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04/04/2006 - 09h17

Para PF, Palocci tentou afastar a Polícia Civil de investigação

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ANDRÉA MICHAEL
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Em reunião com o secretário de Direito Econômico, Daniel Goldberg, em 16 de março, o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, perguntou sobre a possibilidade de tirar do comando da Polícia Civil e do Ministério Público e transferir para a Polícia Federal a investigação sobre sua gestão como prefeito de Ribeirão Preto.

A informação consta do depoimento concedido por Goldberg à PF no último domingo, quando o secretário confirmou que Palocci também quis saber se a PF poderia investigar o caseiro Francenildo do Santos Costa, conhecido como Nildo.

O ex-ministro argumentou, no encontro ocorrido em sua casa, por volta das 23h daquela quinta-feira, ter informações de que Nildo tinha movimentação bancária atípica para quem recebia R$ 700 mensais. Foi nesse dia que o então presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, entregou a Palocci cópias de extratos bancários de Nildo, com registros de depósitos de até R$ 25 mil.

Em Ribeirão, Palocci e ex-assessores são investigados por supostas práticas ilegais, como manipulação de licitações, pagamento de propina e tráfico de influência.

Depois da conversa com Palocci, Goldberg disse ter discutido os questionamentos do ex-ministro com o advogado Cláudio Alencar, chefe-de-gabinete do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. O secretário de Direito Econômico jantara com Alencar na noite anterior, antes de ir à casa de Palocci.

Segundo seus depoimentos à PF, no domingo, Alencar e Goldberg disseram a Palocci que:
1) Para tentar transferir à PF a investigação que corre em Ribeirão, Palocci deveria usar um instrumento jurídico chamado "reclamação", fazendo esse pedido ao Supremo Tribunal Federal, sob o argumento de que, como ministro, teria direito a foro especial;
2) Não seria possível a PF abrir uma investigação sobre o caseiro somente com base em boatos.

Para a PF, diante das negativas ouvidas, o ministro teria buscado uma forma de colocar o caseiro publicamente sob suspeita. Teria surgido a partir daí a decisão de vazar os extratos bancários de Nildo para a imprensa, no qual estavam registrados depósitos somando R$ 25 mil. Por volta de 19h deste mesmo dia, o site da revista "Época" divulgou os dados bancários do caseiro.

Quase duas horas depois, Goldberg e Alencar se encontraram com o ministro Thomaz Bastos na Base Aérea de Brasília. Afirmam que, nesta ocasião, contaram a ele o acontecido.

A assessoria de imprensa do Ministério da Justiça informou que, no dia 30 de março, Goldberg e Alencar enviaram ofício à PF informando interesse em comparecer voluntariamente para prestar informações relacionadas ao caso. A PF confirma.

Ainda conforme seu depoimento à PF, Goldberg confirmou ter visto a chegada de Mattoso à casa de Palocci, onde também estava presente o jornalista Marcelo Netto, principal assessor de Palocci naquele momento.

Quando depôs na PF, na semana passada, Mattoso disse que foi ao encontro de Palocci para entregar-lhe os extratos bancários do caseiro, obtidos dentro da Caixa Econômica Federal, naquela mesma noite, às 20h58. O secretário de Thomaz Bastos afirma não ter visto os extratos.

A PF pretende indiciar Palocci por participação na violação ilegal do sigilo bancário do caseiro. Os crimes nos quais o ex-ministro deverá ser enquadrado ainda não estão fechados, decisão que dependerá de seu depoimento, previsto para amanhã. Sobre Thomaz Bastos, a PF diz que não há motivos para ouvi-lo agora.

Desde a última sexta-feira, agentes federais tentam, sem sucesso, intimar ex-assessor de Palocci Marcelo Netto para prestar depoimento.

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