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15/12/2005 - 20h53

PF prende jornalistas holandeses durante desocupação

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ANA RAQUEL COPETTI
Colaboração para a Agência Folha, em Campo Grande

Dois jornalistas da televisão pública da Holanda foram detidos pelos policiais federais que efetuaram o despejo de quase 700 índios de três fazendas em Antônio João (300 km de Campo Grande), em Mato Grosso do Sul.

Em nota oficial divulgada pela assessoria de imprensa, a Polícia Federal informou que os estrangeiros estavam com visto irregular e, por isso, foram detidos e devem deixar o país dentro de três dias.

A repórter Tetra Anganieta Spreij e o cinegrafista Jefrim Rothuizen ingressaram no Brasil na condição de turistas, o que os impede, conforme o Estatuto do Estrangeiro, de exercer atividade remunerada.

Segundo a Polícia Federal, o estrangeiro que pretende vir ao Brasil na condição de correspondente de jornal, revista, rádio, televisão ou agência noticiosa deverá obter o visto na condição de temporário.

Os jornalistas foram levados pela Polícia Federal para a delegacia de Ponta Porã (MS), próximo a Antônio João. Além de serem notificados e serem obrigados a deixar o país, Spreij e Rothuizen tiveram de pagar multa de R$ 414 cada um.

A equipe televisão estatal holandesa foi abordada quando registrava a chegada dos policiais à fazenda Ita Brasília, onde estavam concentrados os índios guarani-caiuá.

Desocupação

A PF concluiu hoje à tarde o despejo de quase 700 índios guarani-caiuá que estavam nas fazendas em Antônio João.

Os indígenas não ofereceram resistência à ação policial, mas desde cedo líderes espirituais munidos de chocalhos entoavam rezas e rituais religiosos. Crianças, mulheres e idosos empunhavam cartazes reivindicando a permanência na área.

As famílias ocupavam as fazendas Piquiri Santa Creuza, Ita Brasília e Morro Alto, que compunham a terra Nhanderu Marangatu, homologada em março deste ano pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região havia determinado, em setembro, a reintegração de posse aos fazendeiros que se dizem proprietários das terras. Na última terça-feira o STF (Supremo Tribunal Federal) negou o pedido de suspensão da liminar, determinando que as famílias indígenas fossem retiradas até ontem à tarde.

De acordo com o coordenador do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), Egon Heck, a Funai (Fundação Nacional do Índio) reconhece como justificativa para a homologação estudos antropológicos que asseguram que as terras são indígenas.

Para efetuar a desocupação, a Polícia Federal mobilizou 150 homens. Os indígenas, que estavam na propriedade desde o mês de outubro, foram levados para a fazenda Fronteira, que fica a 1,5 km da área e tem 26 hectares, onde viviam até entrarem na Nhanderu Marangatu.

O Cimi tentou amenizar a tensão na área afirmando que a decisão judicial não é definitiva, pois outras duas ações correm no TRF da 3ª Região e podem garantir a volta da família às fazendas.

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