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26/01/2006
-
10h11
RAFAEL CARIELLO
Enviado especial da Folha a Caracas
O Fórum Social Mundial vive uma "crise de adolescência", segundo a definição da representante do Fórum Social Américas Irene León, e dedicou a principal atividade do dia de ontem em Caracas, na Venezuela, a debatê-la.
Além de León, também participava do debate sobre o "Futuro do Fórum Social Mundial" --e, inevitavelmente, seu estágio atual-- o brasileiro Cândido Grzybowski, do Conselho Internacional do encontro, que afirmou que o fórum ainda tem mais "confusão" do que "diversidade" e que é preciso assegurar formas mais eficientes de representar e tirar proveitos da segunda característica nos encontros.
Os dois, de toda forma, defendiam que a atual "crise" ou os desafios que o fórum enfrenta são resultados diretos de seu crescimento --em tamanho e importância. Criado em 2001 como oposição ao fórum de Davos, o encontro chega a 2006 sediado em cidades da América Latina, da Ásia e da África e consolidado como o principal ponto de debate dos movimentos sociais e entidades da sociedade civil do mundo.
Problemas
Entre os pontos problemáticos do fórum discutidos neste ano na Venezuela estão a oposição entre o que alguns dos participantes chamam de "eficiência", por um lado, e a autonomia do encontro --problema encarnado na relação do fórum e dos movimentos sociais com governos de esquerda da América Latina-- e na distinção de Grzybowski entre confusão na programação e nas atividades e a diversidade, ou seja, a capacidade de fazer dialogar as diferentes lutas sociais.
"Ainda não sabemos como desenvolver um diálogo mais impactante entre nós. Como desenvolver aglutinações?", questionou o brasileiro diante de uma platéia de cerca de mil pessoas, num dos maiores auditórios do encontro. "A diversidade aponta novos problemas", disse numa entrevista antes do debate. "Às vezes, [no fórum] as atividades se repetem."
A discussão de Grzybowski é distinta de outra, promovida por organizadores do fórum que propõem mais centralização e atuação política mais coordenada para o fórum como um todo.
"Temos de estimular mais o confronto entre nós", disse, afirmando que o fórum não deve buscar consenso. "O método que temos não avançou suficientemente." O brasileiro também abordou as recentes eleições na América Latina e o problema que trouxeram para o encontro. "Necessitamos de mudanças nos governos e não sabemos como lidar com isso", disse ele.
A representante peruana, Irene León, também levantou questionamentos que o encontro enfrenta. "Quais são os princípios de autonomia do fórum?", perguntou. "Falar do futuro do fórum tem a ver com a pergunta sobre o que quer o fórum", explicitou.
Outro ponto levantado no debate se referia à necessidade de distinguir a oposição ao imperialismo que fazem os movimentos sociais da atuação contra o mesmo inimigo feita por fundamentalistas religiosos e terroristas.
Grzybowski ressaltou, em entrevista concedida antes do debate, que os questionamentos sobre o fórum têm a ver com o seu crescimento e com o esvaziamento de importância que ele vê no fórum econômico. "Eles estão perdendo a batalha dos fóruns", disse o brasileiro, afirmando que o fato de os líderes econômicos terem incluído temas sociais na sua agenda de debates "é um sinal de que aquela arrogância foi derrotada".
Especial
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Leia a cobertura completa sobre os fóruns globais
Fórum vive "crise de adolescência", diz ativista
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Enviado especial da Folha a Caracas
O Fórum Social Mundial vive uma "crise de adolescência", segundo a definição da representante do Fórum Social Américas Irene León, e dedicou a principal atividade do dia de ontem em Caracas, na Venezuela, a debatê-la.
Além de León, também participava do debate sobre o "Futuro do Fórum Social Mundial" --e, inevitavelmente, seu estágio atual-- o brasileiro Cândido Grzybowski, do Conselho Internacional do encontro, que afirmou que o fórum ainda tem mais "confusão" do que "diversidade" e que é preciso assegurar formas mais eficientes de representar e tirar proveitos da segunda característica nos encontros.
Os dois, de toda forma, defendiam que a atual "crise" ou os desafios que o fórum enfrenta são resultados diretos de seu crescimento --em tamanho e importância. Criado em 2001 como oposição ao fórum de Davos, o encontro chega a 2006 sediado em cidades da América Latina, da Ásia e da África e consolidado como o principal ponto de debate dos movimentos sociais e entidades da sociedade civil do mundo.
Problemas
Entre os pontos problemáticos do fórum discutidos neste ano na Venezuela estão a oposição entre o que alguns dos participantes chamam de "eficiência", por um lado, e a autonomia do encontro --problema encarnado na relação do fórum e dos movimentos sociais com governos de esquerda da América Latina-- e na distinção de Grzybowski entre confusão na programação e nas atividades e a diversidade, ou seja, a capacidade de fazer dialogar as diferentes lutas sociais.
"Ainda não sabemos como desenvolver um diálogo mais impactante entre nós. Como desenvolver aglutinações?", questionou o brasileiro diante de uma platéia de cerca de mil pessoas, num dos maiores auditórios do encontro. "A diversidade aponta novos problemas", disse numa entrevista antes do debate. "Às vezes, [no fórum] as atividades se repetem."
A discussão de Grzybowski é distinta de outra, promovida por organizadores do fórum que propõem mais centralização e atuação política mais coordenada para o fórum como um todo.
"Temos de estimular mais o confronto entre nós", disse, afirmando que o fórum não deve buscar consenso. "O método que temos não avançou suficientemente." O brasileiro também abordou as recentes eleições na América Latina e o problema que trouxeram para o encontro. "Necessitamos de mudanças nos governos e não sabemos como lidar com isso", disse ele.
A representante peruana, Irene León, também levantou questionamentos que o encontro enfrenta. "Quais são os princípios de autonomia do fórum?", perguntou. "Falar do futuro do fórum tem a ver com a pergunta sobre o que quer o fórum", explicitou.
Outro ponto levantado no debate se referia à necessidade de distinguir a oposição ao imperialismo que fazem os movimentos sociais da atuação contra o mesmo inimigo feita por fundamentalistas religiosos e terroristas.
Grzybowski ressaltou, em entrevista concedida antes do debate, que os questionamentos sobre o fórum têm a ver com o seu crescimento e com o esvaziamento de importância que ele vê no fórum econômico. "Eles estão perdendo a batalha dos fóruns", disse o brasileiro, afirmando que o fato de os líderes econômicos terem incluído temas sociais na sua agenda de debates "é um sinal de que aquela arrogância foi derrotada".
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