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24/01/2006
-
09h12
ELIANE CANTANHÊDE
Colunista da Folha
O vice-presidente José Alencar pediu demissão do Ministério da Defesa, cargo que acumula, e disse ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que gostaria de sair "o quanto antes". Lula acatou, mas pediu tempo para definir um sucessor. A justificativa de Alencar para se afastar da Defesa é que pretende disputar as eleições de outubro em Minas Gerais e, para isso, pode continuar na Vice-Presidência, mas terá que se desincompatibilizar do ministério até 1º de abril. Esse, porém, pode ter sido apenas um pretexto, porque ele continua dizendo nos bastidores que não decidiu concorrer.
Alencar vem acumulando uma série de atritos e dissabores no governo, condena publicamente a política de juros altos praticada pelo Banco Central, reclama que não é ouvido pelo Planalto e nunca se afirmou efetivamente como comandante das Forças Armadas.
Foi, por exemplo, atropelado pelo anúncio do Itamaraty de que o general José Elito Siqueira seria indicado pelo Brasil à ONU como novo comandante das tropas de paz no Haiti. O combinado era que o nome só seria divulgado depois de um encontro entre o ministro e o comandante do Exército, general Francisco Albuquerque, mas isso não foi respeitado.
A última má notícia é que, num jantar com o PMDB, na última quinta-feira, Lula teria dito aos senadores José Sarney (AP), Renan Calheiros (AL) e Ney Suassuna (PB) que queria o partido em sua chapa em 2006.
Além disso, Alencar ficou irritado com a informação de que a Polícia Federal apura um depósito de R$ 1 milhão do PT na conta da Coteminas, empresa de sua família, e que seu filho, Josué Gomes, poderá ser chamado a depor.
Alencar, que integrou a chapa de Lula em 2002 pelo PL, filiou-se em setembro de 2005 ao PMR, que dois meses depois mudou de nome para PRB (Partido Republicano Brasileiro).
Se quiser concorrer a senador, por exemplo, terá de se desincompatibilizar da Defesa, mas não da Vice-Presidência. Ele pode manter a vice, desde que não assuma o lugar de Lula nos seis meses anteriores às eleições. Se Lula viajar para fora do país, ele terá de viajar também.
Alencar assumiu a Defesa em 8 de novembro de 2004, substituindo o embaixador José Viegas, que caiu após atritos com o Exército. Alencar, porém, sempre admitiu que nunca entendeu nada de Forças Armadas e passou os primeiros meses de sua gestão mais envolvido com uma solução para a crise da Varig do que com assuntos propriamente de Defesa.
No Exército, na Marinha e na Aeronáutica, é conhecido como "bonachão", bem-falante e agradável, mas inadequado para lutar pelas principais reivindicações de uma área tão sensível: aumento de soldos e reaparelhamento.
O ex-presidente Itamar Franco (PMDB) manifestou ontem apoio a uma eventual candidatura de Alencar à Presidência. Disse que Alencar é um "grande nome", mas que ainda precisava conversar com o vice sobre sua disposição em concorrer ao Planalto.
"[Alencar] é um grande nome. A alma dele se tocará por isso? Só ele pode responder", disse Itamar.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre as eleições 2006
Alencar cita eleições e acerta saída da Defesa
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Colunista da Folha
O vice-presidente José Alencar pediu demissão do Ministério da Defesa, cargo que acumula, e disse ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que gostaria de sair "o quanto antes". Lula acatou, mas pediu tempo para definir um sucessor. A justificativa de Alencar para se afastar da Defesa é que pretende disputar as eleições de outubro em Minas Gerais e, para isso, pode continuar na Vice-Presidência, mas terá que se desincompatibilizar do ministério até 1º de abril. Esse, porém, pode ter sido apenas um pretexto, porque ele continua dizendo nos bastidores que não decidiu concorrer.
Alencar vem acumulando uma série de atritos e dissabores no governo, condena publicamente a política de juros altos praticada pelo Banco Central, reclama que não é ouvido pelo Planalto e nunca se afirmou efetivamente como comandante das Forças Armadas.
Foi, por exemplo, atropelado pelo anúncio do Itamaraty de que o general José Elito Siqueira seria indicado pelo Brasil à ONU como novo comandante das tropas de paz no Haiti. O combinado era que o nome só seria divulgado depois de um encontro entre o ministro e o comandante do Exército, general Francisco Albuquerque, mas isso não foi respeitado.
A última má notícia é que, num jantar com o PMDB, na última quinta-feira, Lula teria dito aos senadores José Sarney (AP), Renan Calheiros (AL) e Ney Suassuna (PB) que queria o partido em sua chapa em 2006.
Além disso, Alencar ficou irritado com a informação de que a Polícia Federal apura um depósito de R$ 1 milhão do PT na conta da Coteminas, empresa de sua família, e que seu filho, Josué Gomes, poderá ser chamado a depor.
Alencar, que integrou a chapa de Lula em 2002 pelo PL, filiou-se em setembro de 2005 ao PMR, que dois meses depois mudou de nome para PRB (Partido Republicano Brasileiro).
Se quiser concorrer a senador, por exemplo, terá de se desincompatibilizar da Defesa, mas não da Vice-Presidência. Ele pode manter a vice, desde que não assuma o lugar de Lula nos seis meses anteriores às eleições. Se Lula viajar para fora do país, ele terá de viajar também.
Alencar assumiu a Defesa em 8 de novembro de 2004, substituindo o embaixador José Viegas, que caiu após atritos com o Exército. Alencar, porém, sempre admitiu que nunca entendeu nada de Forças Armadas e passou os primeiros meses de sua gestão mais envolvido com uma solução para a crise da Varig do que com assuntos propriamente de Defesa.
No Exército, na Marinha e na Aeronáutica, é conhecido como "bonachão", bem-falante e agradável, mas inadequado para lutar pelas principais reivindicações de uma área tão sensível: aumento de soldos e reaparelhamento.
O ex-presidente Itamar Franco (PMDB) manifestou ontem apoio a uma eventual candidatura de Alencar à Presidência. Disse que Alencar é um "grande nome", mas que ainda precisava conversar com o vice sobre sua disposição em concorrer ao Planalto.
"[Alencar] é um grande nome. A alma dele se tocará por isso? Só ele pode responder", disse Itamar.
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