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31/01/2006 - 10h37

FHC incita tucanos a "puxar PT para briga" durante palestra

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CATIA SEABRA
da Folha de S.Paulo

Afirmando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá de "voltar a temas desagradáveis" ao longo da campanha, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso conclamou ontem o PSDB a explorar a crise política na disputa pela Presidência da República. FHC incitou o partido a "saber o que interessa na campanha" e "forçar essa agenda".

"Tem que puxar para a briga", insistiu. "Não podemos embarcar na agenda dos nossos companheiros que estão lá em cima, não. A conversa deles é de que essa questão moral não conta mais. Conta, sim. Ladrão não mais."

Para ele, fazer o povo "sentir que o novo governo está disposto efetivamente a punir é essencial". Mas "ninguém acredita mais que vá acontecer" porque os "fios que ligam hoje o eleito ao eleitor estão desencapados".

"Tem um curto-circuito aí. Acabamos de assistir a seguidas sessões, meses a fio, na televisão, de crimes sendo ditos ao país. Corrupção, não sei o que lá, mas em quantidade, comprometendo urbi et orbi [cidade e mundo], quando a gente não quer dizer o nome fala em latim... Mas o que aconteceu, o que vai acontecer? Pode? Não pode."

Por isso, recomendou, o PSDB deve votar pela cassação de todos os envolvidos no escândalo do mensalão --inclusive dos tucanos-- para "repudiar" a idéia de que políticos sejam "farinha do mesmo saco" e reconquistar a confiança do povo. "Tem que acontecer. Não acho certo, não acho bom que seja só para uns, não. Para todos, inclusive para os nossos. Se não, você não tem moral", afirmou.

Numa crítica aos que ensaiam um acordo com o PT, o ex-presidente cobrou dos tucanos coragem para "dizer que não, votar contra, cassar". "Não tem palavra que diga não sou igual. Se você procede da mesma maneira, está perdido." FHC fez questão de frisar que muitos tucanos já estão megulhados nessa tarefa. "Não estou criticando irresponsavelmente. Estou dizendo que nós todos temos que fazer isso e não aceitar essa conversa."

Ao falar na palestra de reinauguração do Instituto Social-Democrata (ISD), fundado por ele na década de 80, FHC duvidou de um espetáculo do crescimento com baixo índice de investimento. Ele recomendou que o PSDB aborde temas de interesse do povo, como violência, drogas, o fim da impunidade e educação. E use uma linguagem "direta" e "mais simples", insistindo em três pontos, no máximo cinco. "Não adianta querer levar para massa temas muito complexos que são importantíssimos mas são restritos a grupos, como este aqui. Aqui podemos discutir política monetária, mas não tem cabimento fazer uma campanha de política monetária", sugeriu, explicando. "O povo em questão de juros quer saber em quantas vezes? Qual é a prestação", argumentou.

Para ele, o partido tem de investir em TV, rádio e "na conversa de botequim". "Se você não dá aos partidários o argumento, ele se perde na conversa. E o argumento é um, dois, três", repetiu.

Na entrada, FHC disse que Lula pode ser derrotado porque terá de se explicar "o tempo todo": "Vai ter que voltar a temas desagradáveis. Não o tema da corrupção. Isso não adianta nem voltar. Todo mundo já sabe. Teve muita. Mas por que não fez o que prometeu".

Embora tenha citado o ex-ministro quatro vezes em sua palestra, FHC negou preferência pelo prefeito paulistano José Serra como candidato à Presidência.

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