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07/03/2006 - 21h44

MST prevê invasões em 23 Estados até abril

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LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em Porto Alegre

O coordenador nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) João Paulo Rodrigues anunciou hoje, em Porto Alegre, que o movimento promovera invasões de terra em 23 Estados nos meses de março e abril.

A onda já se iniciou em Pernambuco, Rio Grande do Sul e Goiás. De acordo com Rodrigues, as invasões, que incluirão desempregados não necessariamente ligados à terra, são uma resposta ao baixo número de assentados pelo governo federal.

''Já começou nossa jornada de lutas, que ocorrerá nos 23 Estados em que atuamos [o MST não atua em AC, AM, AP e RR], com ocupações. Também faremos marchas, fechamentos de rodovias e outras manifestações", disse ele.

"O MST vai jogar toda sua energia no primeiro semestre", completou Rodrigues, que participou da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação) sobre reforma agrária, na capital gaúcha.

No segundo semestre, segundo o líder sem-terra, as atenções da população estarão voltadas para eleições e Copa do Mundo. O objetivo é pressionar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva a acelerar o processo de reforma agrária.

Como resposta ao MST, o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Kassel, anunciou que haverá o assentamento de 155 mil famílias (600 mil pessoas) até o final do ano, cumprindo meta de assentar 400 mil famílias. Já foram assentadas, segundo Kassel, 245 mil famílias.

O MST, o Movimento dos Atingidos por Barragens, o Movimento das Mulheres Camponesas, o Movimento dos Pequenos Agricultores e a CPT (Comissão Pastoral da Terra) divulgaram hoje balanço da reforma agrária no país.

São citados dez avanços e 29 retrocessos. Como positivo são citados, por exemplo, a implantação do seguro rural, o aumento no volume do crédito, o programa Luz para Todos, programas habitacionais e a pouca repressão a manifestações.

As derrotas são, por exemplo, a liberação do plantio e comercialização da soja transgênica, a manutenção do apoio dos bancos oficiais ao credito rural do agronegócio e a não atualização dos índices produtividade utilizados pelo Incra para determinar se uma fazenda é improdutiva para efeito de desapropriação.

Hoje, também durante a conferência internacional sobre reforma agrária, foram divulgados dados, pela CPT, mostrando que houve 150 mortes em razão do conflito agrário nos três primeiros anos do governo Lula. Foram 73 em 2003, 39 em 2004 e 38 em 2005.

Na conferência, o ministro Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário) leu uma mensagem de Lula: ''A reforma agrária não pode ser um instrumento residual na luta contra a pobreza, é um triunfo poderoso, com o qual já assentamos 245 mil trabalhadores e já conquistamos o financiamento para 2 milhões de famílias que vivem da agricultura no Brasil".

Pela manhã, 30 integrantes da Via Campesina foram à fazenda Coqueiros, em Coqueiros do Sul, no norte gaúcho, invadida por 2.000 integrantes do MST, mas não puderam entrar na propriedade. Uma decisão da juíza Ana Paula Caimi impediu o ingresso do grupo na área invadida.

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