moradora, que se identificou como Ana Maria, um relato que atestaria a tranqüilidade de Gomes da Silva após o seqüestro.

Ao senador ela descreveu o seguinte diálogo com o filho no dia do crime: "Roubaram o carro?", perguntou ela. "Não", disse o filho, após ter ido ao local do seqüestro. "E o cara, está bem?", questionou Ana Maria. "Está. Está falando no celular", respondeu o filho dela.

À tarde, Ana Maria mudou o discurso: "Meu filho disse que estou louca, que nunca falou em celular. Avise isso a ele [Suplicy]", disse à Folha.

Para Suplicy, apesar de não serem conclusivos, são relatos importantes que podem endossar a tese da Promotoria de que o empresário orientava os criminosos. "Como ele não se esforçou para deter o seqüestro do amigo?"

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Eduardo Suplicy
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