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17/11/2005
-
09h00
FERNANDO RODRIGUES
ELIANE CANTANHÊDE
da Folha de S.Paulo
Rachada e pega de surpresa pelo depoimento de ontem de Antonio Palocci, a oposição decidiu não se expor e acabou dando a oportunidade para o titular da Fazenda falar de maneira suave sobre economia e pouco sobre as acusações de corrupção envolvendo seu nome. Não afastou, porém, na avaliação de membros da oposição, a ameaça de ser convocado pela CPI dos Bingos.
Entre os dois principais partidos de oposição, PFL e PSDB (31 senadores e 115 deputados), acabou vencendo a tese de focar o depoimento de Palocci apenas em questões econômicas.
"O governo preparou um teatro e nós não entramos nele", disse o presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC).
Tasso Jereissati (PSDB-CE), que assumirá o comando da sigla tucana amanhã, deu uma entrevista recente afirmando que a oposição tem sido incompetente na atual crise. Indagado pela Folha se ontem não seria incompetência perder a oportunidade de questionar Palocci sobre as acusações de corrupção, respondeu: "Hoje não é incompetência. É prudência".
O tucano havia participado na noite anterior de um encontro com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Murilo Portugal. A reunião ocorreu na casa do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
Enviado por Palocci, Murilo Portugal conseguiu firmar um pacto de bom relacionamento com Tasso e ACM. Ambos disseram que as perguntas a Palocci seriam todas em tom respeitoso.
Cerca de 12 horas depois, parte do PFL rechaçou o acerto de ACM. Reunidos, os senadores pefelistas cogitaram até boicotar a sessão em que estaria o ministro.
A idéia do boicote foi defendida por Bornhausen e pelo senador José Jorge (PE). Durou pouco. Marco Maciel (PFL-PE) sugeriu que o depoimento fosse usado para tratar de temas econômicos, como seria dado à CAE (Comissão de Assuntos Econômicos).
Já quase no final da manhã, sem que a oposição tomasse conhecimento, ficou consolidada também a transferência da fala de Palocci do plenário principal do Senado para o pequeno auditório da CAE. Essa transferência de local foi maquinada pelo líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), que telefonou logo cedo para o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Só seria possível transferir se todos os líderes partidários estivessem de acordo, disse Renan. O petista sugeriu uma inversão: Palocci falaria no pequeno auditório da CAE, e só retornaria ao plenário principal se todos os partidos concordassem. Renan aceitou.
À tarde, quando Palocci começava sua exposição, ainda houve uma tentativa de levar o ministro para o plenário principal. Novo fracasso da oposição. Sentados à mesa, dois ex-presidentes da Casa, José Sarney (PMDB-AP) e ACM, operaram para que todos ficassem onde estavam.
Já na metade do depoimento, apesar dos reveses impostos pelo governo, a oposição achava que tinha sido bem-sucedida por ter conseguido, como dizia o senador José Jorge, "manter o Palocci em fogo brando". Entre governistas, a visão era distinta. "Ele foi muito convincente. Não acho necessário que vá a uma CPI", disse o senador Ney Suassuna (PMDB-PB).
Mesmo ACM continuava a ter uma atitude de algum alinhamento ao Planalto: "Se fosse hoje, acho que não seria necessária a ida dele à CPI. Mas não quer dizer que possa ir mais adiante".
A oposição acha que, ao ter poupado Palocci, deixou para o governo o ônus de mantê-lo no cargo em meio às acusações que podem continuar a surgir.
A votação para que o ministro vá à CPI deve ocorrer na semana que vem. Está confirmada a ida de Palocci à Câmara para falar sobre o Fundeb (fundo que custeará os ensinos básico e médio).
Especial
Leia o que já foi publicado sobre o ministro Antonio Palocci
Rachada, oposição dá mais tempo a Palocci
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ELIANE CANTANHÊDE
da Folha de S.Paulo
Rachada e pega de surpresa pelo depoimento de ontem de Antonio Palocci, a oposição decidiu não se expor e acabou dando a oportunidade para o titular da Fazenda falar de maneira suave sobre economia e pouco sobre as acusações de corrupção envolvendo seu nome. Não afastou, porém, na avaliação de membros da oposição, a ameaça de ser convocado pela CPI dos Bingos.
Entre os dois principais partidos de oposição, PFL e PSDB (31 senadores e 115 deputados), acabou vencendo a tese de focar o depoimento de Palocci apenas em questões econômicas.
"O governo preparou um teatro e nós não entramos nele", disse o presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC).
Tasso Jereissati (PSDB-CE), que assumirá o comando da sigla tucana amanhã, deu uma entrevista recente afirmando que a oposição tem sido incompetente na atual crise. Indagado pela Folha se ontem não seria incompetência perder a oportunidade de questionar Palocci sobre as acusações de corrupção, respondeu: "Hoje não é incompetência. É prudência".
O tucano havia participado na noite anterior de um encontro com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Murilo Portugal. A reunião ocorreu na casa do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
Enviado por Palocci, Murilo Portugal conseguiu firmar um pacto de bom relacionamento com Tasso e ACM. Ambos disseram que as perguntas a Palocci seriam todas em tom respeitoso.
Cerca de 12 horas depois, parte do PFL rechaçou o acerto de ACM. Reunidos, os senadores pefelistas cogitaram até boicotar a sessão em que estaria o ministro.
A idéia do boicote foi defendida por Bornhausen e pelo senador José Jorge (PE). Durou pouco. Marco Maciel (PFL-PE) sugeriu que o depoimento fosse usado para tratar de temas econômicos, como seria dado à CAE (Comissão de Assuntos Econômicos).
Já quase no final da manhã, sem que a oposição tomasse conhecimento, ficou consolidada também a transferência da fala de Palocci do plenário principal do Senado para o pequeno auditório da CAE. Essa transferência de local foi maquinada pelo líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), que telefonou logo cedo para o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Só seria possível transferir se todos os líderes partidários estivessem de acordo, disse Renan. O petista sugeriu uma inversão: Palocci falaria no pequeno auditório da CAE, e só retornaria ao plenário principal se todos os partidos concordassem. Renan aceitou.
À tarde, quando Palocci começava sua exposição, ainda houve uma tentativa de levar o ministro para o plenário principal. Novo fracasso da oposição. Sentados à mesa, dois ex-presidentes da Casa, José Sarney (PMDB-AP) e ACM, operaram para que todos ficassem onde estavam.
Já na metade do depoimento, apesar dos reveses impostos pelo governo, a oposição achava que tinha sido bem-sucedida por ter conseguido, como dizia o senador José Jorge, "manter o Palocci em fogo brando". Entre governistas, a visão era distinta. "Ele foi muito convincente. Não acho necessário que vá a uma CPI", disse o senador Ney Suassuna (PMDB-PB).
Mesmo ACM continuava a ter uma atitude de algum alinhamento ao Planalto: "Se fosse hoje, acho que não seria necessária a ida dele à CPI. Mas não quer dizer que possa ir mais adiante".
A oposição acha que, ao ter poupado Palocci, deixou para o governo o ônus de mantê-lo no cargo em meio às acusações que podem continuar a surgir.
A votação para que o ministro vá à CPI deve ocorrer na semana que vem. Está confirmada a ida de Palocci à Câmara para falar sobre o Fundeb (fundo que custeará os ensinos básico e médio).
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