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24/01/2006 - 09h27

Governo ainda resiste, mas CPI confirma presença de Palocci

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da Folha de S.Paulo, em Brasília
da Agência Folha, em Brasília

O governo tentava ontem barrar a ida do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) à CPI dos Bingos, mas, para a comissão, o depoimento já está acertado. O presidente da CPI, senador Efraim Morais (PFL-PB), disse que telefonou ontem à noite a Palocci e obteve a confirmação.

Em reunião na manhã de ontem com a cúpula do Palácio do Planalto, da qual participou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a avaliação preponderante foi que seria uma derrota o comparecimento do ministro à CPI para tratar de suspeitas de corrupção do tempo em que era prefeito de Ribeirão Preto (SP).

"A data será marcada hoje. Pode ser quinta-feira ou no início da próxima semana. Ele é convidado e convidado tem suas regalias. A agenda está disponível a ele", afirmou Efraim Morais.

A oposição disse que não colocará o ministro "contra a parede", irá tratá-lo "com respeito" e até "torcerá por ele" durante o depoimento no qual ele falaria como convidado e não na condição de convocado, saída articulada pelo senador Tião Viana (PT-AC).

Nos bastidores, porém, o ministro e seus auxiliares desencadearam ofensiva para averiguar se conseguiriam impedir a aprovação de um requerimento de convocação, caso resolva não comparecer como convidado.

Se até amanhã as sondagens mostrarem que Palocci teria força para derrubar a convocação, o governo deverá bancar o confronto com a oposição.

Se a conclusão de Palocci e de seus escudeiros for a de que dificilmente vencerão a oposição, a articulação de Tião Viana ganhará força. E o ministro se apresentará para a CPI como convidado --cujo desgaste político é menor do que o de uma convocação.

No início de dezembro, Efraim recuou da tentativa de votar um requerimento de convocação do ministro da Fazenda por avaliar que era alta a chance de derrota. Na época, para não melindrar o senador e evitar parecer vitorioso, Palocci se comprometeu a ir à CPI em 2006 a convite.

A cúpula do governo discutiu ontem a articulação de Tião Viana, que sempre defendeu a ida do ministro à CPI. Em reunião na Granja do Torto, Lula e os principais auxiliares avaliaram que seria pura agenda negativa num momento em que o governo --que deve tentar a reeleição neste ano-- tenta sair das cordas após meses da crise do "mensalão".

Palocci crê que seria péssimo para a sua autoridade falar de acusações de corrupção numa CPI em que o governo tem sofrido derrotas seguidas e considerada sob medida para desgastar Lula.

Casos que provocam dano na imagem de Lula e do PT são discutidos na CPI, que investiga a morte do prefeito Celso Daniel (Santo André) em 2002, amigos de Lula, como o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, e o advogado e compadre do presidente, Roberto Teixeira.

A oposição na CPI dos Bingos pretende questionar o ministro sobre o suposto recebimento de propina da empreiteira Leão Leão quando ele era prefeito de Ribeirão Preto. A acusação partiu de Rogério Buratti, ex-secretário de Governo da cidade. Também devem ser alvos da CPI o suposto tráfico de influência de seus assessores no Ministério da Fazenda e a suspeita envolvendo o envio de dólares de Cuba para a campanha presidencial de Lula em 2002, coordenada por Palocci.

ACM e Tasso

Palocci busca o apoio de setores do PFL e do PSDB para impedir uma convocação. Em dezembro passado, por exemplo, pediu ajuda ao prefeito de prefeito de São Paulo, José Serra. Serra telefonou para tucanos, que fizeram corpo mole e impediram a convocação.

O secretário-executivo da Fazenda, Murilo Portugal, tem negociado diretamente com pefelistas e tucanos, como o senadores Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e Tasso Jereissati (PSDB-CE).

Mesmo que seja inevitável comparecer à CPI, porém, a tática de Palocci parece ter surtido algum efeito. Nos bastidores, líderes mais expressivos da oposição, segundo apurou a Folha, tentarão acalmar senadores mais exaltados num eventual depoimento à CPI.

"Nós não temos interesse de colocar o ministro contra a parede. Temos interesse em esclarecer as denúncias que envolvem Ribeirão Preto e colocam o ministro sob desconfiança", diz o líder do PFL no Senado, Agripino Maia (RN).

"A linha é perguntar as coisas que têm ser esclarecidas sobre as pessoas com as quais ele se relacionou como prefeito e algumas com quem continua se relacionando depois de ministro. Isso tudo com respeito, com humanidade e torcendo para que ele esclareça de maneira de satisfatória", afirmou Arthur Virgílio (AM), líder do PSDB no Senado.

Além do respeito da aposição, Palocci terá até torcida. "Espero que o ministro Antonio Palocci se saia bem no depoimento, que consiga se defender das acusações, algumas muito fortes e consistentes, que pairam sobre o governo", afirmou ACM.

"Será uma audiência dura, mas com respeito", disse Agripino.

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