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05/04/2006
-
10h00
FREDERICO VASCONCELOS
da Folha de S.Paulo
A Nossa Caixa gastou cerca de R$ 1 milhão para produzir um álbum comemorativo dos 450 anos de São Paulo, em 2004, e R$ 1,6 milhão para campanha e anúncios em rádio e TV associando o banco ao aniversário da cidade.
Esses gastos são questionados nos autos da investigação sobre publicidade e patrocínios da Nossa Caixa, no Ministério Público. Há dúvidas sobre compatibilidade dos preços, aprovação do projeto e autorização das despesas.
O projeto envolveu a produção de um álbum com o trabalho de 45 dos melhores fotógrafos brasileiros. Vindos de vários Estados, eles foram convidados para fotografar a cidade em 24 horas no dia do aniversário de São Paulo.
Hospedados em um hotel da capital, com todas as despesas pagas, eles receberam, segundo os organizadores, "cachê simbólico". O projeto incluiu um seminário com historiadores e uma exposição permanente de fotos.
No depoimento à comissão de sindicância da Nossa Caixa, em julho do ano passado, o ex-gerente de marketing Jaime de Castro Júnior disse que os "grandes patrocínios" do banco --como o Projeto SP-450-- "eram todos coordenados" por Roger Ferreira, então assessor da presidência da Nossa Caixa, na gestão de Valdery Frota de Albuquerque, em 2003.
Há, nos autos, a autorização do gerente de marketing para a criação da logomarca do Projeto-450, no valor de apenas R$ 22,5 mil. Castro Júnior diz que o projeto completo foi desenvolvido por ordem expressa de Ferreira.
O jornalista assessorou a presidência do banco antes de assumir a assessoria especial de Comunicação do governo Geraldo Alckmin. Ferreira foi exonerado, a pedido, no último dia 27, depois da reportagem da Folha revelando o direcionamento de recursos da Nossa Caixa para veículos indicados ou mantidos por deputados estaduais da base aliada.
Entre 88 e 93, Ferreira trabalhou na Folha como repórter e redator. Foi colunista político do jornal "Folha da Tarde", entre 93 e 95.
Castro Júnior disse que o Projeto SP-450 "foi aprovado em reunião da diretoria executiva, em evento na cidade de Embu" e que "não houve a participação das agências de propaganda".
O livro de fotografias sobre São Paulo foi encomendado à Divulgadora Bueno & Bueno, do Rio Grande do Sul, dos irmãos Fernando e Eduardo Bueno.
Eles são sócios na "Buenas Idéias", firma que também prestara serviços à Caixa Econômica Federal, na gestão de Valdery, quando Roger Ferreira chefiava a assessoria de comunicação do órgão federal.
"O convite foi feito diretamente a mim por Valdery Albuquerque, então presidente Nossa Caixa. Eu o havia conhecido quando fiz o livro sobre a outra Caixa, a Federal", diz Eduardo Bueno.
Castro Júnior disse à comissão de sindicância que, depois da aprovação do projeto, em Embu, "passou a racionalizar e negociar as fases do projeto diretamente com a empresa contratada, conseguindo modificar e reduzir vários custos".
Segundo ele, inicialmente previsto para custar R$ 1,5 milhão, o custo final ficou em R$ 800 mil. O banco informou que o preço final ficou em R$ 917 mil.
Nos documentos no Ministério Público, o Projeto-450 é um dos itens nas despesas enquadradas como "irregulares": ou seja, pagamento de valores sem autorização da autoridade competente.
Foram analisados 278 protocolos, no total de R$ 25,3 milhões. Os auditores do banco não teriam encontrado nos arquivos do departamento de marketing "expedientes" que totalizam R$ 5,1 milhões, entre os quais o projeto do aniversário de São Paulo.
Relatório nos autos registra que, no caso dos anúncios de rádio e TV e da campanha dos 450 anos de São Paulo, "não existe memorando autorizando as despesas".
Especial
Leia o que já foi publicado sobre a Nossa Caixa
Nossa Caixa gastou R$ 1 mi em álbum sobre São Paulo
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da Folha de S.Paulo
A Nossa Caixa gastou cerca de R$ 1 milhão para produzir um álbum comemorativo dos 450 anos de São Paulo, em 2004, e R$ 1,6 milhão para campanha e anúncios em rádio e TV associando o banco ao aniversário da cidade.
Esses gastos são questionados nos autos da investigação sobre publicidade e patrocínios da Nossa Caixa, no Ministério Público. Há dúvidas sobre compatibilidade dos preços, aprovação do projeto e autorização das despesas.
O projeto envolveu a produção de um álbum com o trabalho de 45 dos melhores fotógrafos brasileiros. Vindos de vários Estados, eles foram convidados para fotografar a cidade em 24 horas no dia do aniversário de São Paulo.
Hospedados em um hotel da capital, com todas as despesas pagas, eles receberam, segundo os organizadores, "cachê simbólico". O projeto incluiu um seminário com historiadores e uma exposição permanente de fotos.
No depoimento à comissão de sindicância da Nossa Caixa, em julho do ano passado, o ex-gerente de marketing Jaime de Castro Júnior disse que os "grandes patrocínios" do banco --como o Projeto SP-450-- "eram todos coordenados" por Roger Ferreira, então assessor da presidência da Nossa Caixa, na gestão de Valdery Frota de Albuquerque, em 2003.
Há, nos autos, a autorização do gerente de marketing para a criação da logomarca do Projeto-450, no valor de apenas R$ 22,5 mil. Castro Júnior diz que o projeto completo foi desenvolvido por ordem expressa de Ferreira.
O jornalista assessorou a presidência do banco antes de assumir a assessoria especial de Comunicação do governo Geraldo Alckmin. Ferreira foi exonerado, a pedido, no último dia 27, depois da reportagem da Folha revelando o direcionamento de recursos da Nossa Caixa para veículos indicados ou mantidos por deputados estaduais da base aliada.
Entre 88 e 93, Ferreira trabalhou na Folha como repórter e redator. Foi colunista político do jornal "Folha da Tarde", entre 93 e 95.
Castro Júnior disse que o Projeto SP-450 "foi aprovado em reunião da diretoria executiva, em evento na cidade de Embu" e que "não houve a participação das agências de propaganda".
O livro de fotografias sobre São Paulo foi encomendado à Divulgadora Bueno & Bueno, do Rio Grande do Sul, dos irmãos Fernando e Eduardo Bueno.
Eles são sócios na "Buenas Idéias", firma que também prestara serviços à Caixa Econômica Federal, na gestão de Valdery, quando Roger Ferreira chefiava a assessoria de comunicação do órgão federal.
"O convite foi feito diretamente a mim por Valdery Albuquerque, então presidente Nossa Caixa. Eu o havia conhecido quando fiz o livro sobre a outra Caixa, a Federal", diz Eduardo Bueno.
Castro Júnior disse à comissão de sindicância que, depois da aprovação do projeto, em Embu, "passou a racionalizar e negociar as fases do projeto diretamente com a empresa contratada, conseguindo modificar e reduzir vários custos".
Segundo ele, inicialmente previsto para custar R$ 1,5 milhão, o custo final ficou em R$ 800 mil. O banco informou que o preço final ficou em R$ 917 mil.
Nos documentos no Ministério Público, o Projeto-450 é um dos itens nas despesas enquadradas como "irregulares": ou seja, pagamento de valores sem autorização da autoridade competente.
Foram analisados 278 protocolos, no total de R$ 25,3 milhões. Os auditores do banco não teriam encontrado nos arquivos do departamento de marketing "expedientes" que totalizam R$ 5,1 milhões, entre os quais o projeto do aniversário de São Paulo.
Relatório nos autos registra que, no caso dos anúncios de rádio e TV e da campanha dos 450 anos de São Paulo, "não existe memorando autorizando as despesas".
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