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08/02/2006 - 09h34

Valério pagou empresa por serviço a Azeredo

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RUBENS VALENTE
da Folha de S.Paulo

A área técnica da CPI dos Correios detectou que as empresas do publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza pagaram R$ 1,4 milhão para um empresário mineiro que prestou serviços na reta final da campanha de reeleição do senador Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo de Minas Gerais em 1998.

O empresário José Vicente Fonseca confirmou ter sido contratado em 1998 "pelo PSDB" por meio do então tesoureiro de Azeredo, Cláudio Mourão. O objetivo do contrato seria "alocar mão-de-obra" para a campanha.

Os repasses ao empresário José Fonseca são a primeira evidência de um pagamento direto de Valério para a campanha do senador.

Além de fornecedor, Fonseca também foi doador da campanha tucana. Disse ter contribuído oficialmente, com registro na Justiça Eleitoral, "com cerca de R$ 700 mil" por meio da empresa Sertec, a mesma que foi contratada por Mourão com recursos de Valério.

Fonseca disse não saber o motivo pelo qual os depósitos em sua conta pessoal têm como origem as empresas DNA Propaganda e SMPB Comunicação no Banco Rural, e não a conta da campanha de reeleição do então governador.

"Eu só chego à conclusão de que esses depósitos deveriam ter sido feitos na conta da empresa. Se eles não foram feitos, e fizeram na minha conta de pessoa física, é porque ou eles não entendem de contabilidade ou porque pensavam em não contabilizar", disse.

Segundo o empresário, os recebimentos foram registrados na contabilidade da Sertec.

Fonseca disse que seu grupo tem 15 mil empregados e faturamento médio anual de R$ 160 milhões. Suas empresas têm contratos com a Prefeitura de Belo Horizonte, administrada pelo PT, com o governo estadual, gerido pelo PSDB, e com a Câmara dos Deputados, em Brasília.

Azeredo informou, por meio de sua assessoria, que desconhecia o assunto e que Mourão era o responsável pelas finanças da campanha. A lei 9.504/97, já em vigor na época da disputa de 98, prevê, no artigo 21, que "o candidato é o único responsável pela veracidade das informações financeiras e contábeis de sua campanha".

Os quatro depósitos para Fonseca ocorreram no final da campanha de 1998, num curto espaço de tempo --embora o empresário alegue ter trabalhado durante "dois ou três meses" na campanha eleitoral.

O primeiro repasse da conta da SMPB Comunicação ocorreu no dia 30 de setembro de 1998, no valor de R$ 653,5 mil. Um dia depois, ocorreram dois depósitos, um de R$ 40 mil, da DNA, e outro de R$ 607 mil, da SMPB. Em 7 de outubro, dois dias depois do final da campanha, entraram mais R$ 100 mil da SMPB na conta pessoal de Fonseca.

A prestação de contas da campanha de Azeredo apontou uma arrecadação oficial de R$ 8,5 milhões, segundo a declaração entregue ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral).

No decorrer do escândalo do "mensalão", contudo, as investigações da CPI dos Correios e da Polícia Federal apontaram a existência de um caixa dois de pelo menos R$ 9 milhões na campanha de Azeredo formado por recursos das empresas de Valério. Ele tomou empréstimos no Banco Rural e os repassou à campanha de Azeredo --a exemplo do que viria a fazer, a partir de 2003, com a direção nacional do PT. Uma lista investigada pela PF diz que o caixa dois pode ter sido ainda maior, de R$ 91,5 milhões. Valério e Mourão confirmaram a prática de caixa dois.

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