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01/10/2000 - 20h40

Eleitores enfrentam até 4 horas de fila para justificar voto no RJ

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RAPHAEL GOMIDE
ANA WAMBIER
da Folha de S.Paulo, no Rio

Eleitores de fora do Rio de Janeiro enfrentaram hoje até quatro horas de filas para conseguir justificar o voto no Estado. A demora foi causada por um esquema malsucedido montado pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Rio.

Em vez de permitir que a justificativa de voto ocorresse em todas as zonas eleitorais, como aconteceu nos demais Estados, o TRE do Rio resolveu separar apenas 315 urnas eletrônicas -de um total de 25.964- para as pessoas com títulos eleitorais de outros Estados.

No bairros do Leblon, Ipanema, Flamengo e na Barra da Tijuca (todos na zona sul), centenas de pessoas formavam filas que dobravam quarteirões.

Cinco freiras da ordem das irmãs Clarissas afirmaram que estavam esperando havia cerca de quatro horas na fila, no Leblon.

"Até tentamos entrar com outras irmãs que chegaram antes, mas não deixaram", afirmou a irmã Andréia Maria, confessando que não resistira a "furar" a fila.

As freiras cumprem voto de silêncio no mosteiro Nossa Senhora dos Anjos. Apesar disso e da longa espera, conversaram animadamente com a Folha.

"Nós podemos falar, mas a nossa missão é rezar. No próprio mosteiro temos o horário de recreio, quando podemos conversar", explicou a irmã Maria Isabel -todas usam "Maria" como nome religioso.

Nem todo mundo demonstrava a mesma paciência das freiras. "Eu estou furiosa", disse a gaúcha Suzana Azevedo.

No meio da tarde, havia aproximadamente 800 pessoas na seção do Leblon. Apenas duas urnas estavam sendo utilizadas e cerca de mil eleitores já haviam justificado os seus votos.

Para a assessoria de imprensa do TRE, a estratégia usada teve o objetivo de garantir aos eleitores do Rio "tranquilidade para votar em seus candidatos".

O corregedor Mário dos Santos Paulo, responsável pela votação no Rio, disse que a maioria dos eleitores que queriam justificar o voto era de migrantes que não se preocuparam em transferir o título de eleitor. Entretanto, o TRE admite que possa mudar o sistema para o segundo turno das eleições. "A gente aprende com os erros."

O número de urnas era o mesmo em Ipanema, bairro vizinho, onde a fila tinha a metade do tamanho. Alguns moradores do Leblon chegaram a se deslocar para a seção de Ipanema com a expectativa de poupar tempo.

"No Leblon, está infernal. Se eu ficasse lá, entraria noite adentro", exagerou Lia Krindges, que mora no Rio há dois anos, mas não transferiu seu título para a capital fluminense.
O corregedor disse ter ordenado, às 13h, que as outras seções do Leblon e Barra da Tijuca destinadas a eleitores do Rio fossem também usadas para justificativas de voto. Até as 15h, entretanto, a seção exclusiva do Leblon continuava a ser a única a receber justificativas de votos no bairro.

No Rio, devido a problemas técnicos, 572 urnas eletrônicas tiveram de ser substituídas em todo o Estado. Outras 17 precisaram ser trocadas por urnas manuais. Havia 3000 urnas eletrônicas reservas para casos de emergência.

O TRE não teve informação de nenhuma prisão no Rio e divulgou apenas alguns casos de detenção. Em Botafogo, zona sul, o candidato a vereador Ivan Pinheiro, do PCB, foi levado para a Polícia Federal por fiscais eleitorais sob a acusação de estar panfletando a menos de 100 metros da zona eleitoral.

No bairro de Duas Pedras, em Nova Friburgo, cerca de 20 carros foram apreendidos pela polícia, por determinação da juíza eleitoral Lígia Carla. Eles estavam abastecendo de graça em um posto e transportavam eleitores para as zonas de votação.

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