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07/02/2006 - 09h54

Leão Leão pagou material da campanha de Lula, diz Buratti

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ROGÉRIO PAGNAN
da Folha Ribeirão

O Gaerco de Ribeirão Preto (SP), grupo do Ministério Público Estadual especializado no combate ao crime organizado, iniciou ontem nova investigação para apurar suposto crime eleitoral praticado por dirigentes do PT na campanha presidencial de 2002. A suspeita é que o material publicitário produzido em Ribeirão foi omitido dos gastos informados à Justiça Eleitoral pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O combustível dessa investigação é um novo depoimento do advogado Rogério Buratti dado à Polícia Civil e à Promotoria no final de semana. O depoimento trouxe mais suspeitas de uso de caixa dois em campanhas eleitorais em Ribeirão.

Buratti foi reconvocado para esclarecer dúvidas surgidas na investigação de suposto pagamento de propina a políticos, entre eles o ministro Antonio Palocci, pela empreiteira Leão Leão.

"A Leão pagou material de campanha produzido pela Villimpress [gráfica de Ribeirão] para o PT, tratando-se da campanha de 2002, para presidente", diz trecho do depoimento a que a Folha teve acesso. Na não há registro da doação na Justiça Eleitoral. Para a Promotoria, a omissão, se ocorreu, pode configurar crime eleitoral. Buratti não deu detalhes de valores pagos, mas falou como ex-vice-presidente do grupo Leão Leão.

Seu depoimento reforçou a denúncia do ex-gerente financeiro da Villimpress Luciano André Maglia, que, em 2005, disse ter participado da produção de material para o PT pago pela Leão. Maglia envolveu no episódio dois ex-assessores de Palocci --Juscelino Dourado, seu ex-chefe-de-gabinete, e Donizeti Rosa, atual diretor da Serpro. Ambos negaram.

Buratti disse que repassou R$ 800 mil da Leão Leão a dois candidatos a prefeito de Ribeirão. Ocorre que só foram registradas as doações de R$ 327 mil para três candidatos: o petista Gilberto Maggioni (R$ 100 mil), o tucano Welson Gasparini (R$ 127 mil), atual prefeito, e o peemedebista Baleia Rossi (R$ 100 mil). Todos terão a campanha investigada.

Esse registro está em documento apreendido na sede da Leão Leão em 2004 que informa o repasse de R$ 500 mil para um suposto candidato identificado apenas como "RLP" e mais R$ 300 mil para outro "RJP".

De acordo com Buratti, as observações "RJP" e "RLP" dizem respeito com certeza a contribuições de campanha para a Prefeitura de Ribeirão Preto.

O advogado não esclareceu aos promotores e policiais quem seriam os dois candidatos. Em entrevista anterior, Gasparini, Baleia e Maggioni afirmaram que tudo o que foi gasto na campanha foi declarado à Justiça.

Na campanha do PT de Ribeirão, um dos fatos que sugerem o uso de dinheiro de caixa 2 foi a declaração do vereador de Ribeirão Beto Cangussu (PT), líder do PT na Câmara, que afirmou ter recebido dinheiro "não contabilizado" (R$ 10 mil) das mãos de Donizeti Rosa, que também nega isso.

Outro lado

O Diretório Nacional do PT informou desconhecer que a Leão Leão tenha pago material para a campanha presidencial de Lula.

Em nota, a Leão Leão não negou nem confirmou ter pago o material. Disse que contratou a gráfica Villimpress para "produção de material gráfico para suas necessidades". Sobre doação superior à declarada por candidatos à Prefeitura de Ribeirão, disse que "sempre fez doações de acordo com as leis eleitorais".

João Santana não foi encontrado. O coordenador da campanha do PT de Ribeirão em 2004, Donizeti Rosa, foi procurado, mas não respondeu às perguntas, enviadas por e-mail atendendo a pedido. Os dirigentes de PT, PMDB e PSDB de Ribeirão disseram, em entrevista anterior, que os valores passados à Justiça são os que de fato receberam da Leão Leão.

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