Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
16/11/2005 - 10h11

Relatório da CPI deve ignorar "mensalão" e endossar tese de caixa 2

Publicidade

da Folha Online

O relator da CPI do Mensalão, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), deve afirmar nesta quarta-feira que não encontrou indícios que provem a existência do "mensalão", mas que parlamentares acusados de envolvimento em irregularidades utilizaram o caixa dois para financiar parte de suas campanhas ou pagar dívidas.

Abi-Ackel vai apresentar seu relatório em reunião administrativa marcada para hoje, a partir das 10h. No documento, o relator irá afirmar que houve repasses ilícitos, mas não periódicos, e que, por isso, não é possível provar que houve o pagamento de mesada a parlamentares da base em troca de apoio político.

O relator informou hoje que não incluirá novos nomes de parlamentares no relatório. Segundo ele, os nomes de todos os parlamentares envolvidos já foram encaminhados ao Conselho de Ética.

No entanto, Abi-Ackel disse que constará no documento os nomes de quem ele classifica como "corruptores": o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, diretores dos bancos BMG e Rural e o publicitário Duda Mendonça.

Prazo

A CPI foi criada para funcionar 120 dias e o prazo termina à meia-noite de hoje.

O presidente da comissão, Amir Lando (PMDB-RO), disse ter conseguido as 27 assinaturas necessárias no Senado para pedir a prorrogação dos trabalhos. No entanto, ainda falta convencer os deputados a endossar o pedido. Caso não reúna o apoio necessário, a CPI fica extinta a partir desta quinta-feira.

A oposição corre contra o tempo para tentar prorrogar a comissão. Já o governo dá sinais de que prefere ver a CPI extinta.

Até o final da tarde de anteontem, 30 assinaturas para estender as investigações haviam sido coletadas no Senado, três a mais do que o mínimo necessário. O problema está na Câmara: é necessário o apoio de 171 deputados, mas apenas 15 nomes foram recolhidos pelo deputado José Rocha (PFL-BA), que começou esse trabalho na quinta-feira passada.

A oposição quer a prorrogação até abril. O governo diz que aceita 30 dias, mas na prática quer o fim imediato. "Essa CPI já cumpriu um papel e agora perdeu o foco", diz o senador Sibá Machado (PT-AC), um dos integrantes.

A CPI do Mensalão, chamada de CPI da Compra de Votos pelo governo, foi uma invenção da base aliada para tentar retirar o foco da CPI dos Correios. Iniciada em 20 de julho, tinha como meta investigar também a compra de votos para a emenda que instituiu a reeleição, na gestão de Fernando Henrique Cardoso, em 1997.

Deu tudo errado para o governo. A CPI do Mensalão nunca foi levada muito a sério e tornou-se um apêndice da dos Correios. Não fez grandes descobertas sobre o "mensalão". A investigação sobre FHC não decolou. Mas ela poderia ganhar algum fôlego, com a contratação, na semana passada, de auditores externos.

As lideranças de PFL e PSDB estão convocando seus parlamentares para estar em Brasília hoje e assinar. Mas além de enfrentar a pressão do governo, há a dificuldade de mobilizar deputados em uma semana de feriado.

Representante do governo na CPI, o deputado Odair Cunha (PT-MG) diz que é possível fazer um relatório em 30 dias: "Queremos que seja feito um relatório, mas não precisa de 120 dias".

Se realmente conseguir impedir a prorrogação da CPI, será uma rara vitória para um governo que acaba de ser derrotado na batalha para encerrar a CPI dos Correios, prorrogada até abril.

Com ROSE ANE SILVEIRA, da Folha Online, em Brasília, e Folha de S.Paulo

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre a CPI do Mensalão
  • Leia a cobertura completa sobre a crise em Brasília
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página