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01/10/2000
-
09h40
ELIANE SILVA
da Agência Folha
Há um pouco de tudo no cardápio oferecido hoje aos eleitores de cinco Brasis espalhados pelo país. De candidato bóia-fria petista contra prefeito produtor rural tucano até alianças improváveis em nível nacional.
Vitória Brasil (SP), Novo Brasil (GO), Brasil Novo (PA), Assis Brasil (AC) e Sul Brasil (SC) têm população inferior a 14 mil habitantes, Câmara com nove vereadores, economia baseada na agricultura e sobrevivem com repasses estaduais e federais.
Vitória Brasil (SP), o menor e o mais novo desses municípios, vive uma eleição saída de cartilhas de esquerda em termos de disputa ideológica: de um lado, um prefeito candidato agropecuarista do PSDB; do outro, um bóia-fria do PT. O colégio eleitoral da cidade, emancipada em dezembro de 93, é de 1.613 eleitores. A arrecadação mensal é de cerca de R$ 100 mil, sendo 90% em repasses.
O tucano Barcinho Ormaneze, atual prefeito com salário de R$ 2.500, tem o apoio de outros quatro partidos: PMDB, PPB, PTB e PFL. O adversário petista, João Tomé, sem salário fixo, não conseguiu apoio de outros partidos.
Ormaneze, 40, é casado e tem dois filhos. O prefeito é proprietário de três sítios, tem 200 cabeças de gado de leite, uma camionete D-20 ano 87, um Palio 96, uma moto CG-125 e um caminhão de transporte de gado.
Ele diz que gastou R$ 15 mil na campanha. Estão incluídos na conta a realização de dois comícios, o uso de um carro de som, uma carreata que teve até bois e cavalos, o aluguel de um comitê, os santinhos e 1.200 camisetas.
Tomé, que estudou até a 5ª série, é casado e tem cinco filhos. Entre suas posses, uma casa de três cômodos e uma bicicleta, devidamente decorada com o adesivo ''13'' e usada como veículo de campanha.
Ele afirma que gastou R$ 200 na candidatura para a confecção de um jingle, aluguel de caixa de som e a realização de um comício. Os santinhos vieram do diretório do partido em Votuporanga, cidade vizinha. O carro de som, uma Brasília ano 77, é de Zequinha, presidente do partido na cidade e candidato a vereador.
''Minha mulher é quem me sustenta na campanha'', diz Tomé, referindo-se a Áurea Cardoso de Sá Tomé, 47, que trabalha como faxineira em Jales, com salário de R$ 250 mensais.
''Emprego é o nosso principal problema. Por isso, se for eleito, vou criar frentes de trabalho e trazer firmas'', diz Tomé. ''Já comprei uma área para construir um distrito industrial. Só falta atrair as empresas'', rebate Ormaneze.
Diariamente, o prefeito atende pelo menos 20 pessoas com pedidos diversos. Tomé também não escapa dos pedidos: ''Eles acham que o PT manda dinheiro'', diz o bóia-fria.
Vencendo o agropecuarista ou o bóia-fria, uma coisa é certa: vai ter churrasco na comemoração. Ambos já garantiram carne para a festa.
Outros Brasis
As composições políticas são polarizadas entre cinco partidos nos Brasis (PMDB, PFL, PSDB, PTB e PT), mas nem sempre os cenários nacionais se repetem.
Em Sul Brasil (SC), por exemplo, o comerciante Delci Antônio Valentini (PMDB) é apoiado pelo prefeito petista Jobert Peruzzo. Ele concorre com o professor Leonir Werner (PTB), na terceira eleição do ex-distrito de Modelo.
Novo Brasil, município no interior de Goiás que se emancipou há 42 anos, é o único dos cinco Brasis que tem três candidatos a prefeito. O pequeno produtor Vilmar Batista Ramos (PMDB) disputa com o fazendeiro Itamar Soares (PFL) e com Júlio Natalício Lima (PSDB), que já foi prefeito duas vezes.
As rupturas políticas também fazem parte dos Brasis. Ex-distrito de Altamira (PA), Brasil Novo tem como concorrentes dois ex-companheiros de chapa: o ex-prefeito Antônio Lorenzoni (PTB) enfrenta o atual prefeito, José Carlos Caetano (PSDB).
As eleições estão sendo disputadas em família em Assis Brasil (AC). O petista Manoel Batista de Araújo concorre com a prima Sônia Maria de Araújo (PTB). A cidade se emancipou de Brasiléia há 24 anos.
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Folclore marca eleições em cidades chamadas Brasil
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da Agência Folha
Há um pouco de tudo no cardápio oferecido hoje aos eleitores de cinco Brasis espalhados pelo país. De candidato bóia-fria petista contra prefeito produtor rural tucano até alianças improváveis em nível nacional.
Vitória Brasil (SP), Novo Brasil (GO), Brasil Novo (PA), Assis Brasil (AC) e Sul Brasil (SC) têm população inferior a 14 mil habitantes, Câmara com nove vereadores, economia baseada na agricultura e sobrevivem com repasses estaduais e federais.
Vitória Brasil (SP), o menor e o mais novo desses municípios, vive uma eleição saída de cartilhas de esquerda em termos de disputa ideológica: de um lado, um prefeito candidato agropecuarista do PSDB; do outro, um bóia-fria do PT. O colégio eleitoral da cidade, emancipada em dezembro de 93, é de 1.613 eleitores. A arrecadação mensal é de cerca de R$ 100 mil, sendo 90% em repasses.
O tucano Barcinho Ormaneze, atual prefeito com salário de R$ 2.500, tem o apoio de outros quatro partidos: PMDB, PPB, PTB e PFL. O adversário petista, João Tomé, sem salário fixo, não conseguiu apoio de outros partidos.
Ormaneze, 40, é casado e tem dois filhos. O prefeito é proprietário de três sítios, tem 200 cabeças de gado de leite, uma camionete D-20 ano 87, um Palio 96, uma moto CG-125 e um caminhão de transporte de gado.
Ele diz que gastou R$ 15 mil na campanha. Estão incluídos na conta a realização de dois comícios, o uso de um carro de som, uma carreata que teve até bois e cavalos, o aluguel de um comitê, os santinhos e 1.200 camisetas.
Tomé, que estudou até a 5ª série, é casado e tem cinco filhos. Entre suas posses, uma casa de três cômodos e uma bicicleta, devidamente decorada com o adesivo ''13'' e usada como veículo de campanha.
Ele afirma que gastou R$ 200 na candidatura para a confecção de um jingle, aluguel de caixa de som e a realização de um comício. Os santinhos vieram do diretório do partido em Votuporanga, cidade vizinha. O carro de som, uma Brasília ano 77, é de Zequinha, presidente do partido na cidade e candidato a vereador.
''Minha mulher é quem me sustenta na campanha'', diz Tomé, referindo-se a Áurea Cardoso de Sá Tomé, 47, que trabalha como faxineira em Jales, com salário de R$ 250 mensais.
''Emprego é o nosso principal problema. Por isso, se for eleito, vou criar frentes de trabalho e trazer firmas'', diz Tomé. ''Já comprei uma área para construir um distrito industrial. Só falta atrair as empresas'', rebate Ormaneze.
Diariamente, o prefeito atende pelo menos 20 pessoas com pedidos diversos. Tomé também não escapa dos pedidos: ''Eles acham que o PT manda dinheiro'', diz o bóia-fria.
Vencendo o agropecuarista ou o bóia-fria, uma coisa é certa: vai ter churrasco na comemoração. Ambos já garantiram carne para a festa.
Outros Brasis
As composições políticas são polarizadas entre cinco partidos nos Brasis (PMDB, PFL, PSDB, PTB e PT), mas nem sempre os cenários nacionais se repetem.
Em Sul Brasil (SC), por exemplo, o comerciante Delci Antônio Valentini (PMDB) é apoiado pelo prefeito petista Jobert Peruzzo. Ele concorre com o professor Leonir Werner (PTB), na terceira eleição do ex-distrito de Modelo.
Novo Brasil, município no interior de Goiás que se emancipou há 42 anos, é o único dos cinco Brasis que tem três candidatos a prefeito. O pequeno produtor Vilmar Batista Ramos (PMDB) disputa com o fazendeiro Itamar Soares (PFL) e com Júlio Natalício Lima (PSDB), que já foi prefeito duas vezes.
As rupturas políticas também fazem parte dos Brasis. Ex-distrito de Altamira (PA), Brasil Novo tem como concorrentes dois ex-companheiros de chapa: o ex-prefeito Antônio Lorenzoni (PTB) enfrenta o atual prefeito, José Carlos Caetano (PSDB).
As eleições estão sendo disputadas em família em Assis Brasil (AC). O petista Manoel Batista de Araújo concorre com a prima Sônia Maria de Araújo (PTB). A cidade se emancipou de Brasiléia há 24 anos.
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