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04/02/2006
-
09h44
MARCELO SALINAS
da Folha de S.Paulo
O governo federal repatriou um grupo de 37 brasileiros que foi ao Fórum Social Mundial em Caracas de ônibus e não tinha condições de voltar. Depois de viajarem dez dias e de passarem cinco morando debaixo das arquibancadas do hipódromo de Caracas, eles pousaram em São Paulo na quinta-feira, às 23h25.
Eles foram trazidos por um cargueiro Hércules C-130 da FAB, o mesmo que transportou os corpos dos estudantes mineiros que morreram num acidente de ônibus no Peru, também a caminho do fórum.
A operação foi intermediada pela embaixada brasileira em Caracas. Segundo integrantes do grupo, o embaixador João Carlos de Souza Gomes afirmou que o ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral) pediu a repatriação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que autorizou a Aeronáutica a buscá-los.
"Ninguém tinha condições físicas nem emocionais de encarar a viagem de volta pelo mesmo itinerário [Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia e Venezuela]. A viagem de ida estava prevista para quatro dias e 5.000 quilômetros. Mas durou dez dias e 9.600 quilômetros", relata a freira Gabriela Montero, 31.
O grupo saiu de São Paulo, em 19 de janeiro, esperando chegar a Caracas no dia 23, para o início do fórum. Chegaram às 6h do dia 29, último dia do evento.
O sociólogo Rafael Atuati, 23, conta que, em Quito (Equador), o grupo teve de ficar algumas horas num convento, para tratar de passageiros que sofreram desidratação. "Pelo menos seis pessoas tiveram virose", diz.
Sem dinheiro para voltar ao Brasil, devido a um erro de cálculo do organizador do roteiro, o estudante Werley Torres, o grupo teve de dormir no hipódromo, cedido pela organização do fórum, e recebeu de militantes venezuelanos doações de arroz, macarrão e carne.
"Todos foram muito solidários. A dona de uma lanchonete nos emprestou fogão, geladeira e um forno", disse Rafael, que liderou o grupo que se reuniu com o embaixador, na terça.
Ele conta que o grupo pediu ajuda até ao presidente venezuelano, Hugo Chávez: "A Gabriela e a irmã Dorailds [freira que estava com o grupo] foram à residência oficial e entregaram uma carta à Guarda Nacional".
Carlos Fatorelli, 53, técnico industrial e estudante de história, descreve os últimos momentos da epopéia: "Na quarta-feira, uma van da embaixada nos levou à cidade de Guaira, onde ficamos hospedados. Às 8h30 da quinta, partimos para Manaus, onde o avião abasteceu, e, depois, para São Paulo". Ele ganhou a viagem, de R$ 850, da filha. Presente de grego? "Não, todo mundo cresceu um pouco."
"Sucatinha"
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pediu o Boeing-737 da Presidência, o "Sucatinha", para levar senadores, anteontem, ao funeral da mãe do presidente do PSDB, Tasso Jereissati (CE), em Fortaleza. O pedido não foi atendido porque os parlamentares teriam conseguido outro avião.
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Leia o que já foi publicado sobre o Fórum Social Mundial
Avião da FAB traz grupo de Caracas
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da Folha de S.Paulo
O governo federal repatriou um grupo de 37 brasileiros que foi ao Fórum Social Mundial em Caracas de ônibus e não tinha condições de voltar. Depois de viajarem dez dias e de passarem cinco morando debaixo das arquibancadas do hipódromo de Caracas, eles pousaram em São Paulo na quinta-feira, às 23h25.
Eles foram trazidos por um cargueiro Hércules C-130 da FAB, o mesmo que transportou os corpos dos estudantes mineiros que morreram num acidente de ônibus no Peru, também a caminho do fórum.
A operação foi intermediada pela embaixada brasileira em Caracas. Segundo integrantes do grupo, o embaixador João Carlos de Souza Gomes afirmou que o ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral) pediu a repatriação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que autorizou a Aeronáutica a buscá-los.
"Ninguém tinha condições físicas nem emocionais de encarar a viagem de volta pelo mesmo itinerário [Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia e Venezuela]. A viagem de ida estava prevista para quatro dias e 5.000 quilômetros. Mas durou dez dias e 9.600 quilômetros", relata a freira Gabriela Montero, 31.
O grupo saiu de São Paulo, em 19 de janeiro, esperando chegar a Caracas no dia 23, para o início do fórum. Chegaram às 6h do dia 29, último dia do evento.
O sociólogo Rafael Atuati, 23, conta que, em Quito (Equador), o grupo teve de ficar algumas horas num convento, para tratar de passageiros que sofreram desidratação. "Pelo menos seis pessoas tiveram virose", diz.
Sem dinheiro para voltar ao Brasil, devido a um erro de cálculo do organizador do roteiro, o estudante Werley Torres, o grupo teve de dormir no hipódromo, cedido pela organização do fórum, e recebeu de militantes venezuelanos doações de arroz, macarrão e carne.
"Todos foram muito solidários. A dona de uma lanchonete nos emprestou fogão, geladeira e um forno", disse Rafael, que liderou o grupo que se reuniu com o embaixador, na terça.
Ele conta que o grupo pediu ajuda até ao presidente venezuelano, Hugo Chávez: "A Gabriela e a irmã Dorailds [freira que estava com o grupo] foram à residência oficial e entregaram uma carta à Guarda Nacional".
Carlos Fatorelli, 53, técnico industrial e estudante de história, descreve os últimos momentos da epopéia: "Na quarta-feira, uma van da embaixada nos levou à cidade de Guaira, onde ficamos hospedados. Às 8h30 da quinta, partimos para Manaus, onde o avião abasteceu, e, depois, para São Paulo". Ele ganhou a viagem, de R$ 850, da filha. Presente de grego? "Não, todo mundo cresceu um pouco."
"Sucatinha"
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pediu o Boeing-737 da Presidência, o "Sucatinha", para levar senadores, anteontem, ao funeral da mãe do presidente do PSDB, Tasso Jereissati (CE), em Fortaleza. O pedido não foi atendido porque os parlamentares teriam conseguido outro avião.
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