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29/01/2006 - 08h57

Delcídio negocia texto do relatório final com partidos

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FERNANDA KRAKOVICS
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Mais do que depoimentos e análise de documentos, o que tem dominado a CPI dos Correios nas últimas semanas são os acordos entre lideranças partidárias em torno do relatório final da comissão, previsto para meados de março. Até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou pessoalmente nas negociações.

O presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), tem sido o principal articulador. Ele já procurou os presidentes do PSDB e do PFL, senadores Tasso Jereissati (CE) e Jorge Bornhausen (SC) respectivamente, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP) e o líder do PT na Câmara, deputado Henrique Fontana (RS).

Nas conversas, Delcídio tem utilizado o discurso de que o pior cenário é não ter relatório nenhum, tentando aparar as arestas entre oposição e governo. Ele teme que a radicalização inviabilize a aprovação de um texto final, como aconteceu na CPI do Banestado.

Um dos pontos pacíficos até agora é que, ao contrário do que o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), relator da comissão, tem defendido, Lula não deve ser citado no parecer. Nem apenas um relato, como tem dito Serraglio, de que ele sabia da existência do "mensalão", baseado no depoimento do deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ).

Na avaliação dos parlamentares, não é possível escrever que o presidente sabia do suposto esquema de compra de apoio parlamentar pelo governo sem responsabilizá-lo. Isso porque, nesse caso, ele teria sido omisso.

"O Serraglio passou de todos os limites, acirrou demais os ânimos e criou um constrangimento muito grande", afirmou a senadora Ideli Salvatti (PT-SP), que é a ponta-de-lança do governo na CPI. "Vou fazer referências, contar a história. Não vou omitir os fatos, não vou ampliá-los nem diminui-los", disse o relator.

O presidente Lula reagiu rapidamente às declarações de Serraglio, chamando o presidente da CPI, que também é líder do PT, ao Palácio do Planalto na última quarta-feira. Ele cobrou explicações de Delcídio e a orientação é que isso não conste do relatório.

A oposição, por sua vez, já chegou à conclusão que não há como deixar de fora do parecer o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG). Pressionado pelas denúncias, ele admitiu à CPI ter feito caixa dois em sua campanha à reeleição ao governo de Minas, em 1998. A fonte dos recursos teria sido o publicitário Marcos Valério de Souza, no mesmo esquema usado posteriormente pelo PT.

O acordo em curso é para a denúncia contra os tucanos ficar localizada apenas em Azeredo, o que já seria emblemático por ele ter sido governador de Minas e presidente do partido. Assim, cairia por terra a intenção do PT de afirmar que o esquema montado por Valério existe "há décadas" e seria uma prática sistemática em Estados comandados pelo PSDB.

A maior preocupação das lideranças é fazer um relatório contundente mas extremamente técnico, sem frases de efeito. O objetivo é não repetir o que aconteceu com o relatório parcial feito pelo sub-relator de movimentação financeira, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), que não conseguiu ser votado devido a afirmações como: "Esses senhores colocaram-se acima das leis, do Estado, da Justiça, e se dedicaram à tarefa de subtrair dos cofres públicos recursos que foram destinados a integrantes da base aliada".

Outro ponto considerado negociável são as campanhas estaduais petistas, como a de Mercadante ao Senado. O publicitário Duda Mendonça afirmou à CPI que houve caixa dois nas campanhas petistas de 2002. Ele montou um pacote para o partido naquele ano incluindo as campanhas do presidente Lula, de José Genoino ao governo de São Paulo, de Mercadante, de Benedita da Silva para o governo do Rio de Janeiro e de Édson Santos ao Senado pelo Rio.

Duda disse, porém, que emitiu notas fiscais para a campanha presidencial, excluindo o presidente Lula da irregularidade. Ele também procurou isentar Mercadante, alegando que o custo do serviço feito ao senador teria sido baixo, já que sua agência de marketing político tinha estrutura montada no Estado de São Paulo.

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