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19/11/2005
-
10h00
CATIA SEABRA
da Folha de S.Paulo
Razão do primeiro escândalo do governo Lula, a gravação da conversa entre o empresário do jogo Carlos Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e o ex-assessor da Presidência Waldomiro Diniz conserva potencial explosivo. A revelação de trechos da fita está produzindo faísca entre Cachoeira e o ex-prefeito de Anápolis Ernani José de Paula (sem partido).
Na fita, Cachoeira chama Ernani de "vagabundo" depois de conversar com ele ao celular. "Que prefeito malandro", diz. "Pior que o Waldomiro?", pergunta o assessor José Angelo Begnini.
"Isso aqui é pior, pior. Vagabundo", responde.
O comentário destoa do tom amistoso do telefonema, iniciado com um efusivo "Oh, prefeitaço, se esquece de mim, rapaz?", mas marcado por indiretas. Por exemplo: Cachoeira cobra de Ernani a caneta "MontBlanc, de ouro", de um amigo comum. "A caneta de ouro dele que sumiu... Tenho que ficar colado nocê."
A gravação, que reproduz apenas a participação de Cachoeira na conversa (Ernani estava do outro lado da linha), traz a negociação de dinheiro num ano eleitoral. "Não, nós vamos agilizar essa verba aí...Amanhã? Estou. Amanhã à tarde. Vamos falar?"
Ambos citam nomes de donos de laboratórios de Anápolis. Segundo Cachoeira, Ernani pediu "patrocínio para a recuperação de praças". A versão de Ernani é outra: "Tínhamos cinco deputados federais. Queria reunir esses empresários para ajudar todos. Aí, procurei essa anta do Cachoeira", diz ele, afirmando que a proposta fracassou.
Cachoeira, por sua vez, justifica as expressões nada gentis. "A gente fez a coleta de lixo na cidade e levou um cano de seis meses. Você sabe que ele foi afastado da prefeitura, né?", afirma Cachoeira, referindo-se à cassação do mandato de Ernani por desvio de verba em novembro de 2003.
Na conversa, Cachoeira também comenta ter visto Ernani ao lado do então ministro da Saúde, José Serra, candidato do PSDB à Presidência naquele ano na inauguração de um laboratório. "Ernani, Ernani, pára de falar que está apoiando o Serra", diz, concluindo: "Essa candidatura do Serra está mais do que enterrada". Graças à conversa, é possível identificar a data da gravação que, parcialmente divulgada em 2004, levou à saída de Waldomiro da assessoria da Casa Civil. Ainda durante o telefonema, Cachoeira faz referência à visita de Fernando Henrique a Anápolis naquele dia e cita a inauguração de um laboratório uma semana antes.
Só depois do telefonema que Waldomiro chega. O primeiro assunto da pauta é a quitação do contrato de seguro entre Cachoeira e a Interbrazil. Essa era uma condição legal para que Cachoeira obtivesse o controle do jogo no bicho. Depois, Waldomiro pede propina a Cachoeira. Segundo cópias de e-mail em poder da CPI, a Interbrazil apoiou a campanha do PT em 2004 a pedido de Adhemar Palocci, diretor da Eletronorte e irmão do ministro da Fazenda, Antonio Palocci. O presidente da empresa confirma a ajuda, mas nega o pedido de Adhemar.
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Fita mostra ofensa de Cachoeira a prefeito
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da Folha de S.Paulo
Razão do primeiro escândalo do governo Lula, a gravação da conversa entre o empresário do jogo Carlos Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e o ex-assessor da Presidência Waldomiro Diniz conserva potencial explosivo. A revelação de trechos da fita está produzindo faísca entre Cachoeira e o ex-prefeito de Anápolis Ernani José de Paula (sem partido).
Na fita, Cachoeira chama Ernani de "vagabundo" depois de conversar com ele ao celular. "Que prefeito malandro", diz. "Pior que o Waldomiro?", pergunta o assessor José Angelo Begnini.
"Isso aqui é pior, pior. Vagabundo", responde.
O comentário destoa do tom amistoso do telefonema, iniciado com um efusivo "Oh, prefeitaço, se esquece de mim, rapaz?", mas marcado por indiretas. Por exemplo: Cachoeira cobra de Ernani a caneta "MontBlanc, de ouro", de um amigo comum. "A caneta de ouro dele que sumiu... Tenho que ficar colado nocê."
A gravação, que reproduz apenas a participação de Cachoeira na conversa (Ernani estava do outro lado da linha), traz a negociação de dinheiro num ano eleitoral. "Não, nós vamos agilizar essa verba aí...Amanhã? Estou. Amanhã à tarde. Vamos falar?"
Ambos citam nomes de donos de laboratórios de Anápolis. Segundo Cachoeira, Ernani pediu "patrocínio para a recuperação de praças". A versão de Ernani é outra: "Tínhamos cinco deputados federais. Queria reunir esses empresários para ajudar todos. Aí, procurei essa anta do Cachoeira", diz ele, afirmando que a proposta fracassou.
Cachoeira, por sua vez, justifica as expressões nada gentis. "A gente fez a coleta de lixo na cidade e levou um cano de seis meses. Você sabe que ele foi afastado da prefeitura, né?", afirma Cachoeira, referindo-se à cassação do mandato de Ernani por desvio de verba em novembro de 2003.
Na conversa, Cachoeira também comenta ter visto Ernani ao lado do então ministro da Saúde, José Serra, candidato do PSDB à Presidência naquele ano na inauguração de um laboratório. "Ernani, Ernani, pára de falar que está apoiando o Serra", diz, concluindo: "Essa candidatura do Serra está mais do que enterrada". Graças à conversa, é possível identificar a data da gravação que, parcialmente divulgada em 2004, levou à saída de Waldomiro da assessoria da Casa Civil. Ainda durante o telefonema, Cachoeira faz referência à visita de Fernando Henrique a Anápolis naquele dia e cita a inauguração de um laboratório uma semana antes.
Só depois do telefonema que Waldomiro chega. O primeiro assunto da pauta é a quitação do contrato de seguro entre Cachoeira e a Interbrazil. Essa era uma condição legal para que Cachoeira obtivesse o controle do jogo no bicho. Depois, Waldomiro pede propina a Cachoeira. Segundo cópias de e-mail em poder da CPI, a Interbrazil apoiou a campanha do PT em 2004 a pedido de Adhemar Palocci, diretor da Eletronorte e irmão do ministro da Fazenda, Antonio Palocci. O presidente da empresa confirma a ajuda, mas nega o pedido de Adhemar.
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