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03/02/2006 - 09h15

CPI acha ligações de assessor de Palocci para angolanos

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HUDSON CORRÊA
da Agência Folha

Dados da CPI dos Bingos apontam que houve, de dezembro de 2002 a agosto de 2003, 80 ligações entre Ademirson Ariovaldo da Silva, assessor do ministro Antonio Palocci (Fazenda), e a Cincotelecom Telecomunicações e Serviços Ltda., empresa oficialmente ainda em nome do empresário Roberto Carlos da Silva Kurzweil e de dois angolanos ex-donos de bingos em São Paulo.

Em depoimento à CPI dos Bingos, o ex-secretário de Palocci na Prefeitura de Ribeirão Preto Rogério Buratti afirmou que a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 recebeu R$ 1 milhão de bingos de São Paulo, possivelmente em esquema de caixa dois.

Em novembro, a Folha publicou, com base em depoimento de uma testemunha ligada ao PT e sob sigilo no Ministério Público de Ribeirão Preto, que Palocci teria se encontrado com dois representantes do setor de bingos, supostamente angolanos, na casa de Roberto Kurzweil para acertar a doação de R$ 1 milhão. Palocci e o empresário negam.

Na mensagem ao Congresso em 2004, o governo Lula previa a regularização dos bingos, posição da qual recuou após o estouro do escândalo Waldomiro Diniz --assessor da Casa Civil gravado pedindo propina a um empresário do ramo de jogos.

Kurzweil é o dono do Omega blindado no qual teriam sido transportados, de Campinas a São Paulo, em julho de 2002, dólares vindos de Cuba para suposto caixa dois da campanha de Lula.

Já no cargo de assessor de Palocci, Ademirson fez, segundo os dados da CPI dos Bingos, nove ligações de janeiro a julho de 2003 para um telefone celular em nome da Cincotelecom, cujo ramo seria a construção de estações e de rede de telefonias.

Do mesmo celular, Ademirson recebeu, ainda conforme o relatório da CPI, 71 telefonemas, sendo 20 em dezembro de 2002, e as demais durante 2003, até agosto, quando já era assessor de Palocci no Ministério da Fazenda.

A CPI não sabe com quem Ademirson falou na empresa. Para a comissão, há indícios que o contato não tenha sido com Kurzweil, porém, essa informação não pode ser confirmada, pois os sigilos do empresário, quebrados a pedido do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), estão lacrados por ordem do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Nelson Jobim.

Angolanos

Outros dois sócios da Cincotelecom são os empresários Artur José Valente de Oliveira Caio e José Paulo Teixeira Cruz Figueredo. Na Junta Comercial de São Paulo, a nacionalidade de ambos aparece como sendo angolana.

Documentos, em posse da CPI, apontam que Caio e Figueredo foram donos até 2000 dos bingos Itaim e Alterosas Diversões, ambos de São Paulo. A comissão anota no documento: "Supõe-se que [os atuais proprietários] sejam laranjas".

No entendimento da CPI, com base em informações da Junta Comercial, Figueredo e Caio são donos da empresa Fabama, que fabricaria caça-níqueis. Por essa razão, os dois empresários foram convocados em outubro para depor na comissão.

O presidente da CPI dos Bingos, senador Efraim Morais (PFL-PB), afirmou que levará todos os documentos sobre a Cincotelecom na próxima terça-feira a Jobim. Na reunião, Efraim tentará mudar as decisões do ministro que suspenderam as quebras de sigilos de Kurzweil e do presidente do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Paulo Okamotto, amigo de Lula.

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