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20/01/2006 - 09h41

Motorista do "caso Cuba" teve ajuda do PT

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LUIZ FRANCISCO
HUDSON CORRÊA
da Agência Folha, em Brasília

O motorista Éder Eustáquio Soares de Macedo, que teria transportado dólares vindos de Cuba para a campanha petista em 2002, recebeu --antes de depor ontem na CPI dos Bingos-- assessoria do advogado do PT Hélio Silveira, que também defende na comissão Ademirson Ariovaldo da Silva, assessor do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda). O escritório de Silveira ainda pagou, segundo a CPI, a hospedagem de Macedo em Brasília.

Motorista do Ministério da Fazenda no Rio, Macedo disse que foi indicado para o cargo por Ademirson em 2003. O escritório de Silveira pagou a hospedagem dele, de Macedo e da advogada que o assessorou no depoimento, Stela Cristina Nakazato, no hotel Mercure de Brasília. O gasto foi de R$ 476,79, diz a CPI. Nakazato também já trabalhou para o PT.

Em outubro de 2005, a revista "Veja" publicou que Vladimir Poleto, assessor de Palocci na Prefeitura de Ribeirão Preto (SP) em 2001, afirmou ter transportado US$ 1,4 milhão, dinheiro vindo de Cuba para campanha petista em 2002. Poleto voltou atrás e negou.

Ex-secretário de Palocci também na prefeitura (1993 e 1994), Rogério Buratti diz que foram transportados US$ 3 milhões. Disse ter ouvido a história de Ralf Barquete, ex-secretário de Palocci em 2001. Barquete morreu em 2004. Poleto nega que fosse dinheiro o material transportado.

Então taxista em São Paulo, Macedo foi contratado para dirigir o Ômega que levou Barquete ao aeroporto de Campinas. "Não posso confirmar [se tinha dinheiro]. Não desci do veículo. O doutor Ralf, que Deus o tenha, pediu para abrir o porta-malas. Apertei um botão no porta-luvas."

Segundo ele, do aeroporto Amarais, onde as caixas foram embarcadas, Poleto e Barquete pararam na churrascaria Montana Grill, em São Paulo. Novamente, Macedo diz ter aberto o porta-malas sem sair do carro. Barquete voltou e, segundo Macedo, pediu para que o motorista levasse Poleto ao aeroporto de Congonhas.

Muito nervoso na CPI, Macedo reconheceu que mentiu ao menos duas vezes à comissão. Vice-presidente da CPI, o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), médico, disse que Macedo estava sob efeitos de tranqüilizantes. O motorista disse ter tomado diurético.

No começo, disse que havia conhecido Hélio Silveira no comitê eleitoral de 2002, quando era motorista de táxi na cidade. Depois, voltou atrás e afirmou que manteve contato pela primeira vez com o advogado logo após a publicação da revista "Veja". Silveira e outros dois funcionários da Fazenda acompanharam grande parte do depoimento de Macedo. No final, Macedo disse que só anteontem conheceu o advogado.

O motorista não soube explicar quem pagou a diária do hotel em que ficou hospedado. A oposição deixou a sessão com a certeza de que Macedo foi orientado pelo PT. "Está na cara que o PT está por trás, pagando as despesas com advogado e hotel", disse o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).

Irritado com as contradições, Dias disse que a CPI deve convocar Palocci para depor. "A corda tem de arrebentar do lado mais forte. O silêncio do depoente [Macedo] é comprometedor, o que coloca sob suspeita o ministro."

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