Publicidade
Publicidade
24/03/2006
-
18h21
VINICIUS ALBUQUERQUE
da Folha Online
O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, disse nesta sexta-feira que, embora a economia brasileira esteja no céu, ele está mais para o lado do 'inferno' de Dante --mais especificamente o terceiro ou o quarto círculos, afirmou ele.
O ministro se referiu ao 'Inferno', a mais conhecida das três partes de que é composta a obra do poeta italiano Dante Alighieri (1265-1321) 'A Divina Comédia'. Dante formulou na obra uma divisão complexa do inferno, com nove círculos, alguns deles com divisões internas, e cada uma dessas seções e subseções é reservada para a punição de um tipo específico de pecador.
O terceiro círculo, Dante reservou aos glutões. A estes, o destino no inferno é o de ser forçado por Cérbero --monstro em forma de cão, em geral representado com três cabeças-- a afundar na lama, sob chuva e granizo.
No quarto círculo, Dante coloca os avaros e os perdulários, que ficam separados em duas grandes turbas, forçadas a carregar pesos e gritarem uma contra a outra, sem parar.
O poema de Dante representa uma viagem do homem, entendido de forma atemporal, pelos três reinos da vida eterna, diz a professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, Vilma De Katinszky.
Dante viveu em Florença durante parte de sua vida. Envolveu-se na política florentina, que se dividia entre guelfos, partidários de que o papa tivesse poderes temporais além dos espirituais, e gibelinos, partidários de um poder do imperador que fosse mais independente da Igreja Católica.
Segundo a professora, a situação política atual do Brasil guarda muitas semelhanças com as das cidades da península à época de Dante. 'Era uma politicagem só', disse. 'A conduta dos corruptos hoje no Brasil merece, e eles estarão no inferno, quando se derem conta do que estão fazendo.'
A participação de Dante na política só lhe rendeu desgostos, lembra a professora: partidário dos guelfos, mas sem ser fanático, Dante tentou apontar os abusos do poder papal --o papa em sua época era Bonifácio 8º. Foi condenado ao exílio e nunca mais pôde voltar a Florença.
Segundo ela, os círculos representam os sete pecados capitais --com exceção dos dois primeiros: o primeiro é reservado aos indiferentes e covardes, que não têm coragem de assumir uma posição ou opinião; o segundo é reservado aos que viveram de forma honrada mas que viveram antes do nascimento de Cristo.
"A Divina Comédia" ainda tem mais duas partes, o "Purgatório" e o "Paraíso". Segundo Katinszky, o "Inferno" sempre foi a mais amosa das três por ser a mais "impressionante e realista".
Especial
Leia o que já foi publicado sobre Antonio Palocci
Leia a cobertura completa sobre a crise em Brasília
Palocci se diz no "inferno" entre glutões, avaros e perdulários
Publicidade
da Folha Online
O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, disse nesta sexta-feira que, embora a economia brasileira esteja no céu, ele está mais para o lado do 'inferno' de Dante --mais especificamente o terceiro ou o quarto círculos, afirmou ele.
O ministro se referiu ao 'Inferno', a mais conhecida das três partes de que é composta a obra do poeta italiano Dante Alighieri (1265-1321) 'A Divina Comédia'. Dante formulou na obra uma divisão complexa do inferno, com nove círculos, alguns deles com divisões internas, e cada uma dessas seções e subseções é reservada para a punição de um tipo específico de pecador.
O terceiro círculo, Dante reservou aos glutões. A estes, o destino no inferno é o de ser forçado por Cérbero --monstro em forma de cão, em geral representado com três cabeças-- a afundar na lama, sob chuva e granizo.
No quarto círculo, Dante coloca os avaros e os perdulários, que ficam separados em duas grandes turbas, forçadas a carregar pesos e gritarem uma contra a outra, sem parar.
O poema de Dante representa uma viagem do homem, entendido de forma atemporal, pelos três reinos da vida eterna, diz a professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, Vilma De Katinszky.
Dante viveu em Florença durante parte de sua vida. Envolveu-se na política florentina, que se dividia entre guelfos, partidários de que o papa tivesse poderes temporais além dos espirituais, e gibelinos, partidários de um poder do imperador que fosse mais independente da Igreja Católica.
Segundo a professora, a situação política atual do Brasil guarda muitas semelhanças com as das cidades da península à época de Dante. 'Era uma politicagem só', disse. 'A conduta dos corruptos hoje no Brasil merece, e eles estarão no inferno, quando se derem conta do que estão fazendo.'
A participação de Dante na política só lhe rendeu desgostos, lembra a professora: partidário dos guelfos, mas sem ser fanático, Dante tentou apontar os abusos do poder papal --o papa em sua época era Bonifácio 8º. Foi condenado ao exílio e nunca mais pôde voltar a Florença.
Segundo ela, os círculos representam os sete pecados capitais --com exceção dos dois primeiros: o primeiro é reservado aos indiferentes e covardes, que não têm coragem de assumir uma posição ou opinião; o segundo é reservado aos que viveram de forma honrada mas que viveram antes do nascimento de Cristo.
"A Divina Comédia" ainda tem mais duas partes, o "Purgatório" e o "Paraíso". Segundo Katinszky, o "Inferno" sempre foi a mais amosa das três por ser a mais "impressionante e realista".
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Nomeação de novo juiz do Supremo pode ter impacto sobre a Lava Jato
- Indicação de Alexandre de Moraes vai aprofundar racha dentro do PSDB
- Base no Senado exalta currículo de Moraes e elogia indicação
- Na USP, Moraes perdeu concursos e foi acusado de defender tortura
- Escolha de Moraes só possui semelhança com a de Nelson Jobim em 1997
+ Comentadas
- Manifestantes tentam impedir fala de Moro em palestra em Nova York
- Temer decide indicar Alexandre de Moraes para vaga de Teori no STF
+ EnviadasÍndice
