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15/03/2006
-
17h42
FELIPE RECONDO
da Folha Online, em Brasília
Durante três horas e meia, o publicitário Duda Mendonça repetiu aos integrantes da CPI dos Correios a mesma declaração para praticamente todas as perguntas feitas pelos integrantes da comissão: "não vou responder".
Duas apenas foram as vezes em que Duda saiu do script, como ele mesmo classificou, sugerido por seus advogados. Na primeira, respondeu que sim, acreditava em Deus. Na segunda, chegou a falar por mais de um minuto. Desta vez, tratou de briga de galo e sobre seu temperamento. Nenhuma delas interessa às investigações.
Antes de iniciarem as recusas de Duda, os integrantes da comissão discutiram se a sessão deveria ser aberta ou fechada. Decidiram, depois de duas horas de discussão, que parte seria aberta à imprensa e a outra restrita aos quatro parlamentares que puderam analisar os dados secretos das contas do publicitário.
Estava, portanto, armado o cenário para o último e certamente o que prometia, na avaliação de parlamentares, ser um dos mais importantes nos nove meses de investigação da CPI. Para chegar às condições deste depoimento, os oposicionistas brigaram para conseguir votos e convocá-lo novamente, os integrantes da CPI foram aos Estados Unidos pedir para terem acesso aos dados bancários e foram vigiados no estudo dos documentos. Pouco ou nada adiantou.
O risco de informações sigilosas vazarem, o que temiam os integrantes da comissão, perdeu importância para outra discussão, iniciada ao fim das três horas e meia de depoimento: o comportamento de Duda poderá ser seguido por todos os depoentes que comparecerem às demais comissões parlamentares de inquérito. Basta que tenham um habeas corpus ou estejam na condição de investigados.
"Estamos abrindo um precedente perigoso. É grave o que foi feito hoje", afirmou o presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS). "O precedente que se abre aqui é extremamente perigoso para o país, para a democracia e especialmente para o Poder Legislativo", acrescentou.
Sobrou espaço, diante das esquivas de Duda, para críticas ao publicitário. "Acredito que, do ponto de vista jurídico, ele adotou uma estratégia técnica; mas, do ponto de vista da opinião pública, ele se comunicou muito mal", afirmou o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP).
Duda Mendonça, desde o início, disse que tinha argumentos suficientes para responder a todas as perguntas, mas evitaria problemas que, de acordo com ele, passou a enfrentar depois que falou "de coração aberto" no primeiro depoimento.
"De lá pra cá, fui vítima de uma campanha difamatória em todos os níveis para destruir uma reputação construída em 30 anos", afirmou Duda. E apelou, por fim, a Deus: "Eu vou me sair muito bem pelo julgamento de Deus e da justiça", concluiu nos últimos minutos de depoimento.
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Protegido por habeas corpus, Duda se recusa a falar na CPI
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da Folha Online, em Brasília
Durante três horas e meia, o publicitário Duda Mendonça repetiu aos integrantes da CPI dos Correios a mesma declaração para praticamente todas as perguntas feitas pelos integrantes da comissão: "não vou responder".
Duas apenas foram as vezes em que Duda saiu do script, como ele mesmo classificou, sugerido por seus advogados. Na primeira, respondeu que sim, acreditava em Deus. Na segunda, chegou a falar por mais de um minuto. Desta vez, tratou de briga de galo e sobre seu temperamento. Nenhuma delas interessa às investigações.
Antes de iniciarem as recusas de Duda, os integrantes da comissão discutiram se a sessão deveria ser aberta ou fechada. Decidiram, depois de duas horas de discussão, que parte seria aberta à imprensa e a outra restrita aos quatro parlamentares que puderam analisar os dados secretos das contas do publicitário.
Estava, portanto, armado o cenário para o último e certamente o que prometia, na avaliação de parlamentares, ser um dos mais importantes nos nove meses de investigação da CPI. Para chegar às condições deste depoimento, os oposicionistas brigaram para conseguir votos e convocá-lo novamente, os integrantes da CPI foram aos Estados Unidos pedir para terem acesso aos dados bancários e foram vigiados no estudo dos documentos. Pouco ou nada adiantou.
O risco de informações sigilosas vazarem, o que temiam os integrantes da comissão, perdeu importância para outra discussão, iniciada ao fim das três horas e meia de depoimento: o comportamento de Duda poderá ser seguido por todos os depoentes que comparecerem às demais comissões parlamentares de inquérito. Basta que tenham um habeas corpus ou estejam na condição de investigados.
"Estamos abrindo um precedente perigoso. É grave o que foi feito hoje", afirmou o presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS). "O precedente que se abre aqui é extremamente perigoso para o país, para a democracia e especialmente para o Poder Legislativo", acrescentou.
Sobrou espaço, diante das esquivas de Duda, para críticas ao publicitário. "Acredito que, do ponto de vista jurídico, ele adotou uma estratégia técnica; mas, do ponto de vista da opinião pública, ele se comunicou muito mal", afirmou o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP).
Duda Mendonça, desde o início, disse que tinha argumentos suficientes para responder a todas as perguntas, mas evitaria problemas que, de acordo com ele, passou a enfrentar depois que falou "de coração aberto" no primeiro depoimento.
"De lá pra cá, fui vítima de uma campanha difamatória em todos os níveis para destruir uma reputação construída em 30 anos", afirmou Duda. E apelou, por fim, a Deus: "Eu vou me sair muito bem pelo julgamento de Deus e da justiça", concluiu nos últimos minutos de depoimento.
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